A Electronic Arts (EA) está pedindo, não é possível.
De um modo geral, toda a indústria de jogos de videogames, incluindo a EA (obviamente), demonstra um enorme desrespeito com os jogadores através de práticas antiéticas.
Não é por acaso que essa empresa é odiada por muitos gamers pelo comportamento nefasto. Mas agora, com essa ideia de inserir publicidade em seus jogos, ela consegue se superar.
E eu mal posso esperar para ver a reação dos jogadores diante dessa decisão.
Show me the money
O objetivo principal da EA com sua estratégia comercial não é outro que não seja o lucro, muitas vezes acima da qualidade do produto final.
Essa filosofia comercial se manifesta através de práticas como:
- Fechamento de estúdios.
- Demissões por discordância de modelos de negócio questionáveis.
- Implementação de loot boxes.
- Lançamento de jogos incompletos.
A EA se destaca como uma das empresas que mais representam esse capitalismo selvagem nos jogos dos videogames, irritando gamers de todo o mundo.
A ambição desmedida por lucro leva à perversão do produto final, com o desenvolvimento de jogos incompletos, com bugs e microtransações abusivas.
A empresa já foi muito criticada no passado pelo seu comportamento, e voltou a ganhar os holofotes pelo pior motivo ao anunciar a implementação de publicidade em jogos AAA.
É óbvio que os jogadores não gostaram disso. A primeira tentativa de inserção de anúncios de publicidade aconteceu em UFC 4, e a atitude gerou grande insatisfação entre os usuários.
Como consequência disso, a EA teve que remover os anúncios do jogo.
Até porque…
…isso aqui é um insulto!
A EA pretende inserir publicidade em jogos AAA, que já são caros por natureza. Pagar US$ 60 por jogo não é para todo mundo, e o CEO dessa máquina de explorar gamers ainda quer cobrar US$ 70 por título.
Absurdo.
Essa decisão (de exibir publicidade nos jogos) aumenta a monetização à custa da experiência do jogador, e não é a primeira vez que a EA flerta com essa iniciativa. Em 2020, a empresa tentou a mesma coisa, e voltou atrás na decisão por conta da grande rejeição da comunidade.
Mas a EA, ao que parece, está ignorando o feedback negativo dos jogadores e insiste na ideia da publicidade, demonstrando um claro desrespeito pelo público que a sustenta.
Em resposta a investidores que questionaram sobre o assunto, Andrew Wilson, CEO da EA, disse o seguinte:
“Em termos de publicidade, acho que ainda é cedo. Ao longo da nossa história, estivemos muito atentos à publicidade no contexto das nossas experiências de jogo. Mas, novamente, quando pensamos nos bilhões de horas que passamos jogando, criando, assistindo e nos conectando, e quanto desse engajamento ocorre dentro dos limites de uma experiência de jogo tradicional, nossa expectativa é que a publicidade tenha a oportunidade de ser um impulsionador significativo de crescimento para nós.
Vamos ter isso em mente, mas agora temos equipes internas analisando como fazer implementações cuidadosas de nossas experiências de jogo. Mas, mais importante, à medida que começamos a construir comunidades e aproveitar o poder da comunidade além dos limites de nossos jogos, como pensamos na publicidade como um impulsionador de crescimento nesses tipos de experiências?”
A impressão que fica é que tem gente muito burra dentro da EA, já que a empresa não aprendeu com os erros do passado e insiste na repetição dessa fórmula. E isso já pode estar se voltando contra a própria empresa (e ela nem percebe).
Em paralelo a tudo isso, as redes P2P (peer-to-peer) vivem um momento de grande popularidade. Essa ascensão pode estar relacionada ao descontentamento com as práticas da indústria de jogos como um todo.
Quem usa o P2P possui uma alternativa tecnicamente mais justa e democrática para os jogadores. Se a indústria dos games não entender (de uma vez por todas) que priorizar o lucro no lugar da qualidade é um erro grosseiro, pode comprometer como um todo o setor.
A culpa não é do usuário, pode ter certeza disso. Ninguém aguenta mais pagar caro por jogos que não agradam.
Aliás, tais medidas ajudam a explicar por que os jogos de 9 anos atrás são os mais jogados hoje.
É fácil entender por que os novos jogos são ignorados.