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O fim da mídia física é um erro grosseiro

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O formato físico de filmes e séries está em declínio acelerado, perdendo espaço para o streaming.

A conveniência e o catálogo amplo das plataformas de streaming são os principais fatores que contribuem para essa mudança de cenário.

A LG parou de fabricar aparelhos de Blu-ray e UHD, um sinal claro de que a indústria não vê mais o formato físico como prioridade. Isso demonstra a mudança de foco das grandes empresas para o mercado digital, que vem crescendo exponencialmente nos últimos anos.

Lojas físicas que vendem filmes e séries em formato físico estão cada vez mais raras. A baixa demanda torna o negócio menos rentável, levando ao fechamento de seções dedicadas a esse tipo de produto em grandes varejistas.

E tudo isso é um grande, miserável, catastrófico e patético erro.

 

Majors abandonaram o formato físico

As grandes distribuidoras de filmes (“majors”) perderam o interesse em explorar o formato físico. Elas não o consideram mais lucrativo o suficiente para justificar os investimentos no formato.

Se ainda existe uma produção de mídia física, é para nichos específicos. O setor de entretenimento simplesmente abandonou o Blu-ray como um todo.

O mercado de mídia física sobrevive, em grande parte, de promoções agressivas como a Black Friday e de lançamentos de edições especiais em “steelbook”.

Isso mostra que o público geral não está disposto a pagar o preço cheio por um filme em formato físico, recorrendo a promoções ou a edições de colecionador.

Essa dependência de promoções pontuais não é sustentável a longo prazo e não garante a saúde do mercado. A venda de edições especiais, embora importante, não atinge o grande público e depende de estratégias de marketing específicas.

A alta demanda por edições limitadas em steelbook gera problemas de especulação e revenda a preços inflacionados. O que frustra os colecionadores e limita o acesso a esses produtos, criando um mercado paralelo inflacionado e especulativo.

As distribuidoras precisam equilibrar a lucratividade com a demanda, mas tiragens limitadas afastam o grande público.

E a dificuldade de encontrar lançamentos em steelbook a preços justos é um problema recorrente para os colecionadores, o público-alvo dessa proposta.

 

Iniciativas de resistência

As pequenas distribuidoras e selos independentes tentam manter o formato físico vivo. Elas lançam edições especiais e títulos menos populares, buscando atender a um público fiel e apaixonado por cinema.

São iniciativas louváveis, mas ainda são nichos e não conseguem reverter a tendência geral de declínio. A produção é limitada e focada em títulos específicos, que não necessariamente agradam a todos os gostos.

Para piorar a situação, nem todos os filmes estão disponíveis em plataformas de streaming, e a qualidade de imagem e som pode ser inferior à do formato físico.

A rotatividade de títulos nas plataformas também é um problema, pois um filme pode sair de catálogo a qualquer momento.

A dependência de conexões de internet estáveis e a compressão de arquivos podem comprometer a experiência do espectador. A qualidade audiovisual do streaming, embora tenha melhorado nos últimos anos, ainda não se compara à do Blu-ray e UHD.

A Amazon é a principal opção para compras online de filmes em formato físico, mas enfrenta problemas de cancelamentos de pedidos e falta de estoque, mostrando que a cadeia de distribuição para esse tipo de produto está fragilizada pela falta de produtos disponíveis.

Ter um único grande varejista online vendendo um tipo de produto é algo perigoso, pois se ele decidir abandonar o formato físico, as opções para os consumidores ficarão ainda mais limitadas.

A falta de concorrência pode levar a um aumento de preços e a um serviço de menor qualidade.

No Brasil, isso já está acontecendo. É só olhar para os preços cobrados pelos boxes de mídia física na Amazon.

 

Qual é a solução então?

A pirataria digital não é uma solução ideal para a preservação de filmes, pois muitas vezes as cópias disponíveis são de baixa qualidade.

Além disso, a pirataria prejudica a indústria cinematográfica e os criadores de conteúdo, por mais que você seja tentado a recorrer para a prática porque não concorda com um Disney+ cobrando R$ 62,90 por mês.

Sem o incentivo do mercado de mídia física, muitos filmes podem ser perdidos para sempre, especialmente aqueles que não são considerados “comerciais” o suficiente para as plataformas de streaming.

A digitalização e a restauração de filmes antigos, muitas vezes, dependem do interesse gerado pelo lançamento em mídia física.

E com os estúdios abandonando o formato, muitos conteúdos clássicos vão desaparecer, sem chances de retorno.

Selos especializados lançam edições de colecionador de alta qualidade, mas a preços elevados e para nichos específicos.

Esses lançamentos são importantes para manter viva a chama do formato físico, mas não são acessíveis a todos os consumidores.

A ausência de legendas ou dublagem em português do Brasil é um problema comum nessas edições, limitando seu apelo para o público brasileiro. A falta de opções de idiomas restringe o público dessas edições a um nicho ainda menor.

É fácil concluir o fim da mídia física no cinema é um desastre. Porém, é um caminho aparentemente sem volta.

A indústria nos convenceu que o streaming era o futuro. Só não contou que esse futuro era sombrio e sem o passado que todo mundo amava.

Agora, temos que lidar com as consequências de tudo isso. E parte de nossa nostalgia vai simplesmente desaparecer…

…e não podemos fazer muito sobre isso.


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