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O empacotamento no streaming vai dar certo?

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Igualzinho a TV por assinatura

O ano de 2024 ficou marcado por um movimento estratégico das plataformas de streaming, onde alguns serviços grandes se fundiram para ficarem ainda maiores. Dois exemplos clássicos neste sentido são a fusão do HBO Max com o Discovery+, resultando na Max, e a absorção completa do Star+ pelo Disney+.

Os dois casos não são apenas reposicionamentos de marca ou reorganização de conteúdo, mas a solução para conter uma saturação do mercado de streaming, que é uma realidade. Os assinantes simplesmente não conseguem manter múltiplas assinaturas ao mesmo tempo, e estão escolhendo a dedo qual serviço vão (ou conseguem) pagar.

Para 2025, o horizonte aponta para uma nova tendência que promete redefinir a forma como consumimos conteúdo digital: o empacotamento de plataformas, da mesma forma que as operadoras de TV por assinatura oferecia os pacotes de canais por um preço fixo.

Perceba como tudo na vida é uma repetição de alguma coisa.

 

Unidos, venceremos

As plataformas de streaming já estão adotando essa estratégia para sobreviverem, em uma tentativa de estancar a sangria generalizada pelo êxodo dos assinantes.

O plano é bem simples de entender: a oferta de pacotes de assinaturas com valores significativamente reduzidos em comparação ao custo total das plataformas individuais. Os combos de plataformas de streaming entregando um valor menor do que os mesmos serviços em separado.

Essa estratégia já é adotada no Brasil a algum tempo. Quando o Disney+ chegou ao país, já implementava o método através de parcerias com o Globoplay e posteriormente com seu próprio serviço Star+.

Grupos de mídia que gerenciam múltiplas plataformas, como a Warner Bros. Discovery, já experimentavam este modelo há algum tempo, reconhecendo a necessidade de oferecer alternativas mais acessíveis aos consumidores cada vez mais sobrecarregados de opções.

A unificação de plataformas surgiu como uma resposta lógica e inevitável diante da realidade enfrentada pelos consumidores: o tempo para consumir tantos conteúdos diferentes é escasso e, principalmente, o orçamento familiar não comporta um número crescente de assinaturas mensais.

O plano é crível e racional. Mas pode não ser o suficiente para evitar o cancelamento por parte do assinante.

O empacotamento de serviços de streaming não é a fórmula mágica para evitar a taxa de cancelamento de assinaturas, ou o famigerado “churn”.

Se as gigantes do setor querem evitar o pior, precisam ir além da simples unificação. As parcerias estratégicas para entregar um conteúdo que é de maior interesse do consumidor são parte importante dessa equação.

Todo o cenário de momento abre o espaço para que novos players apareçam e conquistem o consumidor pela oferta da melhor relação custo-benefício.

 

Precisam aprender com o Mercado Livre

Entre estas novas forças, o Mercado Livre tem se posicionado como um player que, no mínimo, pensa fora da caixa, já que é capaz de estabelecer pontes entre diferentes setores e criar propostas de valor únicas para os consumidores.

Em meados de junho de 2023, a empresa lançou o Mercado Play, uma plataforma de streaming gratuita que, em pouco mais de um ano, já contabiliza resultados impressionantes: mais de 4 milhões de espectadores, um acervo robusto com aproximadamente 2.300 títulos provenientes das mais importantes produtoras, estúdios e plataformas da América Latina e de Hollywood, além de parcerias estabelecidas com mais de 100 marcas.

O diferencial do Mercado Play não se limita apenas à gratuidade de seu serviço (que, na verdade, não é tão de graça assim, já que você precisa ter pelo menos uma conta no Mercado Livre para usar o serviço), mas se estende às inovadoras parcerias estabelecidas com importantes players do mercado.

A colaboração com a CazéTV, por exemplo, representou o primeiro passo da plataforma na transmissão de conteúdo ao vivo, expandindo seu escopo de atuação. Além disso, acordos com gigantes como Disney+, Max e Paramount têm sido firmados em formatos variados, criando um ecossistema de entretenimento diversificado e acessível.

O Disney+ está incluído sem custos adicionais para assinantes do Meli+ (programa de fidelidade do Mercado Livre com mensalidade de R$ 27,99); a Max oferece descontos exclusivos e disponibiliza gratuitamente os primeiros episódios de suas novas séries no Mercado Play; e a Paramount segue modelo semelhante com descontos substanciais para os usuários da plataforma.

O sucesso do Mercado Livre neste setor evidencia um fenômeno interessante: empresas de outros segmentos de mercado que chegam no universo do streaming trazem consigo não apenas capital e audiência, mas principalmente um conhecimento profundo sobre o comportamento do consumidor digital.

O Mercado Livre, com sua vasta experiência em comércio eletrônico, compreendeu rapidamente que, no atual cenário econômico, o consumidor precisa perceber valor agregado e benefícios concretos para comprometer-se com qualquer tipo de assinatura ou serviço recorrente.

Esta percepção tem permitido à empresa desenvolver um modelo de negócio que atende às reais necessidades dos usuários, combinando conveniência, diversidade de conteúdo e vantagens econômicas em uma única plataforma.

Ou seja, o “unidos, venceremos” não basta. Sem conteúdo que pode chamar a atenção dos assinantes, só será acúmulo de filmes e séries. Da mesma forma que testemunhamos um acúmulo de canais na TV por assinatura, e sempre reclamamos disso.


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