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O Irlandês, e a validade da tecnologia de rejuvenescimento digital

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O Irlandês é o filme do momento, também pelas polêmicas. Desde a recomendação para assistir o longa de Martin Scorsese até sobre as diferenças entre apreciar essa obra em uma tela de cinema ou na televisão, no conforto de sua casa, em formato episódico, como se fosse uma minissérie.

Outro grande ponto de discussão do filme é a tecnologia aplicada nos seus recursos visuais. Não podemos discutir a qualidade do longa na sua história ou narrativa (há uma espécie de consenso nesse sentido), mas nos aspectos visuais, a controvérsia está mais que servida (pra variar).

 

 

A tecnologia de rejuvenescimento digital

 

 

Não é uma coisa nova no cinema.

Essa tecnologia de rejuvenescimento digital existe desde 2006, e um dos primeiros filmes que adotaram de tal técnica foi X-Men: O Confronto Final. E, de tempos em tempos, ela volta à mesa, questionando a sua validade e necessidade.

Talvez toda essa discussão com O Irlandês esteja acontecendo também pela cisma (para não chamar de ódio, pois essa é uma palavra meio forte) que algumas pessoas agora sentem pelo Scorsese por causa de suas opiniões em relação aos filmes da Marvel. Digo isso porque a própria Marvel usou dessa estratégia em filmes como Capitão América: Guerra Civil (rejuvenescendo Robert Downey Jr) e Capitã Marvel (rejuvenescendo Samuel L. Jackson).

Especialmente no caso de Capitã Marvel, a técnica foi muito elogiada, e foi aplicada no filme todo. Assim como aconteceu em O Irlandês.

Aliás, o rejuvenescimento digital foi um dos motivos para o filme atrasar em sua estreia, pois há quem diga que rejuvenescer Robert De Niro, Joe Pesci e Al Pacino foi uma tarefa hercúlia para os computadores envolvidos. Porém, não podemos dizer que tais recursos foram mal aplicados.

Bom… quer dizer…

 

 

Eu assisti ao filme O Irlandês em uma tela QHD ou 4K, com HDR. A Netflix oferece essas opções para Smart TVs compatíveis. E apesar de reconhecer que os efeitos digitais do filme são realmente impressionantes, quando o mesmo é assistido em elevadíssimas resoluções, dá para perceber que os atores foram digitalmente modificados.

E não porque todo mundo já sabia disso. Dá para perceber.

Especialmente quando nos centramos nos movimentos dos lábios dos personagens rejuvenescidos. Não são movimentos naturais nos lábios, que ficam semi estáticos na parte superior. Chega a causar uma certa estranheza.

Tal sensação não fica tão evidente em telas com resoluções menores (FullHD, HD, etc), o que torna a experiência de O Irlandês mais híbrida. E nem por isso o filme pode ser condenado por adotar dessa tecnologia para contar a sua história. O tratamento estético dado aos personagens é algo impressionante, com texturas de pele e marcas de idade muito bem construídas.

No final das contas, a grande maioria vai se impressionar com o acabamento visual do filme. Apenas os mais chatos (como eu) ou quem vai assistir em 4K vão perceber as alterações feitas por computador.

 

 

Esta é uma técnica abominável?

 

 

Alguns nomes em Hollywood começam a ter pesadelos com o rejuvenescimento digital.

A ideia de “ressuscitar” James Dean é considerada desrespeitosa e nefasta por alguns, mesmo que os herdeiros de sua imagem cedessem a autorização para isso. Se a prática vira moda, corremos o risco de ter uma necrofilia cinematográfica desenfreada, o que pode ser péssimo para toda uma indústria, e para a percepção do fã de cinema.

Em O Irlandês, o rejuvenescimento digital funciona por ser um recurso essencial para a história a ser contada. Scorsese poderia ter utilizado outros atores para interpretarem as versões mais jovens dos seus protagonistas, mas bem sabemos que isso não traria a mesma carga dramática e visibilidade ao longa.

Agora, utilizar essa tecnologia para aberrações que levantam questionamentos sérios sobre a validade do uso de tal tecnologia pode ser um grande tiro no pé que alguns produtores de Hollywood estão preparando. Como em tudo o que acontece na vida, até mesmo essa tecnologia deve ser utilizada com responsabilidade, bom senso e moderação.

Mais uma polêmica servida, senhoras e senhores.

 

 


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