A Samsung apresentou na última edição do seu evento Unpacked a nova família de relógios inteligentes Galaxy Watch6, que chegou para fazer companhia para os novos smartphones dobráveis Galaxy Z Flip5 e Galaxy Z Fold5, e também para os novos tablets da série Galaxy Tab S9. E isso você já sabe, porque acompanhou os posts do blog falando desses lançamentos.
Uma coisa que poucos produtores de conteúdo comentaram sobre os novos relógios e o fato de a Samsung ter abandonado o sistema operacional Tizen para adotar o sistema Wear OS 3 do Google em versão personalizada, altamente inspirado na One UI.
Essa mudança representa um salto importante para a Samsung, que agora é o principal defensor do Wear OS, ficando acima até mesmo do tão esperado Pixel Watch do Google.
Quais são as consequências dessa decisão para o mercado de smartwatches e para as nossas vidas práticas?
Samsung pode salvar o Wear OS
A transição do Tizen para o Wear OS representa uma mudança drástica no software dos relógios Samsung, e os usuários dessa marca sentirão as consequências de forma direta ou indireta.
O Tizen era um sistema operacional com boas ideias, mas tornou conhecido pelo grande público por ser uma camada pesada sobre o Android, o que impactava na fluidez do software e dificultava a implementação de novas funções.
Agora, com o Wear OS 3, a empresa promete uma experiência mais suave e integrada, trazendo a aguardada renovação generacional e recuperando o icônico design dos relógios Classic.
Algo que se materializou nas duas versões, inclusive com a adoção da nomenclatura Classic em um dos modelos, algo que não seria possível com a manutenção do Tizen nesses relógios.
Enquanto o Wear OS 4 é aguardado para o futuro, a Samsung fez uma aposta certeira com o Wear OS 3, tornando-se a pioneira na adoção do novo sistema operacional para smartwatches. Essa jogada estratégica pode posicionar os novos Galaxy Watch6 como os verdadeiros salvadores do Wear OS.
É só parar para pensar com um pouco de racionalidade: a Samsung possui muitos usuários que estão construindo um ecossistema de produtos da marca, baseado na experiência de uso que esses mesmos dispositivos oferecem.
E para quem já tem um computador e um smartphone dos sul-coreanos, investir dinheiro para comprar um relógio inteligente do mesmo fabricante não é um passo tão distante ou ousado para alguns consumidores.
Os contrates com o Pixel Watch
Outro ponto que joga a favor da Samsung esbarra com um dos seus concorrentes dentro do segmento de relógios inteligentes: o Pixel Watch do Google.
A gigante de Mountain View tem como hábito restringir a disponibilidade de alguns dos seus produtos. Os consumidores brasileiros sabem muito bem disso, pois comprar alguns produtos Google no Brasil passa bem longe de ser uma tarefa fácil.
E o Pixel Watch entra nessa regra: o produto não está oficialmente disponível para compra no Brasil, e isso faz com que outros fabricantes aproveitem essa oportunidade para capitalizar em cima dos clientes interessados nesse produto.
Já a Samsung apresenta os seus novos relógios em praticamente todos os mercados globais. E esse contraste entre os sul-coreanos e a gigante de Moutain View gera críticas e questionamentos sobre a estratégia do Google para seus produtos.
Com a chegada do Wear OS 4 no Galaxy Watch6, temos um caminho muito bem pavimentado para uma eventual tentativa de expansão de mercado para a Samsung, além de ser um excelente momento de engajar os usuários do Wear OS, o que pode eventualmente aumentar também a participação de mercado desse sistema operacional.
Ao trazer o Wear OS 3 para seus relógios, a Samsung não apenas reformula a experiência do usuário, mas também fortalece sua posição como líder no mercado de smartwatches para dispositivos Android. A combinação do hardware de qualidade com o novo sistema operacional torna os Galaxy Watch6 uma opção interessante para os consumidores em busca de funcionalidade, estilo e inovação em um único dispositivo.
Por outro lado, com a incerteza sobre a atualização do Pixel Watch para o Wear OS 4, o Google precisa repensar com certa dose de urgência a sua estratégia e oferecer maior disponibilidade de seus produtos em diferentes regiões do mundo, especialmente em mercados emergentes como a América Latina.
Se as calculadoras do Google conseguem trabalhar bem em diferentes cenários e situações, então será fácil para os seus executivos perceberem que “a conta não fecha”. E, mesmo assim, alguns executivos da empresa não vão entender. Isso é, se essa turma engravatada não chutou o balde de vez, ligando um “dane-se” para o sucesso ou fracasso do Wear OS, algo que é bem difícil de acontecer.
Enfim… seja bem-vindo aos smartphones da Samsung, Wear OS. Espero que goste da viagem que você vai experimentar.