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Ressurreição digital de James Dean é necrofilia cinéfila

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Ser defensor da tecnologia é uma coisa. Porém, a “ressurreição” de personalidades mortas via CGI (ou pela combinação disso com o VFX) pode parecer um pouco demais. E o debate está aberto, com a polêmica servida, é claro.

Imagens geradas por computador entregam resultados espetaculares no cinema, transcendendo os limites da imaginação. Por outro lado, a tecnologia está abrindo portas para práticas que esbarram nas questões éticas e morais.

James Dean voltando ao cinema (ou melhor, a sua versão digital) para Finding Jack foi uma das grandes notícias da última semana. Porém, é importante lembrar que ele morreu há mais de seis décadas, e a tendência que tal projeto pode criar pode criar um cenário surreal para a indústria audiovisual e para o conteúdo que vamos consumir no futuro.

 

 

Confundem evolução tecnológica com necrofilia cinéfila

 

 

Não é a primeira vez que o CGI vai trazer alguém de volta à vida. A lista é longa, e tem nomes como Peter Cushing (Rogue One), Phiilip Seymor Hoffman (Hunger Games), Paul Walker (Velozes e Furiosos 7), Oliver Reed (Gladiador) ou Nancy Merchand (The Sopranos).

Porém, no caso de James Dean, o negócio é um pouco diferente.

Nos casos previamente mencionados, a ressurreição aconteceu pelas necessidades diante de falecimentos repentinos durante a produção, ou por um desejo genuíno de homenagear o ator, ou pela volta de um personagem icônico.

 

 

No caso de James Dean, o argumento é, basicamente, a exploração comercial. O deses pero para chamar a atenção de todos, além das campanhas publicitárias que os produtores podem criar com a imagem do falecido ator.

Finding Jack vai contar a história de um soldado que vai se transformar no melhor amigo de um cachorro labrador após a Guerra do Vietnã, e isso não justifica ter James Dean no elenco do projeto, apesar do co-diretor afirmar que não encontrou nenhum ator a altura para o papel.

Detalhe: não é uma participação especial, mas sim um coadjuvante de maior relevância no roteiro. Um autêntico disparate que só será possível com o consentimento (e, provavelmente, com um generoso acordo financeiro) com a família de Dean.

 

 

 

O caso Finding Jack reabre com maias força do que nunca o debate sobre a ética (ou a falta dela) relacionada com tal prática, algo radicalmente diferente que os efeitos de rejuvenescimento de atores em atividade, onde aqui a tecnologia é sinônimo de evolução, não de questionamento moral.

Apesar de não conhecermos (ainda) o resultado final alcançado por Martin Scorsese em O Irlandês (com o desafio em rejuvenescer Robert De Niro – algo tão complexo, que atrasou a produção do filme), fica clara a falta de solidez do uso dessa técnica, que ainda entrega resultados anti-naturais. Porém, no caso de Dean, não vai ter nada do ator para apoiar a sua atuação. Será a sua máscara digital sobre o rosto de alguém muito parecido com ele.

Nem é preciso dizer que os responsáveis por Finding Jack foram muito inteligentes para impulsionar o filme na mídia sem sequer utilizar uma imagem promocional. E, mais uma vez, a sétima arte é devorada pela aparente revolução tecnológica que, nesse caso, aprece em forma de uma pavorosa necrofilia cinéfila.


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