Nas últimas vezes que falei do metaverso do Mark Zuckerberg, comparei o projeto com um jogo ruim do Nintendo Wii. E nunca mais falei sobre isso.
Mas não quer dizer que o metaverso esteja morto. Ele ainda é um projeto em desenvolvimento, e se depender do menino Zuck, ele não deve desaparecer tão cedo.
Ou até pode morrer sim, já que tudo nessa vida tem um fim. Porém, se desaparecer sem uma insistência em fazer dar certo, Mark Zuckerberg terá quase que literalmente incinerado uma pilha de dinheiro a troco de nada.
O histórico de investimentos no metaverso
A Meta, anteriormente conhecida como Facebook, tem investido pesado no conceito de metaverso, criando ambientes virtuais interativos e imersivos.
A ideia inicial é que as pessoas possam socializar, trabalhar e se divertir nesses ambientes virtuais. Na prática, não é bem isso o que acontece, já que poucos se interessaram pela iniciativa.
O grande problema de Zuckerberg e sua turma neste momento é o volume de investimentos realizados no metaverso.
Desde 2020, a divisão Reality Labs da Meta está acumulando perdas significativas no desenvolvimento do metaverso, sem alcançar (nem de perto) a tal revolução na interação digital.
Para você ter uma ideia do tamanho do buraco que Zuckerberg está por causa do metaverso, a Reality Labs registrou perdas de US$ 50 bilhões desde 2020.
E no último trimestre, a mesma Reality Labs reportou um prejuízo adicional de US$ 4,5 bilhões.
Convenhamos: não é pouco dinheiro queimado neste caso.
O que o metaverso construiu até aqui?
Nem tudo é desgraça para o metaverso.
Existe um ponto positivo para a Meta no meio de todos os problemas gerados pelo metaverso até agora: o desenvolvimento e a comercialização de dispositivos atrelados com a realidade virtual e realidade aumentada.
As vendas dos óculos de realidade virtual Quest contribuíram para os rendimentos da Reality Labs, mas ainda são insuficientes para cobrir as perdas.
As vendas aumentaram 28% em relação ao mesmo período do ano anterior, alcançando US$ 353 milhões no último trimestre.
Ou seja, a Meta tem um caminho comercial a ser explorado, que não necessariamente passa pelo desenvolvimento de um mundo novo e imersivo.
Outro ponto que pode ser comercialmente explorado pelo Meta é a distribuição dos óculos Ray-Ban Meta, fruto de uma parceria com a EssilorLuxottica.
São produtos inovadores que precisam engrenar no mercado. O volume de vendas ainda não é suficiente para reverter o cenário financeiro negativo de momento na Reality Labs.
Mas se trabalhar direito com o produto, mudando o seu foco para, por exemplo, a Inteligência Artificial…
Mudança de prioridades
A Meta está, aos poucos, tirando o seu foco no metaverso e voltando os seus esforços para as tecnologias de Inteligência Artificial, e isso está ficando evidente para qualquer pessoa.
Nos últimos meses, a Meta apresentou os seus avanços em IA como parte de uma estratégia mais ampla para diversificar suas inovações tecnológicas.
Um conceito muito explorado pela Meta é a “computação ambiental”, muito parecida com a ideia de “computação espacial” amplamente difundida pela Apple.
Na prática, a Meta quer transformar os seus dispositivos em ferramentas para o trabalho e o lazer de forma híbrida e natural. E para isso, os óculos passam a trabalhar com o espaço disponível no ambiente onde o usuário está.
É o conceito de Realidade Mista (Aumentada) que a Apple abraçou para o Vision Pro, mas sem a ênfase social proposta pelo metaverso.
Por outro lado, a Meta segue investindo no metaverso nas tecnologias associadas, garantindo 4.5 bilhões de euros na parceria com a EssilorLuxottica.
Isso pode apontar para o desenvolvimento de um novo produto pensado na competição com o Vision Pro da Apple. Há quem diga que o novo óculos da turma de Zuckerberg vai chegar ao mercado em 2027.
Com isso, a Meta aposta no longo prazo nas inovações em tecnologias de realidade aumentada e virtual. E isso pode eventualmente representar a morte do metaverso no futuro.
Mas estamos apenas teorizando. O tempo vai dizer o que Mark Zuckerberg tem em mente nesse momento.