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Réquiem por Reed Hastings

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Quem poderia imaginar que Reed Hastings, co-fundador da Netflix, seria demitido do posto de CEO após 25 anos de serviços prestados.

Reed sai da Netflix deixando um legado gigantesco, que nem mesmo os recentes problemas que resultam em uma crise sem precedentes da plataforma consegue apagar.

Hastings deixa o seu posto na fase mais complicada da Netflix, considerando também todo o contexto econômico global e uma recessão que está cada vez mais presente. A plataforma de streaming toma a decisão mais difícil de sua história em seu momento mais difícil.

E um erro de cálculo neste momento pode ter consequências simplesmente tectônicas para a empresa.

 

Os próximos três meses serão decisivos

A grande pergunta do momento não foi revelada por Ted Sarandos e Greg Peters, os novos co-CEOs da Netflix: a quantas andam o novo plano da plataforma com publicidade?

O principal objetivo da Netflix nesse momento é acabar com uma cultura que a própria empresa apoiou por anos, que é o uso das contas compartilhadas pelos assinantes. Essa decisão foi especulada por muito tempo, e alguns executivos da empresa ainda estão com receio em avançar na medida, mas os novos diretores entendem que chegou a hora de seguir adiante com a iniciativa.

É uma decisão complexa, por vários motivos. Não só pela cultura que a Netflix criou nos assinantes, mas também no próprio apelo comercial que o compartilhamento de contas entregada para a plataforma e para o mercado como um todo.

Além disso, os termos de uso do serviço nunca disseram que você podia compartilhar o acesso de sua conta na Netflix com outras pessoas, mas apenas e tão somente com aquelas que viviam na mesma residência que você.

Logo, agora que o mundo decidiu colocar todo mundo que podia para dividir a já muito cara conta da Netflix, chegou a hora da plataforma de streaming cobrar por isso.

Outro grande problema da medida é que os números não ajudam. A grande maioria dos usuários da plataforma compartilham as contas com amigos e familiares, e muitos estão propensos a cancelar a Netflix se a cobrança adicional pela prática realmente acontecer.

A Netflix já sabe disso, e declara de forma quase cínica que essa é uma “decisão dolorosa” a ser tomada, já imaginando as reações negativas que virão. Por outro lado, a empresa entende que muitos usuários “se sentirão motivados” a pagar pelo serviço.

 

Hastings não teve a coragem de apertar o botão

A impressão que fica é que Reed Hastings está saindo da Netflix porque não tem a coragem necessária para apertar o botão que inicia a cobrança das contas compartilhadas. Porém, abriu o caminho para que a empresa chegasse nesse ponto.

As transferências de perfis e o plano mais barato com publicidade foram os dois primeiros passos para o fim das contas compartilhadas. E Reed pode ficar marcado por fugir na hora de executar a medida mais polêmica da Netflix em toda a sua história.

E isso seria muito injusto. Foi Hastings o responsável por levantar a Netflix do nada para um negócio inovador, despachando DVDs para as casas dos clientes em formato de aluguel para depois criar a grande plataforma de streaming que temos hoje.

Aliás, a Netflix se tornou referência para os demais serviços de streaming e para essa modalidade como um todo. Além disso, quando olhamos para os números do último ano da empresa, a sensação que fica é que algo está mesmo errado. Porém, olhando para o seu crescimento desde 2008, o cenário é simplesmente espetacular.

O ano de 2022 terminou até melhor do que o esperado no faturamento anual. Porém, o grande problema está nas receitas da Netflix, que caíram pela primeira vez em sua história (com exceção de 2012), o que ligou o sinal de alerta nos investidores.

Agora, temos que esperar pelo movimento tectônico que vai marcar o futuro da Netflix. Será que proibir as contas compartilhadas entre os usuários que não moram na mesma residência realmente compensa? Ou esse é o tiro no pé que falta para marcar o início do fim do maior serviço de streaming no mercado.

O tempo, sempre ele, vai dar as respostas.


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