É até estranho ver a Apple não aproveitando as oportunidades para crescer em vendas no mercado de smartphones. A empresa é, de forma indiscutível, uma força dominante do setor, mas teve uma estagnação em 2024 na distribuição das unidades do iPhone.
O mercado como um todo dá sinais claros de recuperação, após tudo o que aconteceu no planeta a partir de março de 2021. E se a Apple não aproveitou para ganhar mercado, alguém se deu bem nessa história (e nem precisa pensar muito para descobrir quem se beneficiou disso).
Neste artigo, vamos entender como ficou o mercado de smartphones em 2024, e descobrir por que a Apple cresceu tão pouco ao longo do ano.
O cenário do mercado de smartphones em 2024
As vendas globais de smartphones devem crescer 6,2% em 2024, totalizando aproximadamente 1,24 bilhão de unidades vendidas, em sinal claro de recuperação do mercado após um período de declínio, especialmente no pós-pandemia, onde a demanda reprimida por novos dispositivos se tornou evidente.
o ano pode não chegar perto de ser espetacular, com números muito mais modestos do que aqueles registrados durante a “era de ouro” dos smartphones. Mas ao menos registra um crescimento, e temos que começar de algum lugar.
A consultoria IDC destaca que esse crescimento é impulsionado principalmente por smartphones com o sistema operacional Android, que tiveram um desempenho muito mais robusto em comparação com a Apple, que viu suas vendas crescerem apenas 0,4%.
O que explica a estagnação da Apple?
O principal motivo para que a Apple estancasse nas vendas está justamente nos números das vendas de telefones Android e, em partes, nos números que os compradores do iPhone não querem deixar na fatura do cartão de crédito.
Os dispositivos Android apresentaram um crescimento de 7,6% em relação a 2023, refletindo uma forte demanda por aparelhos mais acessíveis, algo que o iPhone 15 e 16 não são de jeito nenhum.
O aumento nas vendas do Android é particularmente notável em mercados emergentes, como a América Latina, Oriente Médio, África e China, onde a presença de smartphones de baixo custo é predominante.
Fica evidente que o grande grupo consumidor está pensando na melhor relação custo-benefício, e não exatamente na melhor experiência, as melhores câmeras ou o processador mais potente.
Outro fator que está influenciando no volume de vendas do Android é a China, onde a Apple perdeu a liderança para a Huawei, que recuperou espaço no país após anos de sanções norte-americanas.
A Huawei está apostando pesado no seu mercado doméstico (que é enorme) e na independência da marca em relação ao Android.
O HarmonyOS Next será um elemento decisivo para a manutenção do crescimento da Huawei na China e em outros mercados estratégicos. E pensando apenas no seu país, a criação de um ecossistema próprio com esse novo sistema operacional pode selar o destino da Apple por lá.
Agora, some com tudo isso o fato da Huawei lançar recentemente o Mate 60 Pro na China, e a gigante de Cupertino tem mais é que coçar a cabeça e pensar sobre o que vai fazer para se manter relevante no país asiático.
A popularidade de marcas como a Huawei, que lançou o Mate 60 Pro, tem contribuído para essa dinâmica, desafiando a liderança da Apple em mercados como a China, onde a Huawei recuperou espaço após anos de sanções.
Apple continua bem nos países emergentes
Apesar do crescimento modesto ao redor do planeta, a Apple ainda apresenta um desempenho chamativo em países emergentes, especialmente na Índia.
Isso pode indicar que o comportamento do consumidor não mudou sobre a percepção à marca Apple: sinal de status, para mostrar ao mundo que você está progredindo na vida.
O grande problema da empresa de Tim Cook está em mercados mais relevantes, onde o iPhone teve que encarar uma concorrência que melhorou muito nos últimos anos.
Estou falando da própria China, de boa parte da Europa e até mesmo no seu quintal, os Estados Unidos.
A IDC observa que a Apple precisa inovar e adaptar suas estratégias para manter sua participação de mercado, principalmente agora diante do ressurgimento da Huawei, que passou a competir com chips próprios de alto desempenho e o seu já mencionado sistema operacional.
A influência da Inteligência Artificial
A inteligência artificial (IA) generativa ainda não teve um impacto significativo nas vendas de smartphones, segundo a IDC.
A consultoria sugere que mais investimentos são necessários para desenvolver recursos de IA que sejam considerados indispensáveis pelos consumidores.
De fato, a maioria dos usuários ainda tem receio em usar a IA. E quem está usando cria memes ou receitas absurdas ao longo do dia.
Ou usa para criar textos mais longos para determinados blogs de tecnologia, apenas e tão somente para oferecer um conteúdo mais completo para quem está interessado em ler.
A falta de um recurso de IA atraente pode estar impedindo um crescimento mais acelerado desse recurso, semelhante ao que ocorre no mercado de computadores, onde a IA não é vista como um fator decisivo na troca de dispositivos.
O mercado de smartphones precisa agir para conscientizar os consumidores sobre as inovações tecnológicas presentes nos telefones que chegam ao mercado, mostrando como a IA pode ser útil no dia a dia do usuário comum.
A IDC enfatiza que, para que a IA se torne um diferencial competitivo, é essencial que as empresas apresentem funcionalidades que realmente atraiam os consumidores.
Além disso, a TrendForce complementa a análise apontando que a chegada ao mercado dos smartphones com NPU (Unidade de Processamento Neural) integrada pode ter dificultado o crescimento do setor, devido ao aumento de custos dos dispositivos para o consumidor final.
E todo mundo sabe que o preço ainda manda como mais relevante critério de escolha para qualquer consumidor na hora de investir dinheiro em um novo smartphone.