Um juiz federal dos Estados Unidos determinou que o Google monopolizou ilegalmente o mercado de buscas através de acordos exclusivos. Na decisão, é mencionado que a gigante de Mountain View basicamente violou a Lei Sherman.
A última que tentou violar essa lei (e perdeu na justiça) foi ninguém menos que a Microsoft, há mais de duas décadas.
É uma derrota histórica para o Google, ainda mais levando em consideração que o buscador ainda é a maior fonte de renda da empresa.
Um dos efeitos colaterais dessa decisão é o acordo entre Google e Apple, que rende cerca de 20 bilhões de dólares anuais para a dona do iPhone…
…e esse acordo terá que ser encerrado.
As possíveis consequências do fim do acordo
O acordo com a Apple é parte da estratégia do Google para a manutenção do domínio do seu buscador, principalmente nos dispositivos móveis.
Se o acordo realmente cair, novos players podem emergir dentro desse segmento. E o Google sai perdendo porque perde acesso preferencial a mais de 1 bilhão de dispositivos iOS habilitados no mercado neste momento.
Quem já esfrega as mãos neste momento é a Microsoft e até a OpenAI. Ambos contam com buscadores web turbinados com Inteligência Artificial, e podem se beneficiar de forma direta com o fim dessa parceria.
Não que eu acredite que veremos a Microsoft como a ferramenta de busca padrão do iPhone, mas ao menos abre o espaço para que sua visibilidade junto aos usuários do telefone da Apple aumente.
Para a Apple, o fim da parceria do Google tem um impacto financeiro gigantesco, já que a empresa perderia uma fonte de renda de aproximadamente 20% do seu lucro anual.
A Apple poderia criar o seu próprio motor de busca, focando em privacidade e integração com o seu ecossistema, integrando o Apple Intelligence que já está pronto.
Mesmo assim, deixar de receber os bilhões de dólares do Google certamente vai doer para Tim Cook e companhia.
O Google ainda pode sair ganhando
Nem tudo é um desastre para a gigante de Mountain View.
Se a solução for similar à aplicada pela União Europeia, onde os sistemas operacionais oferecem opções de buscadores por padrão, o Google pode sair beneficiado.
Quando a Microsoft foi processada sob a acusação de monopólio por impor o seu navegador web como padrão (sem dar a alternativa para o usuário escolher o software de sua preferência), foi obrigada a colocar um menu de opções na primeira ativação do Windows para essa finalidade.
Se o mesmo acontecer, os usuários das diferentes plataformas ainda poderiam escolher o Google, devido à sua familiaridade e qualidade percebida.
Mas não seria mais uma escolha imposta pela pilha de dinheiro que o Google paga para a Apple, ou pelo simples fato da empresa ser dona do Android.
Atualmente, o Google detém aproximadamente 95% do mercado de buscas móveis. E não é difícil encarar essa porcentagem como um monopólio.
Ou seja, pode se abrir a partir de agora o caminho para que outros competidores sejam alternativas reais, em um ponto de inflexão que pode ter implicações globais.
Sim, pois o precedente jurídico foi criado, e outros países podem tomar decisões similares.
Via The Verge