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Por que não era uma boa ideia apagar o incêndio da Catedral de Notre-Dame com aviões?

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O presidente dos Estados Unidos Donald Trump chegou a mencionar a possibilidade de utilizar aviões para combater o incêndio de ontem (15) na Catedral de Notre-Dame. E não podemos culpá-lo por pensar assim. Nesse caso, ele só queria ajudar, e muitos de nós provavelmente pensamos a mesma coisa. Porém, é uma má ideia.

Vamos explicar por que utilizar aviões, helicópteros e outros artefatos aéreos para combater incêndios urbanos é uma péssima ideia.

 

 

Uma péssima ideia

 

 

Pode parecer meio óbvio, mas precisamos lembrar que o avião é tecnicamente inadequado para combater esse tipo de incêndio em uma área urbana por ser algo (obviamente) potencialmente perigoso. A queda de toneladas de água em um edifício como a Catedral de Notre-Dame (com muita madeira envolvida na construção) pode provocar um colapso em sua estrutura, e não apenas pela força do impacto da água no prédio (mas também em função disso). Parte daquela construção é composta de pedras, que absorvem a umidade, aumentando o seu peso e, consequentemente, os riscos de desmoronamento.

Além disso, usar sistemas desenvolvidos para combater incêndios florestais permitem a liberação de muita água, mas só é eficiente em faixas com vários hectares e que não exigem uma elevada precisão para acertar o foco do incêndio. E em um cenário urbano, o uso desse expediente resultaria em uma tragédia ainda maior, com dezenas de feridos na tentativa.

 

 

Então… como apagar um incêndio desse tipo?

 

 

O primeiro problema está na forma em que as igrejas antigas são construídas. Contam sim com muitas pedras na sua estrutura, mas que descansam em enormes quantidades de madeira, sem qualquer dispositivo passivo para frear (ou dificultar a extensão do) incêndios como o de ontem.

Isso aumenta consideravelmente a complexidade do processo. Até onde sabemos, o incêndio teria começado no teto, e os bombeiros se viram obrigados a concentrar na preservação das áreas que poderiam não ser afetadas com uma boa intervenção.

A estrutura e a altura da Catedral tornaram ainda mais complicada a tarefa de apagar o incêndio com mangueiras, pois para conseguir um ângulo apropriado para a ação da água, era preciso colocar os bombeiros dentro do edifício em chamas. Nem preciso dizer que colocar dezenas de pessoas com pesadas mangueiras em uma área com risco de desabamento é um perigo por si.

Tudo isso, sem contar com um pequeno detalhe: em um incêndio, a prioridade é a segurança das pessoas, ou seja, localizar qualquer pessoa que estava dentro da Catedral e retirar ela de lá em segurança. Só depois é possível traçar um plano para apagar o incêndio e tentar salvar todas as riquezas históricas que Notre-Dame guardava.

Em muitas partes da Catedral, a decisão mais correta e sensata foi mesmo esperar que o fogo se consumisse, sem fazer nada. É desesperador e trágico. Mas é a melhor maneira de garantir o próximo passo: a reconstrução de um dos símbolos mais importantes da França.

Isso mesmo. Deixar destruir na tragédia para depois reconstruir.


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