Com toda a crise que o mundo viveu com a falha da CrowdStrike, uma velha (e indesejada) conhecida voltou a ganhar relevância e visibilidade em nossas vidas: a famigerada “Tela Azul da Morte” (Blue Screen of Death – BSOD).
Muitos usuários nunca se depararam com uma tela como essa, porque esse elemento está muito mais associado ao passado do Windows do que os tempos atuais. Por pior que o sistema operacional da Microsoft seja, as falhas críticas se toraram mais raras.
E uma curiosidade apareceu com todo o drama do apagão informático recente: quem escreveu a tal da “Tela Azul da Morte”, tal e como conhecemos?
Sobre a “Tela Azul da Morte”
Vou me referir à “Tela Azul da Morte” como BSOD (Blue Screen of Death) na maior parte do tempo, apenas por economia de caracteres no artigo.
Combinado?
Ótimo!
A “Tela Azul da Morte” é um é um erro crítico no sistema operacional Windows, e representa uma falha grave que faz com que o sistema trave e reinicie para evitar danos.
Historicamente, as BSODs causavam perda de dados e exigiam reinstalação do sistema, especialmente nas versões mais antigas do Windows como 3.1, 95 e 98.
Desde o Windows XP, a recuperação de falhas críticas melhorou de forma substancial, se tornando ainda mais eficiente no Windows 7 e versões subsequentes.
Aliás, a BSOD foi se tornando um pouco mais rara porque o Windows como um todo melhorou, acompanhando a evolução da informática como um todo.
Sem falar no fato que, nesse momento, contamos com computadores melhores e mais potentes, o que reduz as chances de falhas no sistema operacional.
Hoje, uma BSOD pode não ser necessariamente sinônimo de falha irreversível, permitindo ao usuário a possibilidade de recuperar o sistema na maioria dos casos.
Por que uma BSOD aparece?
Vários fatores e problemas no Windows podem resultar em uma “Tela Azul da Morte”, indo das falhas de hardware (como, por exemplo, o WiFi que para de funcionar) até drivers incompatíveis, passando é claro por erros no software do sistema operacional.
Outros problemas menores e mais raros no equipamento, como conexões de RAM sujas ou mal encaixadas nos desktops, também podem resultar em uma BSOD.
Em todos os casos, é muito importante que o usuário do Windows saiba identificar o código de erro específico exibido na “Tela Azul da Morte” para poder resolver o problema que gerou aquela mensagem de erro.
Algumas ferramentas de diagnóstico de hardware podem ajudar nesse momento. Também é recomendado atualizar os drivers dos componentes para começar a resolver a falha.
Mas… vamos ao que realmente interessa nesse artigo.
Quem escreveu a “Tela Azul da Morte”?
O texto original do BSOD no Windows 3.1 foi escrito por ninguém menos que Steve Ballmer, ex-CEO da Microsoft. Mas não foi ele quem desenvolveu o código que exibe a tela no sistema.
A versão final da “Tela Azul da Morte” do Windows 95 foi escrita por Raymond Chen, enquanto a versão para o núcleo Windows NT foi criada por John Vert.
Ou seja, a criança tem vários pais, certo?
Não é tão simples quanto parece.
Vale a pena compartilhar algumas das curiosidades envolvendo a “Tela Azul da Morte”, pois este é um capítulo muito importante da história da informática.
Aquela primeira versão da BSOD, criada por Steve Ballmer para o Windows 3.1, curiosamente não era azul, e sim negra.
A tela aparecia ao pressionar CTRL + ALT + DEL, permitindo ao usuário fechar programas que não respondiam ou reiniciar o sistema.
Foi apenas em 1993, com o lançamento do Windows NT 3.1, que surgiu a primeira versão verdadeiramente azul da “Tela Azul da Morte”.
Essa versão é a que foi desenvolvida por John Vert, e já indicava falhas no kernel do sistema. O Windows NT 3.1 introduziu a arquitetura de 32 bits, marcando uma grande evolução tecnológica em relação ao Windows 3.1 original.
E também alguns erros de compatibilidade de hardware, justamente pelas diferenças entre as arquiteturas. Foi aqui que a “popularidade” da “Tela Azul da Morte” aumentou.
A versão mais conhecida da BSOD apareceu no Windows 95, criada por Raymond Chen. Diferente das anteriores, esta tela permitia ao usuário ignorar certos erros.
A “Tela Azul da Morte” do Windows 95 é lembrada especialmente por ter aparecido durante a famosa apresentação do Windows 98 na COMDEX em 1998.
Essa cena é icônica, a ponto de entrar não apenas na história da informática, mas também na cultura pop como um todo.
A falha aconteceu com ninguém menos que Bill Gates no palco, e foi reproduzida em diversas oportunidades nos mais diferentes cenários fora da informática.
O “mito dos três autores”
Há um mito de que há três autores conflitantes para a BSOD: Steve Ballmer, John Vert e Raymond Chen.
Todos foram devidamente mencionados e creditados por suas contribuições para a evolução da “Tela Azul da Morte” ao longo dos anos.
E cada um deles entregou soluções que estavam alinhadas com os recursos tecnológicos disponíveis na época.
Porém, Chen esclarece em seu livro que não há conflito, pois cada um desenvolveu uma versão diferente para épocas distintas.
Aqui, fica evidente a complexidade do Windows como sistema operacional, e como até mesmo esse pequeno (e incômodo) detalhe acompanhou essas transições e melhorias internas do sistema operacional.
Hoje, o Windows 11 conta com uma versão renovada da BSOD, com um design mais moderno e informativo, mas sem abandonar a sua essência que prevalece há mais de 30 anos.
Um legado
Neste momento, a “Tela Azul da Morte” soa mais como um símbolo icônico do que apenas e tão somente como uma indicação de problemas no Windows.
Ainda é uma mensagem “lendária”, porque se valeu do continuísmo. A interface e conceito básico não mudaram ao longo dos anos, o que é algo positivo neste caso.
Por ser a mesma tela ao longo dos anos, todo mundo sabe que algo muito ruim aconteceu com o Windows quando se depara com uma tela como essa.
Muitos afirmam que a Microsoft poderia sim adotar uma abordagem mais amigável para a BSOD, mas não sei se as mudanças serão realmente tão positivas na vida prática dos usuários.
É muito mais fácil neste caso manter uma identificação estética universal, justamente para unificar o entendimento sobre os sinais de problemas no sistema operacional.
Ao menos a “Tela Azul da Morte” existe para nos lembrar sobre a importância da manutenção prévia dos computadores, ou em como é importante dedicar tempo e atenção nas atualizações.
Um update problemático, e tudo pode simplesmente desmoronar.
Não é mesmo, CrowdStrike?