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Só a Geração X sabe usar mouse e teclado. E está tudo bem!

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A ideia de que a Geração Z nasceu com uma conexão inata com a tecnologia é amplamente disseminada, mas beira à fake news. É fruto de um preconceito estabelecido, combinado com uma incapacidade de olhar para dentro de si mesmo.

É um pensamento que falha em considerar a diversidade de experiências tecnológicas dos diferentes grupos etários. A Geração Z é fluente em aplicativos e dispositivos móveis, mas isso não se necessariamente em habilidades técnicas mais avançadas, como instalar impressoras ou usar atalhos de teclado.

O que acontece é que essa generalização cria expectativas irreais e estigmatiza as gerações mais jovens quando essas habilidades não estão presentes.

E o mais importante: não leva em consideração que as gerações Y, Millennial e Boomer também não sabem usar um computador direito.

Só a Geração X (por sinal, a minha) se salva neste aspecto.

 

É só comparar as diferentes gerações

A Geração Z cresceu em um mundo dominado por interfaces móveis e dispositivos de toque, o que moldou sua interação com a tecnologia.

Ferramentas como PCs e impressoras, mais comuns em ambientes corporativos ou educacionais tradicionais, não são prioritárias para muitos dos jovens de hoje. E isso é algo absolutamente normal.

É claro que toda essa desconexão com tecnologias corporativas ou educacionais gera dificuldades em contextos que ainda dependem dessas tecnologias, como os diversos segmentos profissionais que ainda precisam de um computador para trabalhar.

Por outro lado, essa mesma dificuldade dos jovens em utilizar mouse e teclado deve ser encarada muito mais como uma questão de contexto do que de competência (ou falta dela).

As gerações anteriores também enfrentaram dificuldades com a tecnologia em sua época, só que não falam sobre isso pelo orgulho ou por amnésia seletiva.

Muitos millennials aprenderam a usar PCs e sistemas operacionais devido a necessidades específicas, mas isso não significa que todos se tornaram especialistas. Pelo contrário: conheço várias pessoas que hoje contam com 20 e poucos anos de idade me procurando para fazer coisas simples no computador.

E os boomers então?

Muitos daqueles que nasceram de 1950 para frente tiveram que lidar com a introdução de computadores no trabalho, enfrentando desafios semelhantes aos da Geração Z hoje.

De novo: não falam sobre isso porque é mais fácil criticar o neto que não sabe digitar uma receita de bolo ou aquela oração que a vovó achou bonita para publicar no grupo do ZapZap.

 

Uma tecnologia pouco intuitiva

Dos anos 80 para frente, a usabilidade dos computadores só melhorou. Mesmo assim, usar um PC pode ser pouco intuitivo para um grupo enorme de pessoas.

Mensagens de erro codificadas, configurações complexas e terminologias técnicas ainda confundem usuários de todas as idades. A promessa de simplicidade tecnológica muitas vezes esbarra na realidade de interfaces e sistemas que exigem aprendizado prévio.

Por mais fácil que seja usar o Windows, o Linux ou o macOS, todo e qualquer sistema operacional para computadores exige uma curva de aprendizado.

E não é todo mundo que acha essa curva algo suave.

Sem falar que as habilidades mais funcionais como como o uso de atalhos de teclado raramente são ensinadas formalmente, deixando muitas pessoas, independentemente da geração, sem essas ferramentas que aumentam a praticidade de uso no equipamento.

A aprendizagem baseada em tentativa e erro também está diminuindo, à medida que dispositivos móveis substituem PCs como principal meio de acesso à tecnologia, eliminando a necessidade de interagir com essas funções.

Com o smartphone, você faz tudo de forma muito direta. Basta tocar em um ícone e pronto: o aplicativo abre de forma imediata.

Antes, você precisava ir até o menu Iniciar, acessar Programas, depois Jogos e, finalmente, abrir o Paciência.

Ninguém tem esse trabalho nos dias de hoje.

 

Reavaliando o valor das habilidades tecnológicas

 

Precisamos reavaliar a importância em saber usar o teclado ou mouse, usar atalhos na área de trabalho ou instalar uma impressora. Tais procedimentos não são tão relevantes para a grande maioria dos usuários.

Saber realizar essas tarefas não é sinônimo de habilidade tecnológica. Com a evolução constante, o indispensável de hoje pode se tornar o obsoleto de amanhã.

Logo, vale a pena evitar julgamentos geracionais. Em vez disso, fomentar uma visão mais inclusiva e adaptativa sobre o aprendizado tecnológico é algo muito mais útil e empático.

O ambiente onde cada geração desenvolveu suas habilidades tecnológicas é determinante para definir seus conhecimentos e a própria capacidade de uso dos dispositivos de tecnologia.

Enquanto a Geração Z é moldada por aplicativos sociais e dispositivos móveis, os millennials e boomers foram expostos a PCs e sistemas operacionais com foco no trabalho ou na educação. Essa diferença explica as lacunas de conhecimento entre gerações sem atribuir culpa ou inferioridade.

A tecnologia sempre vai refletir as necessidades culturais e sociais do seu tempo. Enquanto impressoras e atalhos de teclado foram essenciais em determinado período, o contexto atual valoriza habilidades como edição de vídeo em aplicativos móveis ou gestão de plataformas sociais.

Afinal de contas… quem é que usa uma impressora em pleno 2024? Ou em 2022, que seja? Ainda mais para imprimir informações sensíveis…

Já podemos fazer piada sobre isso?

Enfim, a Geração Z demonstra sua expertise nas áreas que correspondem ao seu tempo, mas isso não significa que não possam aprender habilidades de outras gerações quando necessário.

E… pode ter certeza: a Geração Z é muito mais habilidosa com a tecnologia moderna do que nós, que passamos a vida inteira digitando em teclados e instalando sistemas operacionais nos computadores da família ou do trabalho.

Hoje, qualquer pessoa pode instalar ou concluir a configuração do Windows tão logo liga o computador pela primeira vez.


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