Fato: nós odiamos a inclusão de anúncios e as restrições de compartilhamento de contas na Netflix. Foram medidas muito ruins da plataforma, e infelizmente foram replicadas por praticamente todas as plataformas de streaming do mercado.
Mas de nada adianta reclamar se os protestos não resultam em quedas de assinaturas dentro do serviço. Pelo contrário: a base de usuários pagantes da Netflix aumentou, mostrando que a estratégia funcionou muito bem para o serviço de streaming.
No final das contas, o crime da Netflix compensou, e quem está pagando pelo plano Básico com Anúncios é cúmplice na estratégia que será copiada por toda a concorrência.
Impacto financeiro positivo (para a Netflix)
Mesmo com todas as críticas que a Netflix recebeu na internet, os relatórios financeiros da empresa mostram um crescimento de assinantes, mostrando claramente que a decisão de restringir o compartilhamento de contas gerou uma adesão maior aos planos pagos, aumentando as receitas da plataforma.
Era o que a Netflix queria, basicamente.
O plano com anúncios da Netflix conquistou mais de 70 milhões de usuários mensais. E esse número quase dobrou em comparação com o que foi registrado no último mês de maio de 2024, mostrando como a estratégia funcionou muito bem.
Mais de 50% dos novos usuários optam inicialmente pelo plano com anúncios, refletindo uma mudança no perfil de consumo, onde custo-benefício é priorizado. Agora, pense em quantos usuários migraram para um plano sem anúncios para obter uma experiência de uso melhor na plataforma, pagando a mais por isso.
Expansão global
O plano com anúncios está disponível em apenas 12 países que serviram como uma espécie de “grande campo de testes”. O Brasil é um desses países onde essa modalidade de mensalidade foi implementada pela plataforma de streaming líder de mercado.
E a Netflix observou um progresso constante na aceitação dessa modalidade, conforme mencionado por Amy Reinhard, presidente de publicidade da plataforma.
Vale lembrar que esse segmento de publicidade na Netflix é um recém-nascido, com tamanho muito menor em relação aos de outros gigantes do streaming. As propagandas dentro dos conteúdos da plataforma ainda são muito recentes.
Mas marcam a maior mudança de paradigma da Netflix ao longo de sua história.
Por anos, a Netflix era sinônimo de conteúdo sob demanda sem interrupções publicitárias, diferenciando-se da televisão tradicional.
Agora, a inclusão de anúncios reflete uma mudança para um modelo híbrido, mais parecido com a TV por assinatura tradicional, em um comportamento que é copiado por outras plataformas.
No final das contas, a limitação de contas compartilhadas foi uma estratégia polêmica, mas que funcionou para a Netflix, que conseguiu otimizar a monetização.
Quem estava acostumado a compartilhar contas fora da família teve que se virar para seguir assistindo aos conteúdos da Netflix. E como não poderiam mais dividir as contas com quem já tinha o serviço, não teve outra alternativa a não ser pagar para seguir assistindo a programação.
Ou buscar outras plataformas de streaming, ou até mesmo recorrer aos canais FAST, que não cobram absolutamente nada para assistir aos conteúdos com publicidade ou intervalos comerciais.
Exatamente da mesma forma que acontece com a TV aberta.
Percebeu como estamos voltando às origens no consumo de conteúdo televisivo?