Antes de começar, eu quero deixar muito claro uma coisa.
Gamer proprietário do PlayStation 5… eu entendo a sua dor, raiva e frustração… e quero que você saiba que eu estou do seu lado neste momento.
A Sony fez a apresentação técnica do PS5 Pro, que é uma “renovação intergeracional” que vai coexistir com o PS5, prometendo uma potência muito maior e com um preço absurdamente mais caro.
É um console para os mais exigentes e, ao mesmo tempo, uma espécie de “assinatura de atestado de trouxa” para quem comprou um PS5 muito aquém do que o console poderia ser de verdade.
Aqui, a pergunta não é mais se o mundo precisava de um PS5 Pro, mas sim se o PS5, no final das contas, foi um grande fracasso.
PSSR como protagonista em três pilares
Praticamente todos os rumores e vazamentos sobre o PS5 Pro foram confirmados, incluindo o PlayStation Spectral Super Resolution (PSSR), entregando as melhorias de desempenho, resolução e ray tracing.
Para quem não sabe, o PSSR é uma tecnologia que usa algoritmos de IA para reconstrução gráfica e upscalling de imagens, que promete entregar resultados muito superiores às tecnologias atuais para o mesmo processamento de imagem.
O PSSR será aplicado em jogos do passado e do presente, e deve ter papel de protagonista para melhorar o desempenho de jogos sem precisar sacrificar a qualidade de imagem.
Em linhas gerais, o PS5 Pro oferece três grandes melhorias em relação ao atual PS5:
- O próprio Playstation Spectral Super Resolution: upscaling controlado pela Inteligência Artificial, deixando as imagens muito mais nítidas e detalhadas.
- GPU mais poderosa: 67% mais unidades de computação e memória 28% mais rápida, o que permite uma renderização até 45% mais rápida pra os jogos, trabalhando com uma memória unificada 28% mais rápida.
- Ray Tracing avançado: dobre e até triplique o desempenho do PS5 atual e você obtém reflexão e refração de luz mais dinâmicas.
Com esses dados, é possível afirmar que o PS5 Pro possui 60 unidades de computação (que é 67% a mais que as 36 unidades presentes no PS5) ou 3.840 shaders, confirmando vazamentos prévios.
Onde mais o PS5 Pro melhorou nas especificações?
Além disso, o novo console aumentou sua largura de banda de 448 GB/s para 576 GB/s, com 18 Gbps de memória (28% a mais que no PS5).
A Sony não confirmou se há um aumento de memória unificada no PS5 Pro, e tudo indica que os 16 GB de GDDR6 serão mantidos.
O que faz sentido, já que o PSSR deve reduzir o consumo de memória com o seu upscalling inteligente.
Logo, é possível acreditar que, nos aspectos técnicos de potência bruta, o PS5 Pro recebe essas especificações:
- Arquitetura RDNA 3+.
- Fabricado no nó de 5 nm da TSMC.
- 30 WGP (Processadores de Grupo de Trabalho).
- 60 UCs (unidades de computação).
- Shaders a uma velocidade de até 2,35 GHz.
- 240 unidades de texturização.
- 96 unidades raster.
- 60 núcleos de segunda geração para acelerar o ray tracing.
- 4 MB de cache L2.
- 256 KB de cache L1.
- 32 KB de cache L0.
- 36,09 TFLOPs de potência no FP32.
Tudo isso pode entregar o dobro de desempenho no ray tracing, e aqui não é nem um chute da minha parte. É algo que a própria Sony dá a entender de forma oficial.
Os dados levantados também se encaixam com o que foi divulgado nos vazamentos anteriores ao anúncio do PS5 Pro.
A melhoria de desempenho no ray tracing é maior porque a GPU do PS5 Pro se beneficia de grandes mudanças no nível da arquitetura.
Essa GPU vai se basear na arquitetura RDNA 3, podendo incluir recursos exclusivos da RDNA 4, o que também ajuda a explicar o dobro de desempenho do ray tracing no PS5 Pro.
E tudo isso já seria o suficiente para que os gamers não sejam obrigados a escolher entre os 30 FPS do modo de qualidade ou os 60 FPS do modo de desempenho (com gráficos empobrecidos).
Tal e como acontece hoje com o PS5.
Não está confirmado, mas é mais provável que este console tenha mais uma vez uma CPU Zen 2 de oito núcleos e dezesseis threads rodando a 3.85 GHz.
Outras melhorias do novo console
Algumas das outras melhorias que a Sony comentou sobre o PS5 Pro incluem o PS5 Pro Game Boost, que pode ser aplicado a mais de 8.500 jogos PS4 compatíveis com versões anteriores jogáveis no PS5 Pro.
