Pode não parecer, mas a MWC 2021 está acontecendo neste exato momento em Barcelona (Espanha). Porém, a feira de mobilidade que decidiu ser presencial em um momento onde as coisas ainda não estão no chamado “novo normal” está tão vazia, que a principal novidade até agora no evento é uma camiseta da ZTE que tem 5G.
Resultado: a MWC 2021 é um grande fracasso. Corredores vazios, poucos fabricantes de peso (Samsung, Xiaomi, Sony, Nvidia, TCL, LG, Nokia, Lenovo, Google, Amazon, Huawei e Qualcomm não estão presentes) e, pela primeira vez, nada de novos smartphones no evento.
A pergunta que fica é: por que insistiram nesse erro?
O que foi possível ver na MWC 2021?
Vale lembrar que a MWC 2019 bateu recordes de participantes, e o contraste com a edição 2021 não poderia ser maior. É claro que todo o cenário de momento ajuda a explicar com certa facilidade por que o evento desse ano está esvaziado. O que não entendemos é por que a GSMA decidiu insistir em um plano que tinha tudo para dar errado…
…tal e como deu errado.
Dificilmente a expectativa de 35 mil visitantes vai se cumprir para a MWC 2021. E a feira em si não ajuda: seu tamanho é equivalente a 10% do que ela foi no passado, e sem as grandes marcas de tecnologia, quem é que vai querer participar do evento?
De 2.400 expositores em 2019, a MWC 2021 conta com apenas 300 marcas. De oito pavilhões, temos apenas dois. E a dificuldade para colocar pessoas (e não digo nem encher as áreas) é enorme.
Ao menos existe uma boa notícia diante desse cenário de fracasso de público: o distanciamento social oferecido pela MWC 2021 é o maior possível, e os protocolos sanitários podem ser cumpridos de forma perfeita em todos os aspectos. Você está mais seguro andando pelos pavilhões do evento do que nas ruas de qualquer cidade.
Os stands estão bem separados, e os assentos e mesas contavam com uma distância boa o suficiente para manter a segurança dos presentes. E, mesmo assim, foi difícil encher alguma parte do pavilhão.
Em termos práticos, a única grande empresa de telefonia presente na MWC 2021 é mesmo a ZTE, que não está na lista das maiores do planeta. Do mais, empresas de telefonia do continente e marcas menores que estão relacionadas ao mundo da mobilidade, mas não necessariamente da telefonia móvel.
O cenário geral é considerado chocante. Em horários onde as filas eram quilométricas e jornalistas se acotovelavam para acompanhar as apresentações, os locais estavam completamente vazios. O caos deu lugar para a calmaria.
Os grandes eventos ou conferências foram substituídos por conversas com diferentes CEOs convidados pela organização. E os produtos considerados comerciais ou para o consumidor final simplesmente desapareceram da feira.
E o grande lançamento da MWC 2021 até agora foi a tal camiseta da ZTE que oferece conectividade 5G. Fora isso, as startups podem comemorar, pois ganharam mais espaço e visibilidade do que nunca.
Para fazer assim… valeu a pena?
Entendo que a GSMA vai aprender várias e preciosas lições com a MWC 2021. Para realizar um evento esvaziado e que não vai despertar o interesse da imprensa e do grande público (seja porque os grandes fabricantes decidiram desistir da feira, seja porque o medo ainda está muito presente), era melhor realizar mais uma edição virtual do evento.
Porém, como a GSMA entende que não podia pagar mais um ano de enormes prejuízos pela não realização do evento, temos como resultado uma MWC esvaziada, sem prestígio e com ausência de smartphones.
Se é para fazer desse jeito, é melhor não fazer. Definitivamente.