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Por que eu não chorei em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

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Não se preocupe. Não tem spoilers do filme neste artigo.

Fui aos cinemas para assistir Pantera Negra: Wakanda Para Sempre com a expectativa lá no alto. O hype para o filme estava mais do que construído com os trailers espetaculares, e eu estava curioso para entender qual era a solução que Ryan Coogler deu para o problema da morte de Chadwick Boseman.

E esse filme se materializou como a grande homenagem da Marvel Studios para o legado que o ator deixou no Marvel Cinematic Universe (MCU), mesmo com uma passagem tão repentina.

Eu estava preparado para me desmanchar em lágrimas após 2h41 minutos de filme…

…e isso não aconteceu.

A seguir, apresento os meus motivos.

 

Eu peguei ranço da Letitia Wright

Quem acompanhou os bastidores de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre sabe muito bem da quantidade de problemas que Letitia Wright deu para Ryan Coogler, Kevin Feige e todo o time de produção do filme.

A atriz disseminou discursos negacionistas e antivacina nos sets de filmagem e nas redes sociais, e se recusou a se vacinar contra a COVID-19, o que atrasou a produção do filme em alguns meses, criando um ambiente de trabalho problemático. Além disso, ela sofreu um sério acidente durante as filmagens do longa, o que fez com que o processo se paralisasse por mais algum tempo.

Logo, assistir ao filme e ver a atriz como protagonista efetiva da história me causou irritação. E isso, porque Shuri apresenta uma efetiva evolução de personalidade que se alinha com a personagem que os fãs dos quadrinhos conhece em sua origem.

Eu entendo que várias cenas de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre são efetivas reações pessoais dos atores em relação ao luto pela perda de Chadwick Boseman. Porém, Letitia Wright (ou melhor, o meu ranço contra essa atriz) conseguiu contribuir para a minha desconexão emocional do filme.

 

Um filme com algumas soluções fáceis

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre corrige alguns problemas técnicos do primeiro filme, como por exemplo nos efeitos visuais que estão muito melhores (aliás, fica evidente que a Marvel Studios trabalhou pesado na pós-produção aqui).

Além disso, esse filme melhorou aspectos que já funcionaram antes, como as cenas de luta impecavelmente coreografadas e a ambientação de Wakanda, que está ainda mais bela e exuberante.

Por outro lado, a história apresentada por Ryan Coogler apresenta em alguns momentos aquilo que eu chamo de “soluções fáceis de roteiro”. Determinados elementos argumentativos que são pontualmente colocados para encaminhar a história para um ponto futuro, justificando aquele argumento inicial.

O problema aqui é que Pantera Negra: Wakanda Para Sempre faz isso de forma quase didática, onde qualquer pessoa que não cochilou em nenhum segundo consegue perceber por que aquilo está acontecendo, oferecendo um fator de previsibilidade de eventos que pode incomodar aos mais exigentes.

Não estou aqui dizendo que o filme é ruim por causa disso. Porém, para quem fica prestando atenção para os detalhes, algumas decisões tomadas geram logo o pensamento do “é óbvio que isso aqui vai resultar nisso aqui”, e isso ajudou a matar em mim o tom melancólico que a história poderia entregar.

 

É um pouco mais longo do que o necessário

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre tem 2h41 de duração. É um dos filmes mais longos da Marvel Studios. Para se ter uma ideia, ele é mais longo que o excelente Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa.

O filme leva pelo menos 20 minutos homenageando o legado de Chadwick Boseman no seu começo, o que é justo. Porém, gasta um pouco de tempo que é desnecessário para apresentar alguns dos seus argumentos para desenvolver a necessária empatia entre os envolvidos que, por sua vez, gera o envolvimento para os cenários de conflito apresentados.

Até o filme engrenar, algumas coisas acontecem que duram tempo demais para serem desenvolvidas. Sem falar que pelo menos um grande argumento narrativo foi apresentado e, por escolha de roteiro, foi solenemente esquecido, sem uma conclusão exata.

Bom, pelo menos abriu as portas de vez para um filme futuro do MCU: Os Thunderbots. E, desculpa, mas não é spoiler dizer que Julia Louis-Dreyfus está no elenco de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre.

Agora, vá aos cinemas para entender por que ela está no filme. Você certamente vai encontrar novas informações sobre a Condessa Valentina Allegra de la Fontaine.

 

No final, o saldo ainda é positivo

Apesar de não me desmanchar em lágrimas como esperava, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre é sim um ótimo filme. Tudo bem, existe uma certa decepção da minha parte por não alcançar a tal conexão emocional com o luto coletivo pela morte do Chadwick Boseman (e eu acho que as perdas do mundo real no dia de ontem – morte de Gal Costa e Rolando Boldrin – afetaram nesse processo), mas a minha experiência não foi invalidada.

Mesmo com os problemas que detectei na história e mencionei ao longo deste artigo, eu recomendo fortemente que você vá assistir ao último filme da Fase 4 do MCU. Apesar de sua narrativa mais lenta no começo, ele engrena na sua hora final de forma sustentável, deixando os seus recados claros sobre os pontos que a Marvel Studios sempre está defendendo, principalmente nos aspectos de diversidade.

Riri Williams (que, por sinal, é uma personagem criada por um brasileiro) e Namor são muito bem introduzidos neste universo, e acho que a série da Coração de Ferro pode render bem no Disney+. E, é claro, existem algumas pontas soltas que podem ser amarradas no futuro com as produções da Marvel Studios que estão por vir.

Por fim, devo lembrar ao amigo leitor que a minha perspectiva sobre Pantera Negra: Wakanda Para Sempre leva muito em consideração questões pessoais que não se aplicam a outras pessoas. Eu entendo que os fãs de Chadwick Boseman ou aquelas pessoas que se sentiram sensibilizadas com sua morte vão encontrar no filme uma justíssima homenagem a um ator que deixou tantos impactos positivos no cinema com sua curta carreira.

Por outro lado, eu realmente gostaria de ter me envolvido emocionalmente com essa experiência cinematográfica, mas não consegui. Muito provavelmente vou chorar copiosamente quando reassistir a esse filme no futuro.

Neste momento, não era para ser assim. E sei que vou refletir durante algum tempo sobre isso.

 

P.S.: o filme tem apenas uma cena pós-créditos, logo depois da exibição do título oficial do longa. E a canção da Rihanna para o filme, “Lift Me Up”, é executada na íntegra na exibição da primeira parte dos créditos (e eu já estou na torcida por essa música no Oscar 2023).

 


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