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TikTok ou Tratado de Versalhes 2.0: como Donald Trump “salvou” (por enquanto) o aplicativo de dancinhas

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Para os 170 milhões de usuários do TikTok nos Estados Unidos, a manhã de 19 de janeiro de 2025 foi indigesta. Nada de danças virais. No lugar, uma mensagem seca, mais cruel que spoiler de série no Twitter: “Desculpe, o TikTok não está disponível neste momento”.

Era oficial.

A tal “Lei de Proteção Americana contra Aplicações Controladas por Adversários Estrangeiros” tinha feito o que nem os vídeos de coreografias mal ensaiadas conseguiram: unir conservadores e progressistas num colapso digital coletivo nos EUA.

Pena que durou pouco.

A expulsão não foi além de 12 horas.

 

Como Donald Trump “salvou” (por enquanto) o TikTok?

A queda do TikTok era a crônica de uma morte anunciada, como aquela novela mexicana que você sabe que vai acabar em tragédia, mas não consegue parar de assistir.

Desde que Joe Biden assinou a legislação no ano passado, a ByteDance, dona do aplicativo, foi transformada numa espécie de Rocky Balboa, mas sem a trilha sonora inspiradora ou um treinador de jaqueta de moletom.

Eles tentaram de tudo. Chegaram ao ponto de levar o caso à Suprema Corte, aludindo à Primeira Emenda como se fosse o Santo Graal dos argumentos jurídicos.

Mas, como se estivessem participando de um julgamento, esperando um plot twist digno de um episódio de “Law & Order”, perderam feio.

A cereja do bolo foi que Donald Trump, que assume hoje a presidência pela segunda vez (sim, você leu certo), já começou a causar rebuliço antes mesmo de esquentar a cadeira no Salão Oval.

Pouco depois das 22h30 ET, quando a maioria do povo estava debatendo teorias da conspiração no Telegram, veio o anúncio bombástico: o TikTok estava “em processo de restauração do serviço”.

E, pasme, o motivo foi um surpreendente acordo entre Trump e o aplicativo.

Trump, em sua nova versão “pacificador digital”, decidiu que o TikTok merece uma segunda chance. Afinal, segundo ele, o aplicativo era mais que apenas adolescentes dançando ao som de músicas de 15 segundos.

Era o palco onde pequenos negócios prosperavam e onde as tias descobriam filtros de beleza para parecerem 20 anos mais novas.

Numa jogada que misturava “O Aprendiz” com “House of Cards”, Trump garantiu que nenhum provedor de serviços enfrentaria sanções por trabalhar com o TikTok. Era a Primeira Emenda sendo usada como escudo contra o cancelamento digital.

 

TikTok começa a se curvar para Trump

O CEO do TikTok, Shou Zi Chew, aproveitou para se mostrar mais agradecido que um influenciador recebendo mimos de marca.

Em comunicado oficial, ele basicamente transformou Trump em um herói improvável, dizendo que o TikTok estava disposto a trabalhar lado a lado com o novo presidente para uma solução de longo prazo.

E como não podia faltar um toque de ironia, ele ainda confirmou presença na posse presidencial. Porque nada diz “parceria” como um CEO de aplicativo chinês sentado na plateia enquanto Trump faz seu discurso de retorno triunfal.

Mas não se engane. Apesar de todo o espetáculo, o futuro do TikTok nos Estados Unidos continua mais incerto que final de reality show.

A ByteDance ainda precisa encontrar um comprador, e o prazo de 90 dias concedido por Trump é apenas um adiamento da novela.

Ou seja, não é exatamente o que a empresa chinesa queria, já que ela não pretende vender o aplicativo. Mas é melhor do que nada.

Ou muito pior do que ficar fora do ar nos EUA e não faturar um centavo sequer em publicidade ou outros serviços atrelados.

Até lá, os influenciadores americanos terão que decidir se migram para outras plataformas ou se abrem um OnlyFans para ensinar coreografias.

Se isso é um prenúncio de tempos melhores ou apenas uma pausa antes de outra reviravolta judicial, só o tempo — e o algoritmo — dirá.


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