O boicote dos anunciantes ao Facebook está custando caro à rede social. As ações da empresa despencaram diante das perdas de 55 bilhões de euros da receita bruta provocadas por esses boicotes.
Starbucks, Pepsi, Coca-Cola, Honda, Unilever e Verizon são apenas algumas empresas que estão protestando contra a desinformação e os discursos de ódio, atacando aquilo que mais importa ao Facebook: o dinheiro. Isso custou uma queda de 8.3% no valor das ações da rede social.
Facebook se nega a controlar o conteúdo que viraliza
As empresas que participam do boicote criticam a postura de Mark Zuckerberg que perdura por anos. Nos últimos meses, o Facebook está no olho do furacão por não ter (ou não querer ter) mecanismos bons o suficiente para controlar a desinformação, especialmente em um período pré-eleitoral nos Estados Unidos. É a primeira vez em 16 anos que a falta de compromisso com a informação legítima se volta contra a rede social mais utilizada no mundo.
Notícias de procedência duvidosa e com veracidade questionável que, através das fake news, podem se dirigir a potenciais votantes até a intoxicação política e o discurso de ódio.
A comparação com a postura do Twitter acaba sendo inevitável. Enquanto Zuckerberg segue à deriva da desregulação, a segunda rede social mais popular passou a marcar conteúdos manipuladores do próprio presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Já o Facebook sempre se negou a vetar qualquer tipo de publicação em nome da liberdade de expressão.
Até agora.
O Facebook decidiu responder aos críticos com discretos ajustes à sua política, ou pelo menos promete fazer isso. Zuckerberg planeja redirecionar os anúncios eleitorais para informações jornalísticas contrastadas, proibir um grupo mais amplo de discursos de ódio e marcar as mensagens de figuras públicas que violem as suas normas como “de interesse jornalístico” para justificar a sua permanência na rede social.
Porém, é pouco provável que o boicote tenha resultado muitos danos às receitas do Facebook a longo prazo. Com mais de 8 milhões de anunciantes, é difícil ter perdas sensíveis de publicidade. O maior impacto financeiro pode acontecer naqueles que investem mais em segurança e proteção de dados nos próximos anos.
Não é casual que a retirada de anúncios aconteça justo agora
A retirada de anúncios do Facebook e sua mudança de política de vetos chegaram em um contexto especialmente relevante.
Por um lado, muitas empresas estão cancelando a publicidade em todas as plataformas por causa do momento de crise financeira que vivemos nesse momento. A Starbucks, que foi a sexta empresa que mais anunciou no Facebook em 2019, foi uma das mais afetadas pela crise sanitária atual.
Por outro lado, os movimentos empresariais acontecem diante da indignação sobre o discurso de ódio nos Estados Unidos, principalmente depois do assassinato de George Floyd. Com a comunidade afro-americana nas ruas e um potente discurso antirracista ao redor do mundo, qualquer tipo de ambiguidade ou equidistância com o tema foi amplamente assinalada, principalmente nas redes sociais, onde tudo acontece de forma mais rápida e intensa.
Por fim, as eleições presidenciais nos Estados Unidos em 3 de novembro é outro fator muito relevante. Principalmente quando todos sabem como Donald Trump se beneficiou das redes sociais para vencer as eleições em 2016.
As redes sociais não mudaram apenas a sua política de privacidade. No cenário atual, e com todos os fatores adicionados, muitos cidadãos estão pedindo explicações de todos. E melhor do que explicar é tomar alguma atitude antes que as explicações se tornem necessárias.
Via Business Insider