Esse recurso promete estabilizar ou melhorar o desempenho de jogos PS4 e PS5 compatíveis, dentro da filosofia PS5 Pro Enhanced.
Outro recurso disponível no novo console é a qualidade de imagem aprimorada para jogos de PS4, melhorando a resolução no estilo do que o PS4 Pro fez.
Alguns dos jogos que incluirão o selo PS5 Pro Enhanced serão:
- ‘Alan Wake 2’
- ‘Assassin’s Creed: Shadows’
- ‘Demon’s Souls’
- ‘Dragon’s Dogma 2’
- ‘Final Fantasy 7 Rebirth’
- ‘Gran Turismo 7’
- ‘Hogwarts Legacy’
- ‘Horizon Forbidden West’
- ‘Marvel’s Spider-Man 2’
- ‘Ratchet & Clank: Rift Apart’
- ‘The Crew Motorfest’
- ‘The First Descendant’
- ‘The Last of Us Part II Remastered’
As possíveis especificações finais do PS5 Pro
E agora que eu enchi você de informações úteis e dados chatos, vamos compilar tudo isso na possível lista de especificações finais do PS5 Pro (que a Sony não confirmou, e que pode ser diferente quando o console chegar ao mercado em sua versão final):
- CPU Zen 2 com 8 núcleos e 16 threads a 3.85 GHz e 8 MB de cache L3.
- 16 GB de memória GDDR6 a 18 Gbps com um barramento de 256 bits.
- GPU RDNA 3+ personalizada com 60 unidades de computação ativas.
- A GPU terá 3.840 shaders a uma velocidade de até 2,35 GHz.
- A GPU pode ter recursos exclusivos da arquitetura RDNA 4.
- Até 45% mais desempenho do que o PS5 em rasterização.
- Até o dobro do desempenho em ray tracing.
- Tecnologia de upscaling inteligente PSSR.
- Unidade SSD de alto desempenho com capacidade de 2 TB.
Pronto. Agora, vamos para a parte mais reflexiva deste artigo.
Uma geração jogada na lata do lixo
Sony e Microsoft tiveram muito azar com a atual geração de consoles. Ambas não poderiam imaginar que a maior crise sanitária global dos últimos 100 anos provocasse um colapso na indústria dos videogames.
Ambas lançaram seus consoles como válvula de escape para pessoas que estavam presas em casa, e acreditaram que poderiam lucrar muito com isso. E não podemos culpa-las por pensar assim.
Porém, a dupla não mensurou também que o mundo parado resultaria em uma cadeia de produção estagnada, principalmente na produção de chips para os dispositivos eletrônicos.
A escassez de consoles foi perceptível, principalmente no caso do PS5. E como a Sony depende mais de vendas de consoles que a Microsoft, a japonesa sentiu mais (e essa frase fora de contexto é horrível).
As vendas do PS5 só engrenaram no meio de 2022, o que obrigou a Sony (e a Microsoft também) a prorrogar a vida útil dos consoles da geração anterior (PS4, PS4 Pro, Xbox One e Xbox One X).
Praticamente todos os jogos lançados para a atual geração chegaram para os consoles anteriores. E aqui, eu digo (e, por favor, gamer da atual geração… não me entenda mal, pois eu sou um de vocês – eu tenho o Xbox Series S em casa…): quem comprou o PS5 foi feito de trouxa pela Sony.
Sim, eu sei que o PS5 tem resolução melhor, efeitos melhores e um SSD que melhora a experiência de jogo.
Mas se você é um gamer mais paciente e não se importa em esperar um pouco antes de um jogo carregar, poderia aproveitar 99% do catálogo de jogos novos sem pagar muito caro por isso.
Essa realidade pegou a Sony de forma tão pesada, que ela teve que mudar os planos de jogos exclusivos em massa para o PS5.
Isso nunca aconteceu de verdade. Só os jogos que realmente poderiam explorar todo o perfil técnico do PS5 chegaram apenas para ele.
A grande maioria dos melhores jogos do PlayStation foram lançados para o PS5 E para o PS4 também. E para o PC também!
Para muitos gamers, as diferenças gráficas nunca foram gritantes ou relevantes, e a experiência dos jogos em si era basicamente a mesma.
Ou os desenvolvedores não tiveram a chance de explorar todo o potencial do PS5 (porque precisavam fazer esses jogos rodar bem nele e no PS4 também)…
…ou o PS5 nunca teve todo esse potencial de revolucionar a experiência final dos jogos, colocando Sony no desconfortável papel de “não entregar o que prometeu”.
Ou você pode me dizer cinco jogos que contam com 8K nativo no PS5? Sim, havia a indicação nas primeiras unidades da caixa do produto.
