Se você não gostou dos vídeos que foram publicados no canal do YouTube do TargetHD.net nas últimas semanas e decidiu manifestar isso clicando em dislike (ou não gostei), eu lhe agradeço por isso. E digo: tanto faz, eu não me importo.
Na verdade, eu me importo sim. Gostaria de ao menos despertar o interesse de outras pessoas com os conteúdos compartilhados e informações apresentadas nos vídeos. E me sinto meio frustrado por não alcançar esse objetivo.
Mas… sabe quem não se importa se você curtiu ou não os vídeos publicados no YouTube?
O próprio YouTube. Para ele, a sua opinião não faz a menor diferença.
O botão de dislike funciona de alguma forma?
A Mozilla, responsável pelo navegador Firefox, tentou responder a essa pergunta de forma objetiva. Para isso, analisou as interações de 20 mil usuários em mais de 500 milhões de vídeos no YouTube.
De acordo com as conclusões da Mozilla…
“O YouTube continua a recomendar vídeos que as pessoas indicaram claramente que não querem mais assistir, incluindo imagens de guerra e clipes de terror horríveis. 62,3% dos participantes indicaram que esses controles pouco ou nada fizeram em relação às recomendações do serviço. Um dos participantes indicou que esse controle ‘não mudou nada. Às vezes eu denunciava coisas por engano e spam e no dia seguinte elas voltavam […] Mesmo quando você bloqueia certas fontes, elas acabam voltando’”.
Ou seja, em termos práticos, o botão de dislike é basicamente inútil. Ele não cumpre com a sua teórica missão, que seria não recomendar novamente vídeos com formatos ou temáticas semelhantes a aqueles que receberam uma avaliação negativa.
Pelo contrário: a plataforma simplesmente ignora esse feedback, e segue exibindo esses conteúdos, como se nada estivesse acontecendo. Logo, o dislike só servia mesmo para mostrar o hate das pessoas com um determinado vídeo ou conteúdo publicado.
E você não tem controle algum sobre isso
De acordo com os dados da Mozilla, o botão de dislike só impediu apenas 11% das recomendações de SPAM. Ou seja, os vídeos que você não gosta vão aparecer para você em 9 de cada 10 vezes, o que confirma os baixos efeitos práticos desse tipo de interação.
O estudo ainda reforça que os usuários nem sempre entendem como os controles disponíveis no YouTube podem afetar as suas recomendações. Muitos acabam criando novas contas na plataforma (algo que é muito fácil de ser feito) ou usam ferramentas de privacidade apenas para obter um melhor gerenciamento das recomendações na plataforma.
Na prática, o controle de usuário “mais eficiente” (ou menos problemático) seria o “não recomendar o canal” em questão. Comparando os dados com aqueles usuários que não usam os controles do YouTube, apenas 43% das recomendações indesejadas eram evitadas. E ussim quando essas sugestões não são mais persistentes.
O YouTube sabe de tudo isso, e não corrige o problema porque não quer
De acordo com a Mozilla, o YouTube pode melhorar esse cenário, permitindo que o usuário assuma o controle das recomendações, deixando esses controles de preferências mais proativos.
Neste caso, seria fundamental que o YouTube permitisse de forma efetiva que os usuários moldem a sua experiência dentro da plataforma. Assumir o controle do que quer ver ou não dentro do serviço.
Mas… não parece ser isso que o Google quer para o YouTube.
Tudo o que foi dito sobre a experiência de uso no principal serviço de vídeos por streaming do mundo é de conhecimento da gigante de Mountain View, que já se pronunciou sobre esse comportamento problemático nas interações nos vídeos.
Um porta-voz do YouTube afirmou que a plataforma nunca bane por completo um tópico de um vídeo para os usuários, argumentando que remover essas recomendações seria como “criar uma câmera de eco”. Ou seja, se oferecer ao usuário o pleno controle do que quer ver, a plataforma veta a possibilidade do próprio usuário se deparar com o contraditório, já que só vai ter acesso aos temas que acredita serem os corretos e adequados.
Além disso, o YouTube reforça que aprecia os esforços da Mozilla com o estudo, mas destaca que o relatório “não leva em consideração como os nossos sistemas realmente funcionam e, portanto, é difícil para nós ter muitas ideias”.
Tá… mas não custa nada para o YouTube considerar que todo mundo tem o direito de escolher o que quer ver. Receber 9 vídeos que não gostamos só para ver aquilo que a gente realmente quer é um enorme problema na experiência de usuário de um modo geral.
Outras plataformas não abusam dessa insistência na ruptura do efeito da tal “câmara de eco”. Fica a dica, Google.