E no final, Elon Musk não foi tão genial assim…
A conta para assuntos governamentais do X (Twitter) deu a sua versão para os fatos ocorridos ontem (18), onde os usuários brasileiros foram pegos de surpresa com o retorno do acesso à rede social “do nada”, sem uma decisão judicial que autorizasse o retorno.
Várias perguntas foram levantadas sobre o assunto, onde a principal delas envolvia o mecanismo adotado pelo X para voltar a funcionar no país de forma parcial, já que o acesso foi restabelecido apenas no seu aplicativo oficial.
Para o X, tudo não passou de um “equívoco operacional”.
O que aconteceu? (segundo o X)
O comunicado oficial do X foi publicado na noite do dia 18 de setembro de 2024, e esteve ativo durante o período de disponibilidade temporária da rede social no Brasil.
Existe a possibilidade de, no momento em que você estiver lendo este artigo, o X (Twitter) já esteja bloqueado novamente na internet brasileira (e eu falo mais sobre isso daqui a pouco).
A seguir, o comunicado do X, na íntegra:
“Quando o X foi desligado no Brasil, nossa infraestrutura para fornecer serviço para a América Latina não estava mais acessível para nossa equipe. Para continuar fornecendo serviço ideal para nossos usuários, mudamos de operadora de rede. Essa mudança resultou em uma restauração inadvertida e temporária do serviço para usuários brasileiros.
Embora esperemos que a plataforma fique inacessível novamente em breve, continuamos os esforços para trabalhar com o governo brasileiro para que ela retorne o mais breve possível para o povo brasileiro”
Aqui, é possível concluir três importantes fatos que o comunicado deixa implícito:
- O X se esquiva de vincular o incidente com algo que o próprio Elon Musk tenha idealizado ou ordenado, pois isso poderia, de alguma forma, complicar ainda mais a situação da rede social no Brasil;
- Se confirmado que a infraestrutura do X para América Latina ainda estava no Brasil, significa que o X só fechou os escritórios, mas seguia atuando no país normalmente, corroborando com a tese do judiciário brasileiro;
- É um recuo de Elon Musk e do X, que agora afirma que “continuamos os esforços para trabalhar com o governo brasileiro” quando antes afirmava que não ia obedecer às decisões do nosso judiciário.
No meio dessa confusão toda, está a Cloudflare, serviço de hospedagem e redirecionamento de tráfego web de credibilidade comprovada, com mais de 23 milhões de clientes ao redor do mundo (incluindo o Supremo Tribunal Federal, o TargetHD.net e o oeduardomoreira.com.br).
Alguns produtores de conteúdo de tecnologia chegaram a afirmar que “seria muito mais difícil o bloqueio do X (Twitter) no Brasil”, com o uso da tecnologia de Cloudflare.
E foi exatamente o contrário.
Tão logo a justiça brasileira e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) entraram em contato, a Cloudflare já se prontificou em isolar o tráfego usado pelo X, permitindo que o bloqueio da rede social no Brasil acontecesse sem afetar os demais sites que usam a mesma rede da empresa.
Até porque a Cloudflare é uma empresa séria, comandada por pessoas sérias.
E agora? O que acontece?
O bloqueio do X no Brasil deve ser restabelecido nas próximas horas.
A Anatel reforçou o pedido de suspensão do acesso à plataforma através de uma notificação para 20 mil operadoras, o que expande o bloqueio no território nacional.
Tão logo o Cloudflare realize as alterações que impedem o tráfego do X no Brasil… game over. A rede social volta a ficar inacessível por aqui até segunda ordem.
Lembrando que, neste momento, um dos interesses comerciais de Elon Musk no Brasil é a Starlink, já que existe um contrato ativo desde 2022 para o fornecimento de sua tecnologia de internet via satélite com o governo brasileiro, mais especificamente junto ao Exército.
E Musk não quer perder esse contrato. De jeito nenhum.
Sem falar que o mercado brasileiro é promissor para os carros elétricos, e a Tesla em algum momento deve desembarcar por aqui.
O único grande problema para Musk é que, quando a Tesla chegar, a BYD já terá conquistado um bom terreno, com um grupo considerável de usuários.
De qualquer forma, se este foi um movimento de teste de Elon Musk ou um erro operacional, fica claro que não foi exatamente uma “tacada de mestre” ou “olé no Xandão”, tal e como pregaram de forma exageradamente empolgada alguns produtores de conteúdo de tecnologia.
Dá até para dizer que o movimento reforçou um bloqueio mais amplo da rede social no Brasil, e deixa evidente que havia distorções de narrativa sobre a presença (ou não) do X em nosso país.
E que cada um possa extrair alguns aprendizados deste episódio.