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Por que Google, Meta, Microsoft e Amazon querem roubar um segundo do relógio do planeta?

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Google, Microsoft, Meta, Amazon e duas agências governamentais dos Estados Unidos e França querem (literalmente) roubar um segundo do tempo do planeta Terra, em nome do bom funcionamento da internet.

Pode parecer uma sandice, mas é a mais pura verdade. Os envolvidos mencionados no parágrafo anterior pedem que parem de adicionar segundos ao relógio da Terra de tempo em tempos, pois isso pode provocar um caos nos computadores, além de elevar os custos do fornecimento da internet para os seus serviços.

Bom, quando o assunto envolve dinheiro, já dá para desconfiar que algum fundo de verdade pode existir nesse argumento. Mas… até que ponto?

Vamos tentar entender melhor o assunto.

 

 

 

Por que é importante manter o segundo adicional?

O pedido envolvendo Google, Microsoft, Meta e Amazon não é bem visto pelos cientistas, que defendem que o tempo que atrasamos os relógios é necessário para os ajustes da rotação da Terra, e que isso é muito mais importante que as exigências das gigantes de tecnologia.

Eu me lembro que a última vez que contrariamos a ciência, não deu muito certo: uma leva de negacionistas e antivacinas estão testemunhando a morte dos próprios filhos em nome de suas convicções sem qualquer sentido ou racionalidade.

Mas… vamos deixar esse tema para outro post.

Vamos olhar primeiro para o lado das gigantes de tecnologia e internet, e tentar entender onde esse argumento se encaixa em uma realidade prática.

Os computadores em funcionamento e quase todos os relógios utilizados ao redor do mundo se ajustam em relação a um sistema de medição chamado Tempo Atômico Internacional (TAI). Neste caso o tempo é medido com a ajuda de relógios atômicos que são extremamente precisos.

Há quem diga que esses são os relógios mais precisos do mundo.

O TAI é um pouco diferente do Tempo Solar, já que a Terra muda a sua velocidade de rotação em função de diferentes condições e situações, mesmo que seja o mínimo de um movimento estimado.

Vários fatores podem alterar a velocidade da Terra, como o relevo das montanhas e o deserto. Por isso, depois de uma determinada janela de tempo, é adicionado um segundo ao tempo do planeta, para que o Tempo Solar e o Tempo Atômico Internacional se alinhem. Esse ajuste de tempo é realizado desde 1972.

Ao longo de 50 anos, foram adicionados 27 segundos ao tempo da Terra, o que dá uma média de um segundo adicional a cada dois anos.

Esse segundo adicional é chamado de segundo bissexto, já que seu funcionamento é similar ao do ano bissexto. E aqui termina os motivos da ciência para manter essa adição de tempo.

Agora, vamos entender o que as gigantes de tecnologia defendem para eliminar esse segundo adicional tão importante para os cientistas.

 

 

 

Por que vale a pena roubar um segundo de tempo da Terra?

Porque as gigantes de tecnologia simplesmente não sabem o que fazer com um segundo a mais em suas vidas. Ou melhor, os computadores enfrentam enormes dificuldades para lidar com esse segundo adicional.

O segundo a mais provoca todo o tipo de problemas com os computadores que precisam medir o tempo de forma exata e precisa para as tarefas mais sensíveis dentro de sistemas e ambientes específicos, como por exemplo tarefas de coordenação, gerenciamento de bases de dados, experimentos científicos, sistemas de segurança e outros.

Sobre a parte de segurança, eu posso falar com conhecimento de causa.

Um dos prédios que eu frequento aqui em Florianópolis (SC) utiliza o sistema de QR Code de convidado para permitir a entrada de visitantes. Porém, se o meu smartphone está atrasado em relação ao relógio do sistema de segurança, mesmo que em um minuto, eu não consigo entrar no prédio.

Agora, imagine computadores responsáveis por tarefas sensíveis ou com dados muito importantes que precisam ser gerenciados.

Em 2012, o Reddit experimentou os efeitos dessa alteração do tempo na prática, pois sofreu uma queda em massa do seu servidor por conta de um desses segundos bissextos. O evento confundiu o temporizador do serviço, o que provocou uma hiperatividade nos servidores, bloqueando a CPU das máquinas que sustentavam a plataforma.

E este não é um caso isolado. Em 2017, o segundo extra fez com que um dos recursos de medição de tempo do Cloudflare registrasse um valor negativo. A consequência desse registro foi a falha completa do serviço de DNS, bloqueando de forma quase ingênua o acesso a milhões de sites durante um bom período.

Eu me lembro desse dia. E me lembro que esse foi um cenário de caos para muitos sites, produtores de conteúdo e empresas.

Fato é que essas falhas aconteceram por erros de programação em valores mal gerenciados ou não previstos, mas nenhuma grande empresa de tecnologia vai reconhecer isso abertamente. E quem reconhece o problema vai ter que gastar muito tempo e dinheiro em busca de uma solução que abrace a todos os usuários.

E, por tudo isso, Meta, Google, Amazon, Microsoft, o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologias dos Estados Unidos (NIST) e o Bureau International de Poids et Mesures (BIPM) pedem o fim desse segundo adicional que tantos problemas entregam aos computadores e servidores de todo o planeta.

Para esse grupo, não somar os segundos bissextos não será um grande problema para a Terra e seus computadores daqui até 2.000 anos. O respaldo das agências governamentais é algo importante para a iniciativa, mas a decisão definitiva só será tomada em 2023, e todos os envolvidos precisam estar de acordo para que se alcance uma solução definitiva.

 

 

 

Um segundo é um segundo

Tempo é dinheiro, e esse é um ditado que todo mundo conhece. Principalmente os executivos que estão por trás das gigantes tecnológicas.

Ou seja, ninguém quer perder a oportunidade de manter os seus equipamentos funcionando de forma plena e, por conta de um problema aparentemente menor do que parece, perder dinheiro com os problemas resultantes desse tempo adicional nas vidas das pessoas.

Para mim, um segundo só faz diferença em alguns cenários do dia a dia e, ainda assim, de forma muito mais eventual do que objetiva. Se um segundo vai fazer falta da sua vida, eu não sei.

Mas acho ótimo o fato da ciência estar de olho em uma eventual demanda sem sentido por parte das gigantes de tecnologia.


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