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O que não contaram sobre o Apple Vision Pro

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A Apple mais uma vez revolucionou a indústria de tecnologia. Bom, pelo menos é o que dizem (e tudo bem se você não concorda com a afirmação sobre a revolução). Fato é que o tão especulado Apple Vision Pro, óculos de realidade mista da gigante de Cupertino, é uma realidade.

E mesmo que esse conceito não seja algo novo (pois não existe uma reinvenção da roda neste caso), a Apple apostou em um sistema de interação próprio através das mãos, com mais de uma dezena de câmeras para detectar a posição dos dedos do usuário. Essa enorme quantidade de sensores é o que permite que os óculos mostrem o ambiente exatamente como nossos olhos o percebem, graças à função EyeSight, tornando a interface transparente para se integrar diretamente com as opções exibidas na tela.

Isso, por si, é algo muito diferente do que a concorrência oferece hoje, e está fazendo Mark Zuckerberg ficar em posição fetal, num canto escuro, gemendo e com medo.

O problema é que a Apple não revelou alguns detalhes sobre o Vision Pro que precisam ser compartilhados com você, até mesmo para reduzir o hype em cima desse produto.

E eu estou aqui para fazer esse trabalho sujo, indigesto e desagradável. Pois eu não me sinto muito feliz em desanimar as pessoas.

 

Isso aqui não é o metaverso. Entendeu?

 

A Apple fez um esforço enorme para explicar muito bem o conceito do seu produto, inclusive para se distanciar do metaverso mais do que Edward fugia do sol na saga Crepúsculo.

Entenda, de uma vez por todas: os Apple Vision Pro são óculos de realidade mista que integram informações com o ambiente real por meio de câmeras, permitindo uma interação por meio das mãos e acessórios da Apple, como teclados, trackpads e mouses, pois dessa forma o usuário pode também interagir com os diferentes elementos exibidos no visor.

Isso é bem diferente de acessar um ambiente virtual com avatares que mais parecem personagens de um jogo bugado do Nintendo Wii, em uma plataforma que fica pegando os seus dados o tempo todo sem te avisar, com o objetivo de vender essas informações para agências de marketing e empresas que querem interferir na democracia.

Está muito cedo para falar sobre isso?

Aqui, é importante destacar que a Apple enfatizou o termo “mista” para se desvincular do conceito de metaverso durante a apresentação. E o tal menino Zuck em posição fetal neste momento explica muito bem por que a gigante de Cupertino adotou essa narrativa.

 

Não são óculos sem fio

Isso pode decepcionar a alguns usuários pois, afinal de contas, nos vivemos a era da mobilidade.

Além de exigir o uso de um cabo para funcionar (tal e como acontece com a maioria dos óculos de realidade virtual disponíveis no mercado neste momento) o Apple Vision Pro também precisa de uma bateria auxiliar, que é conectada por meio desse mesmo cabo para melhorar o conforto durante o uso. Segundo a Apple, o ideal é armazenar a bateria em um bolso, pois ela é pequena o suficiente para não causar desconforto.

O problema é que as primeiras informações compartilhadas pela Apple dão conta de que a bateria do Vision Pro possui apenas duas horas de autonomia, deixando o dispositivo limitado para jornadas curtas de atividades. Logo, o jeito é mesmo usar o óculos conectado na tomada, o que tira um pouco da graça para quem queria passar um dia inteiro caminhando pela casa com esse óculos na cara.

 

Qual é o tamanho do Apple Vision Pro?

Então… não sabemos.

Levando em consideração modelos similares como o Meta Quest Pro, é provável que o peso desses óculos ultrapasse os 700 gramas. Considerando os materiais da estrutura, bem como a quantidade de câmeras, sensores e processadores que eles abrigam, é possível que ele alcance 1 kg de peso. Agora, some tudo isso à bateria que eu já mencionei, e algumas pessoas vão concluir rapidamente que ele pode não ser uma das coisas mais confortáveis para se usar por muito tempo.

 

Ele um dia vai receber o macOS?

