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O momento agridoce da Globoplay no streaming

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Netflix está ameaçada pelo Prime Video no Brasil. O Disney+, por incrível que pareça, está crescendo em nosso mercado, e até o Apple TV+ dá sinais de recuperação por aqui, diversificando os seus conteúdos.

E como fica o cenário para as plataformas nacionais?

O estudo recente publicado pelo JustWatch.tv mostra que o Globoplay é uma espécie de “mundo a parte”, mas em um cenário relativamente complexo. O conteúdo que mais poderia ser o mais rentável (esportes ao vivo) dá prejuízo, e a retenção de audiência está em formatos mais do que consolidados, mas de produção cara (novelas e filmes originais).

E no meio do caminho, Pluto TV, Mercado Play, +SBT e o Gatonet (que não é um streaming, mas é um concorrente) são pedras no sapato dos interesses da Globoplay.

E aí? Como gerenciar essa situação?

 

Globoplay até cresce, mas deixa de ganhar no Premiere

O crescimento consistente do Globoplay, que já detém 11% do mercado brasileiro de streaming, representa um fenômeno particularmente interessante no cenário nacional.

Diferente das plataformas internacionais, o serviço da Globo aposta fortemente em conteúdo nacional, desde novelas e séries exclusivas até a transmissão de reality shows de grande audiência como o Big Brother Brasil.

Para isso, mudou algumas de suas estratégias. O próprio pay-per-view do BBB 25 ficou exclusivo no Globoplay, o que fez com que naturalmente o número de assinantes aumentasse em função da única via de consumo do produto.

Esta estratégia de valorização da produção local demonstra que existe espaço significativo para plataformas que entendem profundamente as nuances culturais e preferências específicas do público brasileiro.

Por outro lado, o mesmo Grupo Globo perde dinheiro com algo que, neste momento, poderia ser uma importante fonte de receita: o Premiere.

A notícia de que quatro entre cinco pessoas no Brasil que assistem aos jogos via pay-per-view não pagam pelo serviço caiu como uma bomba. A Globo deixa de ganhar com o Premiere aproximadamente R$ 750 por ano com os não pagantes.

E boa parte desse público poderia SIM assinar o Premiere via Globoplay, já que é a via menos cara para ter o produto (R$ 29,90 mensais, no plano anual).

Mas aí, vem o Gatonet e, sem fidelidade e com o PIX, custa os mesmos R$ 30 mensais, e oferece MUITO MAIS CONTEÚDO que o Premiere.

Fica difícil competir.

 

Precisa produzir mais conteúdo próprio

A capacidade de produzir conteúdo relevante para o público local, combinada com o poderio de comunicação e marketing do maior conglomerado de mídia do país, permite que o Globoplay mantenha uma posição sólida mesmo diante da feroz competição internacional.

A plataforma brasileira também se beneficia da possibilidade de explorar o modelo híbrido entre televisão tradicional e streaming, oferecendo conteúdo em primeira mão para assinantes antes da transmissão em canais abertos, uma vantagem competitiva que serviços exclusivamente digitais não conseguem replicar.

O problema é que este modelo de negócio não pode ser considerado como algo sustentável para o Grupo Globo a médio e longo prazos. O crescimento do Globoplay é tímido, e a plataforma segue dando prejuízos financeiros.

Sem falar na concorrência direta e indireta.

O +SBT não precisa oferecer conteúdos originais para ter retenção de público e lucrar com publicidade. O Pluto TV também oferece tudo de graça em troca de anúncios, assim como o Mercado Play, que conta com parcerias no lugar de produções originais.

Em comum, todas essas plataformas são FAST, e concorrem diretamente com a Rede Globo (TV aberta) e com a Globoplay (plataforma de streaming).

Se a Globoplay precisa seguir investindo pesado para reter ou atrair público em função dos conteúdos originais, a conta pode não fechar no futuro. É só olhar para o lado e ver como a Apple TV+ é responsável por um prejuízo bilionário para a Apple.

 

Uma interessante contradição

Especialistas em economia da mídia apontam que o caso do Globoplay representa um importante contraponto à narrativa de dominação absoluta do mercado por gigantes tecnológicas estrangeiras.

Sua presença relevante sugere que o futuro do streaming no Brasil pode ser marcado por um ecossistema mais diversificado, onde plataformas locais com profundo entendimento das preferências culturais específicas conseguem prosperar ao lado de serviços globais.

Neste aspecto, a Globoplay está na frente das demais, pelo simples fato de ser voltada para os brasileiros. Acontece que depender exclusivamente disso pode fazer com que a conta fique naturalmente mais cara, pois mais produções originais vão precisar chegar para agradar esse público.

A diversidade de conteúdos diversidade potencialmente beneficia os consumidores com maior variedade e possibilidades de escolha alinhadas às suas preferências individuais. Mas deixa o cenário complexo para uma Globoplay que precisa fazer mais que as outras para manter o seu volume de assinantes.

Caso contrário, vão pra Max, que também está investindo em novelas para brasileiros. Porque entendeu que é de novela que o grande público gosta.


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