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Trump dá mais 75 dias para o TikTok nos EUA

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Em uma decisão que impacta milhões de usuários americanos, o presidente Donald Trump estendeu o prazo para a venda das operações do TikTok nos Estados Unidos por mais 75 dias.

A medida, anunciada através de sua rede social Truth Social, evita temporariamente que o aplicativo seja banido no país, estabelecendo um novo prazo que se estenderá até meados de junho.

E temos aqui mais um capítulo de uma novela que, aparentemente, está longe de chegar ao fim, já que Trump agora tem mais interesses na manutenção da plataforma nos Estados Unidos do que demonstrava no seu primeiro mandato.

 

A batalha pela permanência do TikTok em território americano

Esta não é a primeira intervenção de Trump em favor do aplicativo chinês. Em janeiro deste ano, o TikTok chegou a ficar inacessível por aproximadamente 14 horas nos EUA, até que o presidente emitiu uma ordem executiva concedendo um período adicional de 75 dias para negociações. Agora, com o vencimento desse prazo inicial, Trump optou por uma nova prorrogação.

A obrigatoriedade da venda das operações americanas do TikTok está fundamentada em uma legislação aprovada em abril de 2024, durante a administração de Joe Biden. A Lei de Proteção aos Americanos de Aplicações Controladas por Adversários Estrangeiros estabelece restrições a redes sociais controladas por países considerados adversários dos Estados Unidos.

As autoridades americanas acusam a China de utilizar o TikTok como ferramenta de espionagem contra cidadãos do país.

Em sua comunicação sobre a prorrogação, Trump afirmou que sua administração tem trabalhado intensamente em um acordo para preservar o funcionamento do TikTok. “O acordo exige mais trabalho para garantir que todas as aprovações necessárias sejam assinadas. Estamos ansiosos para trabalhar com o TikTok e a China para fechar o negócio”, declarou o presidente.

 

Potenciais compradores e o complexo cenário de negociação

O mercado tem acompanhado com interesse o surgimento de diversos potenciais compradores para as operações americanas do aplicativo. Entre os nomes mais citados estão grandes empresas de tecnologia como Oracle, Amazon, Walmart e Applovin, além de gestoras de investimentos como a Blackstone e empreendedores como Alexis Ohanian, cofundador do Reddit.

A ByteDance, empresa chinesa proprietária do TikTok, confirmou estar em conversações com o governo americano para encontrar uma solução, mas ressaltou que nenhum acordo foi finalizado até o momento.

Em comunicado oficial, a empresa destacou:

“A ByteDance está em discussão com o governo dos EUA sobre uma possível solução para o TikTok nos EUA. Um acordo não foi executado. Há questões fundamentais a resolver.”

Um aspecto crucial dessas negociações é que qualquer venda precisará ser aprovada não apenas pelos reguladores americanos, mas também pelo governo chinês, seguindo a legislação daquele país. Esta exigência adiciona uma camada extra de complexidade ao processo, especialmente considerando as atuais tensões comerciais entre as duas potências.

 

Guerra tarifária e suas implicações nas negociações

O contexto das negociações sobre o futuro do TikTok nos EUA está intrinsecamente ligado à guerra comercial entre Estados Unidos e China. Recentemente, o governo Trump implementou novas tarifas sobre produtos chineses, elevando a taxa total para 54%, um aumento significativo em relação aos 2% anteriores.

Em suas declarações, Trump sugeriu a possibilidade de reduzir essas tarifas caso o governo chinês facilite o acordo de venda do TikTok:

“Esperamos continuar trabalhando de boa fé com a China, que eu entendo que não está muito feliz com nossas tarifas recíprocas. Isso prova que as tarifas são a ferramenta econômica mais poderosa e muito importante para nossa segurança nacional.”

Fontes próximas às negociações indicaram que as partes estavam próximas de um acordo esta semana, até que o governo chinês sinalizou que não aprovaria a transação sem discussões adicionais sobre comércio e tarifas, demonstrando como questões geopolíticas mais amplas influenciam o destino do aplicativo.

 

Reações políticas e questões legais em torno da decisão

A decisão de Trump de estender unilateralmente o prazo gerou reações diversas no cenário político americano. Alguns legisladores republicanos, como os membros do Comitê Seleto da Câmara sobre a China, manifestaram preocupação com a proteção dos dados de usuários americanos, afirmando que:

“Qualquer resolução deve garantir que a lei dos EUA seja seguida e que o Partido Comunista Chinês não tenha acesso aos dados dos usuários americanos ou a capacidade de manipular o conteúdo consumido pelos americanos”.

Por outro lado, críticos como o senador democrata Mark Warner questionaram a eficácia de qualquer acordo que não retire o controle do algoritmo das mãos de Pequim. “A coisa toda é uma farsa se o algoritmo não sair das mãos de Pequim”, declarou Warner.

Alguns especialistas jurídicos e legisladores, incluindo o senador Ed Markey, argumentam que as extensões unilaterais de Trump são ilegais e colocam empresas de tecnologia em uma posição delicada, forçando-as a escolher entre arriscar penalidades legais significativas ou remover o TikTok de suas plataformas.

A situação atual deixa em aberto importantes questões sobre segurança nacional, liberdade de expressão e as complexas relações comerciais entre Estados Unidos e China. Enquanto isso, milhões de usuários e criadores de conteúdo americanos aguardam ansiosos por uma resolução que permita a continuidade do aplicativo no país.


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