Sinceramente? Eu duvido, mas hardware para isso ele tem (em teoria).

O Apple Vision Pro possui o sistema operacional visionOS, que é similar ao iOS, mas sem recursos para programação ou criação de modelos de design em 3D, entre outros cenários mais complexos.

Vamos ver como os desenvolvedores de software e a própria Apple vão expandir as possibilidades do dispositivo, considerando que o processador utilizado é o mesmo dos iPad Pro e de alguns MacBooks, o Apple M2, que trabalha com um chip adicional, o Apple R1, dedicado ao processamento de imagens capturadas pela câmera.

 

Tá, é compatível com jogos, mas… vai além do que a Apple oferece?

Quanto a jogos, o Apple Vision Pro é compatível com todos os jogos disponíveis através do serviço Apple Arcade, bem como aqueles desenvolvidos com o motor gráfico Unity. Porém (em teoria, ou até que a Apple se posicione sobre o assunto), esses óculos não são destinados especificamente para jogos de videogames, diferente de produtos lançados pela HTC ou Sony.

É claro que esse cenário pode mudar no futuro. Hideo Kojima não apareceu no evento de apresentação da Apple a troco de nada. Quem sabe é dessa parceria que vai aparecer não apenas jogos exclusivos para o macOS, mas também uma consultoria para tornar o Apple Vision Pro um acessório poderoso para os jogos de videogames.

Porém, pelo menos neste primeiro momento, a Apple optou por focar seu uso em um ambiente mais profissional e casual. Isso é evidente pelo fato de que os aplicativos disponíveis na loja são os mesmos para o iOS.

O preço estratosférico cobrado por esses óculos pode fazer com que os desenvolvedores não se dediquem tanto a adaptar seus jogos, da mesma forma como acontece hoje com os computadores Macs. E não seria surpresa se isso acontecesse o mesmo com o Apple Vision Pro, exatamente da mesma forma que estou explicando neste artigo.

 

Não foi feito para ser utilizado ao ar livre

E você já deve ter desconfiado disso quando eu disse que a bateria do Apple Vision Pro contava com apenas duas horas de autonomia.

Esse aspecto virou tema de acalorados debates em fóruns de desenvolvedores da Apple e em outros sites dedicados à marca. E a própria empresa de Cupertino deu a entender isso durante o evento de apresentação do produto, já que nenhuma menção foi feita para essa possibilidade de uso do dispositivo ao ar livre.

Algo que, sinceramente, era de se esperar. Os óculos possuem sensores de luminosidade, que podem ficar saturados pela quantidade de luz solar recebida. O mesmo ocorre com as câmeras, cuja sensibilidade pode ser limitada para melhorar a visibilidade em ambientes internos, onde normalmente a quantidade de luz é mais limitada.

Resta saber como será o desempenho do Apple Vision Pro em cômodos onde a luz natural e/ou artificial é mais intensa, como em salas com grandes janelas ou quartos bem iluminados por LEDs mais potentes.

 

É uma revolução?

Em teoria, sim. Mas só teremos certeza disso na prática.

Que o Apple Vision Pro oferece inovações bem interessantes para o segmento de realidade mista, com recursos de interação chamativos e a integração com o ambiente real de forma inteligente, eu não tenho dúvidas disso. Porém, ele ainda conta com certas limitações indigestas, incluindo a não compatibilidade plena com o macOS.

Apesar da Apple mostrar o produto em uso em uma casa na maior parte do tempo, o seu preço que pede a venda de um rim para o mercado negro e todas as suas tecnologias embarcadas sugerem o uso do dispositivo de forma prioritária para o segmento profissional, distanciando essa proposta do usuário casual.

No final das contas, o Apple Vision Pro é um produto de nicho, o que pode decepcionar alguns usuários que ficaram mais empolgados com tudo o que o dispositivo oferece. Mas… vamos dar tempo ao tempo. É apenas a primeira iniciativa de um conceito que ainda vai evoluir.

E não sendo igual ao metaverso já é uma vitória.


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