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Por que a Sony mantém os conectores para fone de ouvido nos seus smartphones Xperia em pleno 2023?

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Os japoneses são milenares, conservadores e, em alguns casos, teimosos. E nem venham brigar comigo por causa dessa afirmação, pois a Nintendo é a prova material de que eu tenho razão.

Algumas coisas se tornaram definitivas no mundo da telefonia móvel, e uma delas é o desaparecimento do conector para fones de ouvido dos smartphones. Esse elemento não está mais presente nos dispositivos mais avançados e intermediários dentro do setor, e os lançamentos dos últimos anos são provas claras disso.

No entanto, a Sony é a única marca que mantém o conector de 3,5 mm para os fones de ouvido em seus smartphones de última geração. E vou explicar porque o Sony Xperia mantém esse item em pleno 2023, enquanto a concorrência o elimina.

 

Sony mantém fortes convicções

A Sony é japonesa na alma, pois não abre mão de suas convicções. Um exemplo disso foi a luta para abandonar o design Omnibalance, que estava nos seus smartphones desde 2018.

No caso do conector para fones de ouvido, isso não é algo tão ruim assim. Ele está presente nos telefones top de linha da Sony desde 2017, e a defesa da Sony na permanência desse item está na ideia clara de que a plena qualidade de áudio passa por esse item.

Palavras da Sony sobre o assunto:

“Equipamos os nossos smartphones com uma tomada de áudio de 3,5 mm e a melhor ligação sem fios para que, combinando o suporte DSEE Ultimate e LDAC, possa desfrutar de serviços de streaming com som de alta resolução. Não cuidamos apenas dos detalhes no som, mas também buscamos a melhor qualidade na tela e na câmera. Devemos poder desfrutar do conteúdo oferecido pelos criadores ou, também, poder criar o nosso próprio conteúdo tal como o imaginamos”

Tecnicamente falando, o argumento da Sony é sólido como uma rocha: se você deseja manter a mais alta fidelidade entre o conteúdo original e o que seus ouvidos ouvem, o cabo é o caminho a percorrer.

Para os demais fabricantes de smartphones, os fones Bluetooth já alcançaram uma qualidade de áudio boa o suficiente para dispensar o item, liberando um espaço interno para outros componentes, ou até mesmo para uma bateria maior.

 

Espaço interno vs qualidade de áudio

Para a grande maioria dos fabricantes de smartphones que não respondem pelo nome Sony, quanto mais compacto e leve for o smartphone, melhor.

A tela tende a determinar as dimensões finais de um smartphone, e integrar um conector físico do tamanho do conector para fones de ouvido de 3.5 mm implica no deslocamento de outros elementos internos do telefone, incluindo a redução da capacidade de bateria.

E esse é um preço que poucos fabricantes estão dispostos a pagar, pois o benefício da melhor qualidade de áudio não é tão relevante quanto a maior capacidade de bateria, que é algo que a maioria dos usuários pede hoje nos seus telefones.

Logo, podemos entender a essa altura do conteúdo que os smartphones da Sony se apresentam como alternativas para os usuários mais exigentes ou puristas para quem deseja ter uma maior qualidade de áudio na hora de ouvir músicas e podcasts.

E isso é relevante, pois até mesmo esse grupo mais restrito de usuários merece ter pelo menos uma marca que está disposta a atender a essa demanda.

Mesmo porque…

 

O som via Bluetooth sempre tem perda de qualidade

Por mais que o Bluetooth tenha evoluído a passos largos nos últimos anos, alguns limites típicos da tecnologia resultam em uma perda de qualidade de áudio, o que torna o resultado final inferior ao alcançado pelos fones de ouvido com cabo.

De acordo com Marc Bara, professor da OBS Business School, a principal característica dos fones Bluetooth que afastam os usuários mais exigentes no consumo de música nos smartphones dessa tecnologia é a latência, algo que se faz presente também no consumo de filmes e execução de jogos no dispositivo.

Palavras de Marc:

“A conexão com fio tem latência menor, o que significa que há menos atraso entre a fonte de áudio e os fones de ouvido, o que pode ser importante para determinados aplicativos, como jogos e transmissão ao vivo. Por outro lado, o streaming sem fio por Bluetooth tem latência mais alta, resultando em atraso no áudio e uma experiência de audição menos fluida.”

E esse é mais um argumento a favor da decisão da Sony, reforçando o sentido de necessidade da presença do conector dos fones de ouvido nos seus telefones.

Porém, vários fabricantes (incluindo a própria Sony) conseguiram ajustar a sincronização dos dados Bluetooth entre os dispositivos conectados, otimizando a latência que hoje pode ficar abaixo dos 60 milissegundos.

Esse fluxo de dados entre os fones Bluetooth e o smartphone pode ser algo imperceptível para a maioria dos usuários. Só quem tem ouvido treinado é que pode perceber essa perda de áudio e, mesmo assim, isso pode cair no campo do subjetivo, e as perdas reais só podem ser estimadas de forma adequada com o uso de softwares dedicados.

A melhor qualidade dos fones de ouvido com fio é alcançada quando o áudio passa por um chip específico, o DAC (Digital to Analog Converter). Ele converte as informações em uns e zeros do arquivo de áudio digital em impulsos elétricos que são enviados pelos fios de cobre dos fones de ouvido até alcançar os controladores que, por sua vez, geram diferentes níveis de pressão do ar que são convertidas em ondas sonoras que o seu cérebro interpretam como música.

No caso dos smartphones da Sony, temos os codecs LDAC e AptX Lossless da Qualcomm trabalhando para entregar um áudio de alta definição mais avançado via Bluetooth ou na transmissão do áudio via cabo.

E, mesmo assim, algumas frequências do áudio original são perdidas na conversão. E estamos falando aqui de uma combinação de tecnologias das mais eficientes do mercado neste sentido.

 

Bluetooth e seus problemas de largura de banda

Outra grande desvantagem do áudio Bluetooth em relação aos conectores de áudio de 3.5 mm está na largura de banda, que é o volume de informações por segundo transmitidos entre o telefone e os fones de ouvido.

Quanto maior o volume de dados enviados entre os dispositivos envolvidos na reprodução mais fiel ao original será o áudio final que o ouvido humano recebe.

Para que o áudio seja ouvido com qualidade de CD seja necessária uma transmissão de 1.411 Kbps. O codec LDAC da Sony atinge no máximo os nada desprezíveis 990 Kbps, e essa pequena diferença já representa uma perda de informação que não será reproduzida nos fones de ouvido.

O mais curioso é que os algoritmos de compressão de som usados pelos codecs são tão bons, que eliminam apenas as frequências menos perceptíveis ao ouvido humano. Logo, só os ouvidos mais sensíveis ou bem treinados vão notar reais diferenças entre o áudio original e o áudio com compressão.

Por isso (também), a Sony tem lá os seus motivos por manter e defender os conectores para fones de ouvido de 3.5 mm. Mesmo porque é responsável por uma das melhores tecnologias de compressão de áudio sem fio do mercado, e deseja de forma efetiva oferecer a melhor experiência de uso para os seus consumidores.


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