Os resultados financeiros do terceiro trimestre de 2019 alcançados pela operadora Vivo deixa algo muito claro: fazer o cliente pagar a mais resulta automaticamente em lucros. A operadora teve o seu maior crescimento de receita nos últimos três anos por aumentar os preços para o consumidor nos planos de telefonia móvel.
A estratégia não é uma novidade no mercado. A Apple se deu ao luxo de fazer isso por anos com o iPhone, até que o negócio deixou de ser sustentável, e a empresa passou a apostar nos serviços para se manter rentável.
Será que a estratégia semelhante vai funcionar com a Vivo?
O aumento do gasto médio
O gasto médio por usuário da Vivo cresceu 6.4% em um ano. Ou seja, cada usuário da operadora está pagando a mais para manter os seus serviços. Tal aumento ajudou a compensar a redução de 0,8% nos acessos móveis, e faz da operadora a líder no pós-pago, com 57.3% de market share, mesmo perdendo 1.4% de mercado no período.
Por enquanto, a estratégia está funcionando. Mas… até quando?
A grande concorrente da Vivo no pós-pago é a Claro, que liderou o ranking de portabilidade no Brasil.
Por outro lado, o grande forte da Vivo está no segmento de dados (internet móvel), que teve crescimento de 4,6% no período, e ajudou a puxar as vendas de aparelhos (+31,5%) e até mesmo fez aumentar o uso dos serviços de voz (+1,2%).
Resultado: hoje, a Vivo está em 3.190 cidades com cobertura 4G, ou atendendo a 89% das cidades brasileiras (1.096 dessas cidades contam com 4.5G).
A balança ainda se equilibra, mas a concorrência no mercado mobile é pesada (apesar do desaparecimento da Nextel, e de muitos afirmarem que a Oi vai sair da disputa em um futuro a médio prazo). Por enquanto, está funcionando para a Vivo. Mas não dá para saber por quanto tempo.
O que podemos concluir de tudo isso?
Que a vida para o bolso do usuário da Vivo não está fácil, mesmo que a operadora entregue um serviço que, para muitos, é o melhor entre as principais operadoras brasileiras. Se a estratégia de preços mais altos nos planos está funcionando para que a operadora aumente a sua rentabilidade, não existem motivos para que isso mude, pelo menos nesse momento.
Quem sabe em um futuro hipotético, onde o volume de migração de usuários para outras operadoras faça a Vivo repensar sua política. Até lá, pode se preparar para pagar mais caro que as demais, cliente da operadora líder no mercado brasileiro.