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Thunderbolts*: um bom “recomeço”

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O relacionamento da Marvel Studios com a sua audiência está em fase de “separação de corpos”. Está todo mundo cansado da fórmula padrão dos filmes de heróis, e o estúdio não se ajuda, alternando entre sucessos e fracassos.

“Deadpool & Wolverine” deu a deixa de como deveria ser a Marvel daqui para frente nos cinemas. Mas aí vem “Capitão América: Admirável Mundo Novo” e nos lembra que esse multiverso é uma bagunça.

Bom… agora temos “Thunderbolts*”, e uma Marvel no estilo A24 pede uma segunda chance para consertar o futuro do MCU.

 

Florence Pugh… eu te amo

Muitos entenderam que “Thunderbolts*” seria a versão Marvel de “Esquadrão Suicida” da DC (aquele primeiro filme que nos enganou com um trailer ao som de Queen), algo que, graças a Deus, passa bem longe de ser.

Ele lembra um “Missão: Impossível” com a essência da Fase 1 do MCU. Tem vários toques de “Os Vingadores” na sua narrativa, especialmente pela história se passar em Nova York.

É um filme competente no entretenimento, e entrega algo raro nos últimos lançamentos do MCU: um plano claro e coerente.

Que está totalmente escorado no novo rosto da Marvel Studios.

Florence Pugh esbanjou potencial em “Viúva Negra” e “Hawkeye”, e assume o protagonismo de “Thunderbolts*” de forma indiscutível.

Ela rouba a cena com competência, carregando o peso da narrativa. Suas melhores cenas são em momentos em que ela alterna entre uma assassina de aluguel e uma menina entediada e depressiva.

E faz isso de forma empática. Você se importa com ela.

O começo do filme está centrado nela, entregando a ação bem executada com humor eficiente. E o desenvolvimento da trama (e sua conclusão, bem diferente do esperado) mostram que Pugh tem motivos de sobra para ser o chamariz do novo público e, ao mesmo tempo, manter quem a Marvel não perdeu nos últimos anos.

 

Entre o velho e o novo

É claro que “Thunderbolts*” abraça a abordagem mais convencional, que explora as diferenças entre seus personagens, de forma muito parecida com o que vimos no primeiro “Os Vingadores”.

O roteiro trabalha com as naturezas ambíguas dos personagens, suas motivações, decepções, perdas e traumas. Mas evita riscos maiores em não se aprofundar tanto quanto poderia nesses temas.

Aqui, é uma Marvel Studios que deu a liberdade para contar a história de “Thunderbolts*”, mas que limitou o potencial máximo da narrativa para controlar a qualidade da história que será contada.

Ou o puro medo do Kevin Feige de que tudo desmorone, tal e como aconteceu com vários dos últimos filmes do MCU.

“Thunderbolts*” funciona essencialmente como um filme de transição para a Marvel, reunindo elementos das Fases 4 e 5 e oferecendo uma visão necessária entre personagens que, até então, eram (em sua maioria) um grande ‘nada’ para a audiência.

O diretor Jake Schareir tenta resgatar parte da “ingenuidade” dos primórdios da Marve Studios, mas combina esse aspecto com a seriedade e a profundidade de temas como saúde mental e depressão.

É um passo inicial na recuperação da conexão com o público que, de 2008 para cá, envelheceu a ponto de se relacionarem mais com histórias mais maduras do que essa infantilidade do filme de herói padrão que, sinceramente, ninguém liga mais.

 

Entre altos e baixos

As grandes virtudes de “Thunderbolts*” estão na sua estrutura bem amarrada no roteiro, na dinâmica eficiente entre os seus personagens e na manutenção do entretenimento ao longo de 2h15 de filme.

Por outro lado, o filme está em uma escala reduzida para uma produção estrategicamente importante para a Marvel Studios, algo compreensível até mesmo pelo seu contexto urbano. Para alguns, ele se aproximou demais do “mais um filme padrão da Marvel”, mesmo evitando algumas armadilhas de narrativa das produções recentes.

Resta saber se a coerência narrativa de “Thunderbolts*” é uma coincidência isolada ou se estamos diante de um real início de uma nova fase do MCU nos aspectos criativos.

E é aqui que a missão de “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” se torna ainda mais complicada.

Se o filme dos 4 for uma nota 4 junto ao público e crítica, fica evidente que a crise criativa da Marvel Studios continua, o que é péssimo para “Vingadores: Doomsday”, que terá que se salvar com Robert Downey Jr. colocando o seu prestígio em jogo para carregar um filme inteiro nas costas.

Os fãs estão bem menos tolerantes aos erros. E a Marvel precisa estabelecer um caminho sólido para recuperar seu prestígio.

“Thunderbolts*” demonstra potencial nesse sentido, mas não é garantia alguma de que o acerto continua no próximo filme.

É indiscutível que “Thunderbolts*” é muito melhor que a média entregue pela Marvel nos últimos anos.

Mas pode não ser o suficiente para reconquistar o amor incondicional dos fãs.


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