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Retrospectiva Tech: CES 2015 vs Hoje

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O ano de 2015 nem é tão distante assim, mas tal perspectiva muda quando pensamos que o famigerado “7 a 1” da Copa do Mundo de 2014 já tem mais de 10 anos.

Olhando para essa perspectiva, a CES 2015 se tornou uma cápsula do tempo que agora abrimos com nostalgia e surpresa. Naquele janeiro, em Las Vegas, o mundo da tecnologia pulsava com promessas que pareciam saídas de filmes de ficção científica – algumas delas se materializaram em nossa realidade atual como previsões certeiras, enquanto outras se dissiparam como miragens no deserto de Nevada.

Imagine folhear um álbum de fotografias onde cada página revela um futuro imaginado. É como cada edição da CES se apresenta diante de nossos olhos. É uma previsão de futuro por aqueles que, no presente, contam com o poder de controlar a tecnologia de hoje e do amanhã.

Uma década se passou, e agora podemos fazer esse interessante exercício de arqueologia digital. Podemos examinar cada tendência, cada produto e cada promessa, compreendendo melhor não apenas a evolução da tecnologia, mas também como sonhávamos o futuro em 2015.

Vamos embarcar nessa viagem no tempo, onde cada inovação conta uma história sobre nossas esperanças, acertos e equívocos tecnológicos. Afinal, olhar para trás nos ajuda a entender não apenas onde estávamos, mas também para onde estamos indo – e talvez, mais importante ainda, para onde realmente queremos ir.

A partir de agora, cinco acertos (e erros) nas previsões da CES 2015.

 

A revolução silenciosa das Smart TVs

 

Você se lembra de quando as TVs começaram a ficar “inteligentes”? Em 2015, a CES já nos mostrava que o futuro da televisão seria dominado pelas Smart TVs. Os fabricantes estavam começando a pavimentar o caminho para a tecnologia OLED, que hoje é protagonista nas telas de alta qualidade.

E não só isso: a resolução 4K também ganhava força, prometendo imagens incrivelmente nítidas que logo invadiriam todas as casas. Foi nessa época que até surgiu a UHD Alliance, para tentar colocar ordem na “confusão” entre os termos 4K e UHD.

Uma verdadeira revolução estava em curso, certo?

Bom… mais ou menos.

A inteligência das TVs não se resumia só à imagem. A CES 2015 também foi palco de uma intensa batalha entre sistemas operacionais.

A LG, por exemplo, apresentava com orgulho o webOS 2.0, um salto enorme em velocidade e usabilidade dentro de sua própria proposta. Imagine só, ligar a TV em apenas 3 segundos, quando antes levava quase 30! Era quase inacreditável na época.

Do outro lado, a Samsung apostava no Tizen, mostrando que as TVs queriam se tornar o centro do nosso entretenimento doméstico. E o tempo mostrou que a aposta era válida e sustentável, pois essa é, hoje, uma das melhores plataformas disponíveis para Smart TVs.

No fim das contas, o Google com o Android TV acabou dominando esse cenário. O Chromecast e a grande maioria dos demais fabricantes de Smart TVs adotaram a proposta de Mountain View, mas não podemos negar que, na época, a briga entre LG e Samsung nas plataformas foi bem interessante.

Essa disputa acirrada entre sistemas e tecnologias realmente transformou a forma como interagimos com as TVs.

As inovações daquela época abriram caminho para as Smart TVs que temos hoje, repletas de aplicativos, streaming e funcionalidades que antes só imaginávamos. É fascinante pensar como aqueles primeiros passos na CES 2015 foram cruciais para moldar a experiência de entretenimento que desfrutamos em nossas salas de estar atualmente.

 

As telas curvas que (praticamente) desapareceram

Quem não se lembra daquela febre das telas curvas que tomou conta do mundo da tecnologia?

Em 2015, parecia que tudo ia virar curva: TVs, monitores, celulares… Na CES daquele ano, a LG e a Samsung exibiam TVs curvas que realmente chamavam a atenção. 7

Até computadores “tudo-em-um” como o Samsung ATIV One 7 entraram na onda, com suas telas ligeiramente curvadas. Era a busca pelo efeito “uau”, pela inovação a qualquer custo, mas será que essa proposta de design realmente funcionou na prática?

A verdade é que, com exceção de alguns nichos como monitores ultrawide para gamers, a curvatura das telas não pegou.

Nos smartphones, a LG até tentou novamente com o LG G Flex 2, um smartphone que realmente se destacava pelo design curvo. Mas a tendência não durou muito. Os fabricantes logo perceberam que as vantagens práticas eram mínimas, enquanto o consumidor já tinha notado isso desde o início.

Hoje, nem mesmo a LG está no mercado de smartphones, e alguns afirmam que as suas apostas em designs diferenciados como esse foi um dos motivos para o seu desaparecimento dentro do segmento. Muito dinheiro foi gasto em propostas que não se converteram em retorno comercial para a marca.

De qualquer forma, o que era considerado algo incrível aos olhos foi substituído pela praticidade de uso, que sempre fala mais alto no final das contas. Telas curvas poderiam ser chamativas, mas matavam parte da usabilidade.

Com o tempo, a moda das telas curvas foi se diluindo. Até mesmo a tentativa de curvar as bordas dos celulares também não vingou.

Hoje em dia, a tendência é clara: telas planas e, de preferência, com bordas mínimas. Aquela ousadia das telas curvas ficou como uma curiosidade tecnológica, uma moda passageira que nos faz refletir sobre como nem toda inovação tecnológica se sustenta no longo prazo.

