Bob Iger dá mais uma pedrada metafórica na cara de Bob Chapek.
O CEO da Disney reforçou a necessidade de uma profunda reformulação na abordagem criativa do conglomerado de entretenimento. Após anos de produção acelerada, especialmente no universo cinematográfico Marvel, a empresa agora prioriza a excelência das produções em detrimento do volume de lançamentos.
É sempre importante lembrar que o principal responsável pela saturação de lançamentos da Marvel Studios (e respectivo cansaço dos fãs do MCU) foi Bob Chapek, que transformou a divisão comandada por Kevin Feige em uma máquina industrial de porcarias inassistíveis.
E que fique claro: Iger voltou para o comando da Disney para, inclusive, salvar a pele de Kevin Feige, que quase foi mandado embora por Chapek, de acordo com os rumores da época.
Marvel Studios tenta recuperar o prestígio
A Marvel Studios está tentando, com muitas dificuldades, voltar para a sua era de ouro. E recuperar o prestígio junto aos fãs está passando bem longe de ser uma tarefa fácil.
Desde o fenômeno “Vingadores: Ultimato” em 2019, os resultados da Marvel nos cinemas se tornaram inconsistentes. Coincidência ou não, foi nessa época que a era de desgraça do Bob Chapek começou.
Mesmo com filmes acima da média no meio do caminho como “Deadpool & Wolverine”, “Guardiões da Galáxia Vol. 3” e “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa”, a instabilidade criativa dos filmes das últimas duas fases da Marvel destoou de forma gritante da fórmula vencedora dos primeiros 10 anos
O lançamento recente de “Thunderbolts*” marca o que Iger descreve como “o primeiro e melhor exemplo” da nova filosofia corporativa da Disney.
Com arrecadação inicial de 76 milhões de dólares nos Estados Unidos (e mais de 160 milhões ao redor do mundo), o filme representa o ponto de partida para uma estratégia renovada, onde a qualidade narrativa e a execução técnica superam a preocupação com a quantidade de produtos disponibilizados anualmente nas salas de cinema.
Reconhecer o erro e corrigir a rota
Durante uma importante teleconferência com investidores, o executivo-chefe da Disney não hesitou em abordar os equívocos estratégicos recentes.
Palavras de um franco e transparente Bob Iger:
“Todos sabemos que, em nossa ânsia de inundar nossa plataforma de streaming com mais conteúdo, recorremos a todos os nossos mecanismos criativos, incluindo a Marvel, e pedimos que produzissem muito mais.”
A autocrítica (que, na verdade, é uma pedrada na cara do Bob Chapek – já que a estratégia fracassada foi estabelecia por ele, e não por Iger) prosseguiu quando o executivo reconheceu que a corporação “aprendeu ao longo do tempo que a quantidade não implica necessariamente qualidade”.
Iger admitiu que ocorreu uma perda significativa de foco criativo durante o período de produção acelerada, comprometendo a integridade artística que historicamente caracterizou as produções da empresa.
É claro que toda a fala de Iger ressoou entre acionistas da Disney e fãs da Marvel Studios.
Não só a estratégia de produção acelerada comprometeu a qualidade dos filmes e séries do MCU. Toda a complexidade logística do processo e até mesmo a pandemia jogaram contra a Disney nos últimos anos.
Obviamente, ninguém previu a maior crise sanitária global dos últimos 100 anos. Mas nem mesmo todos os melhores recursos disponíveis para que os profissionais criativos trabalhassem em casa evitou que o MCU entregasse resultados abaixo da média, em todos os aspectos.
Problemas de roteiro e pós-produção se tornaram evidentes. A queda de qualidade no CGI foi gritante. E filmes como “Viúva Negra” e “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” (que foram produzidos durante a era Bob Chapek) são símbolos máximos dessa falência da Marvel Studios.
A solução proposta por Iger envolve uma consolidação estratégica dos recursos criativos, especialmente na divisão Marvel, visando elevar o padrão qualitativo das produções.
“Ao consolidar um pouco e a Marvel focar muito mais em seus filmes, acreditamos que o resultado será de melhor qualidade”, explicou o CEO, mencionando “Thunderbolts*” como exemplo concreto desta nova abordagem que promete revitalizar o portfólio da companhia.
O futuro é promissor (na opinião do Iger)
A Disney como um todo está passando por problemas para alcançar sucessos sustentáveis nas bilheterias globais nos últimos anos. Mesmo assim, Iger é otimista sobre o futuro a curto prazo.
O executivo está convicto de que os próximos 18 meses poderão igualar o histórico ano de 2019, quando o estúdio estabeleceu um recorde de US$ 11,12 bilhões em arrecadação mundial – a maior marca já alcançada por qualquer estúdio cinematográfico.
A aposta faz sentido, considerando o contexto do todo, e o catálogo de lançamentos programados sustenta o otimismo teórico do executivo.
Nos próximos 18 meses (começando pelo mês de maio de 2025), a Disney vai estrear algumas produções muito aguardadas pelos fãs, como o “Lilo & Stitch”, “Zootopia 2”, “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” e “Avatar: Fogo e Cinzas”, todos previstos para estrear ainda este ano.
O conjunto diversificado de títulos representa uma aposta calculada na recuperação da excelência criativa e comercial.
“Estou muito confiante nos próximos filmes”, declarou Iger, ampliando a expectativa para produções subsequentes que incluem “The Mandalorian and Grogu”, “Vingadores: Doomsday” e “Toy Story 5”, todos com lançamento previsto para 2026.
É o tempo que vai dar razão ou não para Bob Iger. Mas ao menos ele está bem ciente da raiz do problema da Disney. E esse é o primeiro passo para uma solução efetiva.
Via InvestNews