O CEO do Telegram, Pavel Durov, foi preso na noite de sábado (24) no aeroporto Paris-Le Bourget (França), após seu jato particular pousar.
O imediatismo da detenção mostra que as autoridades do país já tinham sido previamente alertadas para este voo, e que o processo legal da prisão já tinha começado antes mesmo do executivo chegar na França.
As autoridades francesas prenderam Durov sob um mandado relacionado a crimes vinculados ao aplicativo de mensagens.
E tais acusações passam longe de serem meras distorções da imprensa, pois quem usa o Telegram todos os dias sabe muito bem que, de fato, a plataforma deixa a desejar na moderação de conteúdo considerado controverso e ilegal em vários países.
As acusações contra o Telegram
Nesse momento, o Telegram enfrenta críticas por sua suposta falta de moderação, sendo acusado de não colaborar com investigações sobre tráfico de drogas, conteúdo sexual infantil e fraudes.
Já a plataforma de mensagens alegou em resposta às demandas que não possui capacidade logística para realizar uma moderação adequada, considerando o volume de usuários na plataforma.
É um cenário similar ao que aconteceu recentemente no Brasil, onde o X (antigo Twitter) recebeu pressões para trabalhar em conformidade com as leis locais.
A investigação ainda está em fase preliminar, e não há acusações formais contra Durov nesse momento. Mas sua prisão nos leva a pensar que essa investigação está em estágio avançado, já que foi dado o respaldo legal para a sua detenção.
A embaixada russa na França solicitou acesso a Durov, reforçando os direitos que o empresário possui em um cenário como esse.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia criticou a detenção, sugerindo que o Ocidente aplica padrões diferentes em questões de liberdade de expressão e direitos humanos.
É esperado que o depoimento de Durov seja pomado ao longo do dia de hoje (25), mas não há informações se a prisão será temporária ou definitiva.
A reação na comunidade tecnológica
A prisão de Durov gerou reações na comunidade tecnológica, incluindo comentários de figuras proeminentes como Elon Musk.
Algumas vozes alegam que a prisão de Durov pode ser encarada como uma tentativa de cerceamento da liberdade de expressão.
Já outros afirmam a real necessidade e responsabilidade dos líderes globais em moderar conteúdos potencialmente prejudiciais ao coletivo.
De fato, o Telegram é mais flexível em suas políticas de moderação de conteúdo, e muitos políticos estão utilizando a plataforma para a disseminação de notícias falsas e desinformação, e pouco é feito sobre o assunto.
O Telegram é conhecido por permitir grupos de até 200.000 membros, o que facilita a disseminação de informações, incluindo desinformação e conteúdos extremistas.
Especialistas em segurança cibernética apontam que a moderação do Telegram é significativamente mais fraca em comparação com outras plataformas, o que pode ter consequências graves para a segurança pública.
O histórico de Pavel Durov
Pavel Durov, além de ser o atual CEO da empresa, fundou o Telegram em 2013 e deixou a Rússia em 2014, após se recusar a atender às exigências do governo.
Desde então, o Telegram está operando em Dubai (Emirados Árabes), justamente por conta do desentendimento com as autoridades russas por se recusar a censurar o conteúdo da oposição a Vladimir Putin.
O aplicativo tem uma base de usuários sólida na Rússia e em outros países da ex-União Soviética, mas já enfrentou proibições e reveses em sua operação.
E no Brasil, chegou a ser ameaçado de banimento, após apresentar a mesma resistência em se enquadrar às leis brasileiras.