A batalha entre Sony e Microsoft pela dominância no mercado de videogames domésticos dura mais de 20 anos. E o momento nunca esteve tão crítico para as duas. Mas parece estar pior para a dona do Xbox mesmo.
Ambas apostaram nos títulos exclusivos e, aparentemente, a Sony venceu essa batalha por ter os melhores jogos.
Isso ficou evidente nas duas últimas gerações de consoles, sendo que o PlayStation 4 (117,2 milhões de unidades) vendeu quase o dobro que o Xbox One (58 milhões de unidades).
E a diferença de vendas entre o PS5 e o Xbox Series X | S aumenta de forma assustadora. A proporção é de cinco consoles da Sony vendidos para um da Microsoft no segundo trimestre de 2023.
Então… a Microsoft dava a entender que fez tudo certo com o Xbox. Agora, constatamos que está tudo muito errado.
O que foi que aconteceu?
Antes, tudo era o Game Pass…
Phil Spencer deveria estar aqui, dando a cara para bater e respondendo ao grande público por todas as trapalhadas que fez com o Xbox.
E isso soa até irônico, pois foi o mesmo Phil Spencer que, dez anos antes, basicamente impediu que a Microsoft encerrasse com o Xbox de forma precoce, apostando em diferentes frentes.
A Microsoft investiu pesado no seu serviço de assinatura Game Pass, construindo um vasto catálogo de jogos para os assinantes desde o seu primeiro dia de vida.
Disponibilizou lançamentos em modo “Dia 1 no Game Pass” e durante anos ofereceu jogos de graça para os gamers do Xbox 360 e Xbox One.
E as aquisições bilionárias da Bethesda e Activision Blizzard pareciam confirmar que o futuro do Xbox era mesmo no Game Pass.
Sem falar nos investimentos paralelos, como o conceito de jogos na nuvem. A Microsoft queria que o gamer levasse o Xbox para diferentes dispositivos da forma mais simples possível.
Aliás, muitos hoje entendem que o console é apenas um acessório que você deixa na sala de casa, escritório ou no quarto.
A própria Microsoft deu a entender que a ideia era essa. O que faz muitos acreditarem que o futuro do Xbox console está marcado para o desaparecimento.
Bom… agora estamos questionando se ainda terá futuro para o Xbox depois de tudo o que aconteceu nos últimos meses.
…Agora, tudo são decisões questionáveis
Todo mundo ficou com a impressão que Phil Spencer e a Microsoft começaram a trocar os pés pelas mãos após a conclusão da compra da Activion Blizzard.
Poucos meses depois da compra, a Microsoft teve a coragem de demitir 1.900 funcionários (ou 8% da força de trabalho) da Activision. Isso aconteceu em fevereiro de 2024.
Para completar, a gigante de Redmond também confirmou que alguns estúdios responsáveis pelo desenvolvimento de alguns jogos da empresa seriam fechados.
A “desculpa” da Microsoft foi “a Activision era grande e espalhada demais, e precisamos concentrar as equipes para desenvolver jogos melhores”.
O que não é de todo verdade.
Vários funcionários da Activison foram realocados para outras divisões da Microsoft, enquanto outros simplesmente foram dispensados.
E os projetos em desenvolvimento ficaram com futuro incerto.
Quem confirmou isso foi Sarah Bond, presidente do Xbox, que afirmou naquela constrangedora entrevista para a Bloomberg o que todo mundo já sabia: que a indústria de videogames passa por um momento complicado, pois o crescimento não se reflete em números financeiros:
“No último ano, os videogames permaneceram estagnados. Mesmo em 2023, vimos alguns lançamentos tremendos, jogos inovadores. Mas, mesmo assim, o crescimento não acompanhou tudo isso. E você sabe, muito disso está relacionado à nossa necessidade de atrair novos jogadores e tornar os jogos mais acessíveis. Mas tudo isso aconteceu ao mesmo tempo em que o custo associado à criação desses belos jogos AAA de grande sucesso está aumentando e o tempo necessário para fazê-los também está aumentando.
Portanto, muito do nosso foco no Xbox é sobre como fazemos as coisas para ajudar toda a indústria, ao mesmo tempo em que garantimos que nossa marca, você sabe, tudo o que fazemos esteja presente neste momento de transição relacionado a algumas das tendências que você está identificando.”
Ou seja, se a ideia era juntar equipes para desenvolver jogos melhores, a confirmação da crise e desligamento de funcionários passa bem longe de construir a condição ideal para desenvolver jogos melhores.
Outra decisão controversa da Microsoft foi o fim dos jogos exclusivos para o Xbox. Isso pode aumentar as receitas da empresa, mas perde um dos atrativos para que alguém compre o seu console no futuro.
Jogos como “Indiana Jones and the Great Circle”, que poderiam ser moedas de troca para atrair gamers para o Xbox, deixarão de ser exclusivos em 2025, chegando também ao PS5.
Aliás, a Microsoft conseguiu bagunçar esse calendário de lançamentos de seus “exclusivos” na plataforma rival, já que alguns jogos vão desembarcar no PS5 meses depois do lançamento no Xbox, enquanto outros serão lançados simultaneamente.
A impressão clara que fica é que a Microsoft bate cabeça no meio do caos, mesmo sabendo (em partes) o que quer para o futuro do Xbox.
Está na cara que a Microsoft quer acabar com os consoles de videogames, mas não sabe como fazer isso, pois boa parte dos ativos do Game Pass e da Loja Microsoft existem justamente por causa do Xbox Series.
Tudo pode mudar no futuro, obviamente. Um sinal disso é a surpreendente chegada de três novos modelos dos consoles Xbox ao mercado.
Isso pode indicar que ainda existem muitas pessoas interessadas no produto, mesmo com a Microsoft tentando convencer a todos que dá para jogar os games do Xbox em qualquer lugar.
Mas o grande problema da Microsoft neste momento foi justamente a desvalorização do gamer do console com os recentes aumentos de preços do Game Pass.
O gamer está perdendo o interesse no plano de assinatura de jogos do Xbox, ou redirecionado os recursos para o jogo no PC, que tem mensalidade menor e oferece melhor relação custo-benefício.
Sem falar que, da mesma forma que (praticamente) todas as plataformas de streaming de filmes e séries fizeram recentemente, o Xbox degradou o Game Pass.
Ou seja, você paga A MAIS pelo serviço, mas recebe um produto com CARACTERÍSTICAS PIORES. É a Microsoft otimizando o valor agregado para ela mesma.
E os gamers? Que se lasquem!
Então… só a Microsoft ainda não entendeu por que o Xbox está em crise, e tomando uma surra feia para o PS5.
Ou é o Phil Spencer que não consegue enxergar a situação, ignorando o que o seu consumidor está passando por causa de suas decisões estapafúrdias.