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Que? A Netflix subiu os seus preços DE NOVO?

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A Netflix entendeu que o começo de um novo ano, momento em que todo mundo está pensando em IPTU, IPVA e materiais escolares, era a janela perfeita para anunciar mais um aumento de suas mensalidades.

Quem estava totalmente tranquilo, em pleno exercício de escolha de uma nova série para assistir, recebeu a notícia de um novo ajuste de preços das mensalidades da Netflix como um autêntico tapa na cara. E no bolso, que sente mais com a fatura de cartão de crédito com números mais elevados.

Aqui, entenda o poder da semântica: a Netflix chama de “ajuste” o que, na verdade, é “aumento”. Mas não fala sobre isso de forma tão escancarada porque soa menos elegante.

E quem não ama pagar a mais por algo que já era caro, não é mesmo?

A única boa (e temporária) notícia para nós, brasileiros, é que esse novo aumento nas mensalidades da Netflix AINDA não atingiu o Brasil. Afetou a mercados selecionados, como Estados Unidos, Canadá, Portugal…

…e chegou na Argentina também. Ou seja… já sabemos o que vem por aí.

 

Quanto vai custar a Netflix nos EUA?

A Netflix, em sua carta aos investidores, explicou tudo com a serenidade de quem sabe que o mercado está nas mãos deles.

“Estamos investindo em programação.”, disse a Netflix.

Pois bem, parece que “programação” agora é sinônimo de “esvaziar carteiras.”

O mais incrível de tudo isso é que a programação que a Netflix investe é, em sua esmagadora maioria, séries abaixo da crítica e filmes com gosto duvidoso.

Nada contra, mas… não quero ser obrigado a ver apenas e tão somente comédias românticas ou séries que tem mulheres maduras como público-alvo.

Ou vai me dizer que você não viu Amor Traiçoeiro e aquele filme de Natal com o boneco de neve que vira humano (e as coroas ficam todas doidas para ver o tamanho do “jingle bells” do cara)?

Bom… voltando…

Se você é um escravo do plano Básico com Anúncios, agora sua mensalidade subirá de US$ 6,99 para US$ 7,99.

Parece pouco? Sim, parece. Ainda mais considerando que o norte-americano possui um poder de compra muito maior que o nosso.

Por outro lado, US$ 1 é o preço médio de um café.

Ou seja, é um café a menos que você toma para continuar com a Netflix. E pense em como a gigante do streaming vai faturar tirando US$ 1 de milhões de assinantes.

Isso mesmo: milhões de dólares a mais na conta bancária da própria Netflix.

Agora, some o aumento de mensalidades com os comerciais, cada vez mais insuportáveis, e você vai concluir rapidamente que o plano Básico com Anúncios se transformou em Plano Publicitário Extremo.

E muito mais lucrativo para a Netflix do que a divisão de contas, que tanto alegrava aos pobres.

Já o plano padrão sem anúncios – onde teoricamente absolutamente nada deveria te interromper a exibição do filme ou série – custará US$ 17,99.

A ausência de propagandas é um luxo digno da realeza, que custa US$ 10 de quem pode pagar. Caso contrário, você é (obviamente) pobre.

E o plano Premium agora custa nos EUA a bagatela de US$ 24,99. E não acompanha batata e refri, senhor.

Eu sei… é de assustar o brasileiro médio, pois a trolha vai entrar em nós em algum momento no futuro.

Mas a Netflix sempre tem uma explicação para os aumentos repentinos de mensalidade.

 

Com a palavra, a Netflix

MoMo Zhou, porta-voz da Netflix, explicou com um sorriso sarcástico nos lábios, quase não acreditando no que ia sair de sua boca: “Isso é para melhorar a experiência do assinante.”

Sério mesmo?

Me diga, MoMo… como melhorar a experiência de um assalto legalizado?

Aliás… MoMo, enquanto “você melhora minha experiência”, que tal uma pipoca grátis, ou uma qualidade de imagem melhor, ou resolução mais alta para alguns conteúdos?

Ou quem sabe um balde para o vale de lágrimas que alguns assinantes vão derramar, já que pagar a fatura será mais doloroso que assistir à última temporada de “The Witcher” (eu não vi, mas quem viu muito provavelmente vai entender por que eu coloquei essa referência).

O pior é que, enquanto aumenta os valores de seus planos, a Netflix adiciona novas maneiras de “melhorar” nossas vidas.

Agora você pode pagar US$ 7,99 no plano Básico com Anúncios para adicionar um “membro extra” fora de casa, flexibilizando a divisão de contas nos planos menos caros.

Parece ótimo, certo?

Acontece que, na prática, a Netflix cobra os valores adicionais para essa conta extra, além de ganhar em cima de algo que, antes, era uma cortesia.

“Love is sharing”, lembra? Eu jamais esquecerei.

Na prática, se você quer assistir “Round 6” e a sua sogra quer ver “Ilhados com a Sogra” (e eu não sei por que ela assistiria por algo que depõe contra ela mesma), você pode fazer isso no plano Básico com Anúncios… mas terá que pagar pela conta extra do mesmo jeito.

 

Pagar a mais para ver esportes?

Nem tudo é tragédia.

A Netflix está compensando o aumento das mensalidades com novas alternativas de conteúdos que alternam entre eventos de alta qualidade e o mundo bizarro.

Por exemplo: Mike Tyson lutando contra Jake Paul? Do que chamamos isso aqui? Esporte? Arte? Cultura?

Não sei. Mais de 60 milhões de assinantes da plataforma acharam essa “luta” o ápice do entretenimento.

Por outro lado, a mesma Netflix fez uma baita cobertura dos jogos de Natal da NFL, com direito a Show do Intervalo da Beyoncé e Mariah Carey cantando sua canção natalina na vinheta de abertura dos dois jogos.

Aliás, a Netflix está doida para roubar da ESPN o slogan de “canal líder mundial em esportes”. Além do futebol americano, a plataforma de streaming já transmitiu ao vivo torneio de golfe envolvendo celebridades esportivas e pilotos de Fórmula 1, e investiu pesado nos direitos do WWE RAW (a luta-livre ao vivo) e da Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino.

Outro ponto de destaque foi a estreia de “Arcane” na plataforma. O spinoff de “League of Legends” conquistou corações e mentes de fãs de séries em todo o planeta.

Então… nem tudo está perdido na Netflix. O problema é que US$ 25 para receber tudo isso pode pesar no bolso do norte-americano médio.

Apesar de todas as críticas por mais um aumento de mensalidades, a Netflix ainda acredita que tem “um longo caminho para o crescimento.” A plataforma menciona que ocupa apenas 10% da audiência global de TV, o que significa que ela não ficará satisfeita enquanto essa dominância não estiver estabelecida.

Não sei você mas… para mim, é reconfortante saber que, enquanto assistimos séries que terminam abruptamente, a empresa está ocupada planejando dominar o mundo.

Resumo da ópera: pague mais, chore mais, reclame mais, xingue ainda mais no X, mas… no final, continue assistindo. E calado.

A Netflix sabe que não conseguimos viver sem ela. É uma relação tóxica que (quase) todos aceitamos, como aquela assinatura de academia que você nunca cancela, mesmo sabendo que nunca vai usar.

 

Via The Verge


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