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Publicidade na Netflix pode mudar para sempre o mercado de streaming. Ou será que não?

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A Netflix se coçou, percebeu que agora tem uma concorrência que antes não existia, acordou para a vida e entendeu que está perdendo audiência para os rivais e para a pirataria e finalmente anunciou o seu novo plano mais “acessível” com publicidade.

Não é uma reinvenção da roda, pois o HBO Max já faz isso lá fora. O que chama a atenção aqui é que é justamente a dona Netflix que está reconhecendo que o seu modelo de negócio original se esgotou, e que chegou a hora de dar passos para trás se quer ser mais rentável.

E essa decisão da Netflix tem tudo para mudar por completo o cenário do streaming em todo o mundo. E é importante tentar antecipar se vamos sair ganhando com isso, ou se vamos pagar ainda mais para ver as séries de TV que tanto amamos.

 

Eu mudo, todos vão mudar

Goste você ou não da frase que vou escrever daqui a 15 segundos, ela é uma verdade inescapável: a Netflix é a rainha do streaming ao redor do mundo, aconteça o que acontecer.

Foi a Netflix que basicamente pavimentou sozinha este modelo de negócio, mudando para sempre os hábitos das pessoas em assistir TV ao redor do mundo. É por causa dela que hoje abandonamos a TV por assinatura, fazemos maratonas de séries, assistimos a alguns filmes indicados ao Oscar sem sequer precisar ir até uma sala de cinema e questionamos se um dia voltaríamos a pagar valores caríssimos na pipoca em uma bomboniere.

Ou seja, tudo o que a Netflix fizer, as demais vão fazer. Inclusive mudar as mecânicas do modelo de negócio para ser mais rentável e lucrativa.

Neste caso, estamos vendo uma Netflix agindo na defensiva. Colocar a publicidade entre os episódios de séries e filmes aproxima a plataforma do formato de TV por assinatura que os mais antigos já estavam acostumados. Porém, os mais novos simplesmente desaprenderam a ver propaganda na TV. Mas podem lidar com isso para pagar a menos para seguir assistindo Stranger Things sem depender tanto da boa vontade dos pais.

O plano com publicidade tem os seus contras. Talvez o principal deles é não oferecer o catálogo completo da Netflix neste primeiro momento. Mas você sabe muito bem como é que funciona: se você paga menos por alguma coisa, vai receber menos que os demais. A lei de compensação que existe em qualquer coisa nessa vida.

E não precisa ser uma Mãe Dinah (que Deus a tenha), um especialista em cinema e TV ou um blogueiro de tecnologia para prever o que vai acontecer aqui: todas as demais plataformas de streaming vão repetir o modelo de negócio que a Netflix adotou para ser mais rentável, pois ninguém vai querer ficar para trás em um segmento tão competitivo como esse.

Principalmente se o plano de assinatura com publicidade da Netflix funcionar do jeito que a empresa espera.

 

Reinventando (mais uma vez) a TV tradicional, mesmo que na base da carteirada

A Netflix tem tudo para reinventar de novo o segmento de streaming, e o potencial para o seu plano de assinatura com publicidade tem chances de dar certo.

Se antes a Netflix mostrou para o mundo que era capaz de mudar a forma das pessoas em assistir TV paga, chegou a hora de voltar dois passos para trás para reinventar o setor, que precisa conter a todo custo a tendência de volta da pirataria, algo que também é real.

Oferecer planos mais acessíveis para o assinante é a primeira e mais importante medida que todas as plataformas podem tomar para conter a fuga dos assinantes. No final, tudo se baseia em dinheiro, pois vivemos em um mundo capitalista e todo mundo precisa colocar comida na mesa. Logo, a imensa maioria dos usuários dessas plataformas vão ficar com os serviços que vão oferecer os preços mais competitivos em troca do catálogo mais diversificado possível.

E a pergunta que fica agora é: “tá, mas qual vai ser a primeira plataforma que vai se arriscar a oferecer um plano 100% gratuito com publicidade?”.

Neste momento, Crunchyroll e Pluto TV são as únicas plataformas de streaming que oferecem conteúdos via streaming de graça com publicidade e, até onde sei, o modelo de negócio está funcionando bem para as duas plataformas, que não param de crescer. Porém, comparando com as gigantes de streaming, as duas ainda contam com audiências residuais, e não são relevantes o suficiente para liderar uma mudança de comportamento em massa nas plataformas.

E não podemos nos esquecer nunca que o YouTube faz isso há anos. Oferece conteúdo de vídeo de graça e, em troca, exige que o usuário assista a (muita) publicidade na plataforma. A diferença aqui é que a plataforma do Google gasta muito menos na produção dos conteúdos oferecidos. Já os grandes estúdios gastam milhões de dólares nas séries e filmes oferecidos em seus serviços, e querem o retorno desse dinheiro.

 

O buraco sempre pode ser mais embaixo (e, neste caso, é)

Fatores internos da Netflix também influenciam nessa decisão de oferta de conteúdo com publicidade para os seus assinantes, como as recentes auditorias internas de índices de audiência cujos dados se tornarão públicos em breve.

Ou seja, vai acabar essa história da Netflix afirmar que uma série é um sucesso sem apresentar números concretos que não podem ser quantificados ou analisados por ninguém, inclusive para os seus acionistas ou investidores. E isso também influencia nos valores de publicidade que serão vendidos dentro dos seus conteúdos.

Tem muita gente dentro da Netflix que não está gostando nada disso, e uma forma de “acalmar os ânimos” dessa galera é justamente aumentar o faturamento através do novo plano com publicidade. A realidade da plataforma pode não ser tão bonita quanto se vende ou se imagina e, por isso, os executivos da empresa se anteciparam para o que está por vir.

Ou seja, as mudanças na Netflix podem ser ainda maiores e mais profundas no futuro do que se imaginava em um primeiro momento. Talvez estamos diante do início de um movimento de mudança definitiva e para sempre do mercado de streaming tal e como conhecemos.

Quem sabe vamos lá na frente olhar para trás e afirmar que “tudo começou quando a Netflix lançou o seu plano com publicidade”.

Um plano que, por outro lado, ainda não é mais barato que a nobre prática de divisão de contas que muitos de nós atuais assinantes da Netflix praticamos de forma explícita e indiscriminada. E, dependendo do valor adicional que será cobrado por conta compartilhada, ainda vai valer mais a pena pagar a mais para ter poderes ilimitados que pagar uma conta com publicidade que é capada em vários aspectos.

Sem falar que este plano não é tão mais barato que o plano básico de R$ 25,90 que FINALMENTE recebeu a resolução HD (720p) e oferece todos os conteúdos disponíveis… e sem comerciais.

De qualquer forma, vamos esperar para ver o que vai acontecer. O plano de assinatura com publicidade pode sim marcar um ponto de mudança no mercado de streaming, mas é de se desconfiar (ou melhor, duvidar) se todas as plataformas disponíveis hoje vão sobreviver a essa proposta.


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