 

Wearables que gravam tudo foram resgatados pela Inteligência Artificial

É curioso como certas ideias tecnológicas voltam à tona com o passar do tempo.

Em 2015, foi apresentado na CES o Narrtive Clip 2, um pequeno dispositivo wearable que capturava fotos a cada 30 segundos e vídeos curtos. A proposta? Registrar tudo o que fazíamos.

Na época, a ideia não vingou, talvez por ser considerada invasiva ou simplesmente pouco útil. Mas… veja só: dez anos depois, o interesse em dispositivos que gravam nossos dados ressurge com força, impulsionado pela Inteligência Artificial.

Recentemente, vimos o lançamento de pingentes e outros wearables que gravam áudio e coletam dados continuamente. A promessa agora é que a IA poderá usar essas informações para nos ajudar de alguma forma, seja com insights sobre nosso comportamento ou até mesmo em tarefas do dia a dia.

Será que agora, com o poder da IA, esses dispositivos de gravação terão mais sucesso?

É uma pergunta que paira no ar, especialmente com os debates sobre privacidade e uso de dados pessoais cada vez mais acalorados.

O fato é que a tecnologia está sempre em movimento, e ideias que pareciam inviáveis no passado podem ganhar nova vida com os avanços tecnológicos e as mudanças na sociedade.

A CES 2015 nos apresentou o Narrtive Clip 2, um produto que não decolou, mas que agora, em 2025, nos faz pensar sobre o futuro dos wearables e o nosso conforto com a ideia de sermos constantemente monitorados.

O que você acha: estamos prontos para essa nova onda de tecnologia que grava tudo?

 

Telas sem bordas, uma revolução estética liderada pela Dell

Agora, um momento “antes e depois” da tecnologia.

Antes de 2015, as bordas dominavam as telas de tudo: TVs, celulares, tablets, e, claro, laptops.  As molduras eram grossas e evidentes, e esse era um padrão que parecia imutável.

Mas então, na CES 2015, a Dell surgiu com o Dell XPS 13 (9343) e mudou tudo.

Esse laptop simplesmente eliminou as bordas da tela, criando um design incrivelmente moderno e elegante. Foi uma verdadeira revolução estética que impactou toda a indústria.

E eu era simplesmente apaixonado por esse notebook.

Ele era bonito, moderno, potente e incrivelmente portátil. Tá, eu sei que é a cópia escancarada do MacBook Air da Apple, mas… eu não me importo! Eu só queria usar esse equipamento como ferramenta de trabalho.

Bom… voltando…

E não foi só uma questão de beleza. A redução das bordas também trouxe um benefício prático enorme: um laptop de 13 polegadas passou a ter o tamanho de um de 11 polegadas. Era mais tela em menos espaço, algo que todos nós queríamos, mesmo sem saber.

A Dell mostrou que era possível e desejável ter telas com bordas mínimas, e essa ideia se espalhou rapidamente para todos os tipos de dispositivos. As TVs e os smartphones também embarcaram nessa tendência, e hoje as bordas (quase) desapareceram por completo dos dispositivos eletrônicos de diferentes categorias.

Essa inovação da Dell na CES 2015 não só transformou o design dos eletrônicos, como também teve um impacto pessoal para muitos. Vários desses usuários que compraram o Dell XPS 13 na época ainda usam o laptop, dez anos depois.

Essa é uma prova de que um design bem pensado e funcional pode resistir ao teste do tempo e se tornar um clássico, com um impacto duradouro e positivo.

 

Do Nintendo Switch aos SSDs Portáteis

A CES 2015 não se resumiu apenas às grandes tendências dos principais produtos de tecnologia, ou daqueles segmentos de maior destaque.

A feira de Las Vegas também foi o palco para lançamentos curiosos e produtos que, mesmo que não fossem sucesso de vendas, deixaram sua marca na história da tecnologia. É o que normalmente acontece em toda edição da CES, mas neste caso, temos alguns registros históricos para nós em 2025.

A NVIDIA, por exemplo, apresentou seus chips Tegra X1, que na época pareciam voltados para celulares e carros, mas que se tornariam o coração do Nintendo Switch, lançado dois anos depois.

Quem poderia imaginar que um chip apresentado na CES se tornaria a alma de um console de videogame tão icônico?

Outro grande lançamento do evento foi o ASUS ZenFone 2, um smartphone topo de linha que usava um processador Intel Atom em vez dos tradicionais chips ARM da Qualcomm.

Na época, a Intel tentou entrar no mercado de telefones Android, e até que o desempenho não era ruim. Porém, sua gestão energética era péssima, e a arquitetura ARM já dominava o mercado, levando a melhor com o passar do tempo.

A Intel desistiu dessa linha de chips pouco depois, o que é sempre uma pena para quem gosta de variedade e competição no mercado. Mas o ZenFone 2 fica como um lembrete de que a inovação nem sempre garante o sucesso comercial.

Por fim, vale destacar o lançamento dos SSDs portáteis pela Samsung.

Hoje em dia, os SSDs são comuns em computadores e dispositivos externos, mas em 2015 eles eram uma novidade, especialmente os modelos portáteis. O SSD T1 da Samsung permitiu que as pessoas tivessem acesso à velocidade dos SSDs em dispositivos externos, um avanço e tanto para o gerenciamento de dados em qualquer lugar.

Na época, a versão de 1TB custava 599 dólares, um preço salgado, mas que mostra como a tecnologia evolui e se torna mais acessível com o tempo. Hoje, esses produtos estão bem mais acessíveis, com vários fabricantes entregando propostas similares.

Essas “curiosidades” da CES 2015 nos lembram que a inovação tecnológica é um processo constante, com acertos, erros e surpresas ao longo do caminho.


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