Parece que o velho ditado continua se provando verdadeiro: o homem do tempo e os aplicativos de previsão meteorológica nem sempre acertam. Principalmente aqui em Florianópolis, onde o normal é o erro na hora de prever se vai ou não chover.
Quem nunca se deparou com a situação em que o smartphone prevê chuva com 30% de probabilidade, apenas para ver o céu permanecer surpreendentemente azul em um dia ensolarado? Algo bizarro e, em alguns casos, revoltante.
Afinal… por que essas previsões aparentemente falham tão frequentemente? A resposta está na complexidade do cálculo dessas estimativas meteorológicas.
Ninguém disse que essa era uma tarefa fácil
Num passado não tão distante, as previsões do tempo se baseavam em um conceito aparentemente simples: o passado.
Se em situações similares havia chovido, a probabilidade para chuva no presente era apontada e pronto, sem qualquer tipo de dado científico ou análise mais aprofundada do cenário de momento para realizar tal afirmação.
Com o tempo, a ciência avançou, e novas abordagens surgem para aprimorar a precisão das previsões climáticas. E é aí que entra em cena o intrigante método de previsão do tempo por conjuntos.
Imagine um cenário em que essas discrepâncias nas previsões sejam coisa do passado. Esse é exatamente o objetivo do método de previsão por conjuntos, uma abordagem que utiliza múltiplos cenários para gerar previsões baseadas em estatísticas que são muito mais confiáveis.
Não mais depender de um único palpite para estimar as chances de chuva, mas sim contar com uma gama de possibilidades que pintam uma imagem mais realista e precisa das condições meteorológicas. Um método muito mais científico e preciso do que simplesmente olhar para o céu.
Esse sistema funciona da seguinte maneira: os dados meteorológicos como temperatura, umidade e velocidade do vento, são combinados para criar uma previsão inicial. O grande diferencial desse método é que ele não entrega uma previsão solitária que emerge a partir dos dados mais relevantes, mas sim um conjunto inteiro de possíveis resultados.
Para ser mais preciso, são gerados 50 cenários adicionais com base nos dados iniciais. Todos esses 51 cenários se unem para formar o panorama completo de previsões e, dessa forma, aumentar a precisão da previsão principal a partir do volume de dados e suas variáveis.
E como é a previsão do tempo exibida nos smartphones
A tão mencionada probabilidade de precipitação é aquela que vemos ao olhar para o aplicativo no smartphone, e emerge da análise desses cenários. Nesse momento, a pergunta mais importante é: quantos desses 51 palpites apontam para chuva na prática?
Se 20 previsões apontam para a água caindo dos céus, então a probabilidade de chuva é de 40%. Mas, claro, se todos os 51 cenários concordarem sobre a chuva, então temos 100% de certeza de que o dia será molhado. E é dessa forma que o sistema de previsão do tempo se torna mais preciso, entregando uma estimativa média de chances de chuva a partir de diferentes análises meteorológicas.
Porém, até mesmo o método de conjuntos não é à prova de falhas. Enquanto previsões simples costumam ser confiáveis, situações meteorológicas complexas, como tempestades ou sistemas de baixa pressão conhecidos como DANAS, podem facilmente embaralhar as cartas desse jogo metafórico na descoberta da previsão do tempo.
Um deslize mínimo nos cálculos iniciais pode resultar em desvios astronômicos nas previsões. E é aqui que o método de conjuntos mostra sua competência: com seus diversos cenários, ele evita grandes equívocos, oferecendo uma margem mais realista e útil de possibilidades.
Então, da próxima vez que você olhar para o seu smartphone e se deparar com uma modesta probabilidade de 30% de chuva, lembre-se de que por trás dessa simples estimativa há um processo complexo em ação.
Embora longe da perfeição, essa técnica moderna de previsão por conjuntos tem lançado luz sobre um novo horizonte de precisão nas previsões meteorológicas. E, assim, nos ajuda a encarar com mais confiança o que o céu tem a nos apresentar.
Logo, não adianta reclamar se o seu smartphone indica sol com nuvens e você tomou aquela baita chuva no final da tarde. O que o seu dispositivo faz é algo muito complexo, e sua metodologia não está isenta de falhas.
É melhor ter um guarda-chuva compacto dentro de sua mochila, pois nunca se sabe quando pode começar a chover repentinamente. Certo?