O vídeo é parte do sucesso dos podcasts. E em um passado distante (principalmente no Brasil) muito tempo se perdeu com a discussão inútil sobre o que é ou não podcast.
A geração atual definiu isso de forma bem simples: uma conversa de três horas transmitida pelo YouTube. E isso ajudou a popularizar o formato.
A integração do vídeo permite uma maior conexão com o público, que pode identificar a linguagem corporal, conferir as expressões faciais e apreciar o ambiente de gravação.
Em 2024, o podcast foi definido como uma experiência COM vídeo. 64% dos novos ouvintes preferem esse formato. E o YouTube se deu muito bem com isso, superando o Spotify no formato.
YouTube como protagonista, TikTok como coadjuvante
O YouTube é, nesse momento, a plataforma líder na descoberta e consumo de podcasts no mundo. Seu algoritmo eficiente consegue recomendar conteúdos relevantes de acordo com o histórico de visualização do usuário.
Qualquer podcaster de respeito precisa estar no YouTube para conquistar novos públicos e expandir a sua audiência.
A monetização pode até não valer tanto a pena assim, mas as ferramentas de análises de dados são fundamentais para quem quer compreender o que precisa fazer para crescer dentro da plataforma.
Mas um podcast não pode depender apenas do YouTube para prosperar.
Muitos produtores de conteúdo estão utilizando o TikTok e o Instagram como ferramenta de promoção de podcasts e outros formatos de vídeo.
Trechos de episódios completos que são bem editados ou com partes interessantes da conversa acabam atraindo a atenção do público, e redirecionando a audiência para o conteúdo principal no YouTube.
Os cortes atuam como “iscas” para despertar a curiosidade do usuário, que vai procurar o episódio completo em outras plataformas.
Neste caso, os produtores de conteúdo aproveitam a fase do aumento do consumo de vídeos curtos para alcançar ou convencer aqueles que não querem ver vídeos longos com tanta frequência.
Adaptação? Ou estagnação?
Podcasts apenas de áudio podem ter sérios problemas em permanecer no mercado se não se adaptarem à era do vídeo, e seus criadores correm o risco de perder relevância, ficando para trás nessa corrida.
Na prática, todo mundo vai ter que investir uma boa grana em equipamentos de gravação de vídeo, ferramentas de edição e as nuances das plataformas para otimizar o conteúdo.
No passado, não era assim.
Praticamente qualquer pessoa poderia ter um podcast. Bastava ter um bom microfone, saber editar no Audacity e publicar em uma plataforma para distribuir o áudio.
Porém, no tal passado distante, o podcast era só áudio. Era tudo muito mais fácil.
E não adianta investir em equipamentos e adicionar o vídeo para ter um podcast de sucesso.
A interação direta com o público com comentários, enquetes e transmissões ao vivo cria um senso de comunidade, o que fideliza a audiência.
Espectadores passivos se tornam fãs engajados, que tendem a interagir e compartilhar mais o seu conteúdo. Os criadores precisam ficar atentos às mecânicas que incentivam a essa participação da audiência nos programas.
Um futuro híbrido
A popularização do vídeo nos podcasts abre portas para novas formas de monetização, o que é sempre algo muito positivo. Não dá para depender exclusivamente do AdSense se você quer crescer.
Se tornou comum ver podcasts patrocinados por marcas e serviços, além da própria venda de produtos próprios de forma direta nos episódios.
O próprio YouTube conta com recursos dedicados para uma monetização adicional, como o Clube dos Membros e a loja virtual vinculada aos canais.
O mundo ideal pede que você crie uma via alternativa de monetização FORA do YouTube, só para garantir uma maior estabilidade financeira (e uma menor dependência de um algoritmo).
O futuro dos podcasts tende a ser algo híbrido, em uma combinação de um áudio com qualidade sonora e de conteúdo com o apelo visual do vídeo.
Não creio que os podcasts que ainda estão no formato tradicional, que entregam o seu conteúdo apenas em áudio, vão desaparecer. Só vão ter mais dificuldades em se tornarem visíveis para o grande público.
A tendência é que, cada vez, mais, o vídeo seja explorado para expandir o alcance dos podcasts, criando uma conexão mais sólida com o público.
Uma abordagem híbrida vai permitir que os podcasts alcancem diferentes públicos, se adaptando às preferências de consumo.
O ano de 2024 deixa como lição uma mídia “podcast” mais do que consolidada, depois de quase 30 anos de atividades na internet.
E o YouTube como grande vencedor (ou impulsionador) do formato, que se transformou em via de entretenimento ao redor do mundo.
Via The Verge