O Polymarket é uma plataforma de mercados de previsão que permite aos usuários apostar em eventos futuros, incluindo resultados eleitorais. Mesmo que a escolha de um presidente de uma nação seja uma escolha popular, democrática e que, em teoria, não deveria receber a influência de apostadores.
Desde sua fundação em 2020, a plataforma ganhou notoriedade por oferecer uma alternativa às pesquisas tradicionais de opinião, permitindo que os apostadores coloquem dinheiro real em candidatos que acreditam que vencerão.
Como estamos na era das apostas (e todas as polêmicas e consequências que a prática em massa está gerando no Brasil), entendo que vale a pena dar uma olhada no que aconteceu recentemente nos EUA, já que o mesmo pode acontecer por aqui no futuro.
Como funciona o Polymarket
Os usuários do Polymarket podem comprar tokens “sim” ou “não” relacionados a eventos específicos. Se o resultado em que apostaram se concretizar, eles podem trocar esses tokens pelo valor proporcional ao total apostado.
Por exemplo, se um token “sim” para a vitória de um candidato custa 61 centavos de dólar e esse candidato vence, o apostador receberá 1 dólar por token.
Ao apostar dinheiro real, os usuários tendem a ser mais racionais em suas previsões, já que suas apostas refletem um compromisso financeiro.
Isso pode resultar em análises mais precisas do que as pesquisas tradicionais, que muitas vezes são influenciadas por viés de resposta.
Além disso, os mercados de previsão podem reagir mais rapidamente a mudanças na percepção pública e eventos políticos do que as pesquisas, que têm um ciclo de coleta e análise mais longo.
Isso foi evidenciado nas eleições americanas, onde o Polymarket frequentemente mostrava Donald Trump com chances melhores de vitória antes mesmo das pesquisas indicarem uma tendência clara.
Onde está o problema?
Alguns especialistas estão preocupados com a possibilidade de manipulação dos mercados, onde apostadores com grandes quantias poderiam distorcer as odds a seu favor.
E esse potencial destrutivo pode ser potenciado quando estamos falando de algo tão importante como, por exemplo, o líder político da nação mais importante do planeta.
Dessa forma, existe a real possibilidade de um apostador (ou um grupo de apostadores) influenciarem as eleições em nome de altos lucros das apostas.
Sem falar na distorção objetiva da realidade dos eleitores.
O público às vezes confunde as odds do Polymarket com intenções de voto reais. As odds representam a probabilidade percebida de um evento ocorrer, mas não necessariamente a porcentagem de apoio entre eleitores.
É parecido com as odds para eventos esportivos, com a diferença de que a percepção distorcida pode influenciar na escolha para presidente de uma nação.
E é exatamente isso o que muitos analistas desconfiam que pode ter acontecido na eleição para a presidência dos EUA em 2024.
O impacto nas eleições
O Polymarket tem se tornado um termômetro importante para prever resultados eleitorais nos EUA. Recentemente, apostadores na plataforma previram com sucesso a vitória de Trump nas eleições de 2024, onde ele foi visto como tendo uma chance superior à sua concorrente Kamala Haris.
Já as pesquisas tradicionais indicavam chances maiores de vitória de Harris, mesmo com todas as pesquisas indicando um empate técnico entre ela e Trump.
Tanto, que muitos entendem que a vitória de Donald Trump pode ser considerada como “uma surpresa ou zebra”.
Essa dinâmica do Polymarket levanta questões sobre como os mercados de previsão podem influenciar a percepção pública e até mesmo o comportamento eleitoral.
E como essa discussão precisa avançar para não resultar em uma manipulação em massa de todo o processo em função do poderio financeiro de um pequeno grupo.
Que o Polymarket representa uma nova era na previsão eleitoral, não resta a menor dúvida. Mas combinar apostas financeiras com previsões políticas levanta questionamentos éticos e práticos que precisam ser considerados à medida que essas plataformas se tornam mais prevalentes no cenário político.
E esse é o tipo de plataforma que, se chegar ao Brasil, pode influenciar de forma decisiva no processo eleitoral.