Goste você ou não, a IA está avançando…
O único motivo para a existência do PS5 Pro ser considerada válida nos aspectos técnicos é o fato dele ser um hardware fechado que, agora, conta com recursos de Inteligência Artificial.
E isso também faz parte da própria evolução sobre a forma em como esses consoles eram fabricados.
Até o Xbox 360 e PS3, Microsoft e Sony eram totalmente responsáveis pela concepção, desenvolvimento, execução e montagem desses consoles.
Mesmo a Microsoft, que não fabricou a GPU e a CPU do Xbox 360, deu instruções claras para AMD e IBM para criar um sistema complexo e muito bem otimizado.
Esse controle maior dos fabricantes ajuda a explicar os grandes saltos geracionais nos jogos nas gerações anteriores à era PS4/Xbox One.
Os desenvolvedores poderiam explorar melhor os limites do console porque cada produto tinha uma arquitetura que permitia esse trabalho mais apurado.
Agora, temos consoles com arquiteturas muito próximas ao de um PC como conhecemos, mas encapsulados em carcaças menores e com um sistema operacional próprio.
Se por um lado você tem uma experiência de jogo otimizada com gráficos excelentes, por outro lado se atinge o teto de desenvolvimento mais cedo.
Afinal de contas, são PCs que dificilmente podem ser atualizados. No PC gamer normal, você ainda pode trocar o processador, a RAM e o SSD para rodar jogos mais pesados.
No PlayStation e no Xbox das últimas duas gerações, isso não é possível.
Logo, o único caminho para onde o PS5 Pro poderia ir para justificar sua existência (e entregar uma evolução no resultado final que nunca foi cumprida no PS5) é mesmo através dos recursos de Inteligência Artificial presentes nas placas gráficas.
AMD e, principalmente, a NVIDIA, lançam GPUs todos os anos, pensando neste aspecto em específico. E os resultados já aparecem em um upscalling que já melhorou bastante.
Logo, toda a potência adicional que o PS5 Pro recebe não existe para rodar jogos mais complexos e pesados, mas para que o PSSR finalmente cumpra a promessa da Sony.
A única forma do PS5 Pro acompanhar a evolução dos PCs nos games é usando o “dopping” de uma IA que pode renderizar, aplicar ray tracing e entregar gráficos espetaculares em poucos segundos.
Porque, no hardware, não dá para acompanhar mais a evolução dos PCs. E tudo isso que acabei de escrever poderia muito bem-estar no PS5 hoje, neste exato momento.
E pergunte par aa Sony por que ela não conseguiu isso.
Meia geração? Até quando?
Sério… eu pensaria umas 437 vezes antes de investir nada menos que US$ 700 no PS5 Pro, já que ele é um console “intergeracional”.
Não dá para saber quando o PS6 vai chegar. Por outro lado, se a janela for de 4 anos (como foi a média dos lançamentos da Sony a partir do PS4), eu pergunto: será que vale investir tanto para que daqui a pouco você precisa gastar tudo de novo para se manter atualizado?
A lição deixada pelo PS5 diz que não. E se for para o PS6 chegar em 2028, me arrisco a dizer que os gamers que hoje contam com o atual console de última geração da Sony podem “se vingar” mantendo o produto vivo por oito anos, pelo menos.
Até porque a Sony está fazendo de tudo para irritar todo mundo.
Lança o PS5 Pro com preço de artigo de luxo, acreditando que todo mundo vai pagar o que for para ter aquilo que o PS5 prometeu e nunca cumpriu.
Ao mesmo tempo, mantém o PS5 no mercado, que está mais caro que o preço original de lançamento. Não importa se é um modelo novo e repaginado, pois isso não é relevante diante de toda a bagunça que estamos testemunhando.
A Sony tem que estar muito otimista para acreditar que os gamers que foram feitos de trouxas vão correr para as lojas para “dobrar a aposta” no PS5 Pro.
Mas é claro que eu posso estar errado, já que tem doido para tudo nesse mundo.
Por fim, não estou dizendo que o PS5 Pro é uma porcaria. Ele é um ótimo produto tecnológico, e fico na torcida para que, dessa vez, ele entregue tudo o que está prometendo.
E torço também para que os seus compradores sejam felizes com ele.
Só estou afirmando que os gamers mais conscientes vão segurar o PS5 por mais quatro anos. E quem tem um PS4 é o cara mais feliz do mundo após essa apresentação do PS5 Pro.
Peço desculpas pelas verdades inconvenientes.
P.S.: enquanto isso, tem uma galera na Nintendo gargalhando com tudo isso, enquanto prepara o lançamento do Nintendo Switch 2.
Para mais, acesse: Blog PlayStation