Press "Enter" to skip to content

O Doom roda em um PS2 com Windows 95?

Compartilhe

Eu sei que você gosta de ler coisas desse tipo. Então, vou entregar exatamente aquilo que você quer.

Em mais um capítulo da saga “vamos fazer coisas impossíveis com tecnologia antiga”, o youtuber MetraByte (Jace) decidiu aceitar um desafio que parecia saído de um sonho febril de nostálgico: fazer o Windows 95 rodar em um PlayStation 2.

O objetivo final? Jogar o clássico Doom, porque obviamente não bastava apenas conseguir a proeza técnica. É preciso colocar o lendário jogo em tudo, mesmo que para isso você modifique um produto que já foi concebido para rodar jogos de videogames.

O que o Jace não poderia imaginar é que o projeto resultaria em um trabalho hercúleo, muito maior do que simplesmente colocar um jogo para rodar em um dos melhores consoles de videogames da história.

 

O David vs. Golias da tecnologia

O primeiro obstáculo era bem óbvio.

O PlayStation 2, lançado em 2000, utiliza uma CPU com arquitetura MIPS (Emotion Engine), projetada especificamente para videogames. Já o Windows 95, criado em 1995, foi desenvolvido para a arquitetura x86, padrão em PCs da época.

Na prática, era como tentar encaixar uma chave inglesa em uma fechadura francesa – ou um quadrado dentro de um círculo, para aqueles que nunca viram fechaduras de outros países na vida – simplesmente não combina.

Após tentar o popular emulador DOSBox sem sucesso, MetraByte recorreu ao Bochs, um emulador x86 mais lento, porém mais compatível.

A escolha se mostrou acertada, mesmo que tenha resultado em um processo que durou impressionantes 14 horas de instalação.

Não consigo me imaginar gastando tanto tempo em um único processo, com exceção da formatação e reinstalação do Windows em meu computador, algo que faço de tempos em tempos.

Durante esse período, Jace enfrentou uma verdadeira via-crúcis tecnológica: erros de leitura, falhas de driver, problemas com unidades de disco e uma lentidão que faria um caracol parecer uma Ferrari.

Qualquer pessoa sensata teria desistido, mas a teimosia prevaleceu. Até porque, sem isso, não teríamos uma história para contar aqui.

O processo não foi apenas questão de persistência, mas também de criatividade.

Inicialmente, MetraByte tentou usar um pendrive para a instalação, mas esbarrou na limitação da porta USB do PS2, que mal alcança 1,5 MB/s. A solução neste caso foi a clássica gambiarra, digna de um MacGyver tech: utilizar um disco rígido IDE antigo, resgatado de um iMac e montado em um gabinete externo.

Jace conectou um teclado USB ao console para navegar pelo sistema, já que o mouse USB não foi reconhecido – mais uma peculiaridade desse Frankenstein tecnológico.

E depois de tantas horas de trabalho, temos um produto que ao menos permite fazer uma única tentativa.

 

A hora da verdade: o Windows 95 funcionou no PS2?

Após horas de sofrimento digital, o impossível aconteceu: o icônico desktop do Windows 95 apareceu na tela da TV conectada ao PS2. Com suas cores nostálgicas, área de trabalho familiar e a saudosa barra inicial, o sistema operacional estava funcionando, mesmo que de forma extremamente limitada.

O sistema respondeu aos comandos do teclado, permitindo até mesmo abrir o Paint – uma conquista que, considerando o contexto, merecia ser comemorada como se fosse a chegada do homem à Lua.

E é aqui que chegamos ao clímax trágico desta odisseia tecnológica.

Apesar de todo o esforço hercúleo, quando chegou a hora de executar o Doom – o objetivo original de todo esse projeto maluco – o sistema simplesmente não aguentou. O inicializador do Doom95 até abriu, mas a instalação falhou repetidamente.

Após mais horas de tentativas frustradas, a conclusão foi amarga: embora seja possível executar o Windows 95 em um PlayStation 2, jogar Doom permanece um sonho impossível nesta configuração.

 

O que aprendemos com tudo isso?

O experimento demonstra tanto a engenhosidade humana quanto as limitações implacáveis do hardware. O PlayStation 2, mesmo sendo um console poderoso para sua época, simplesmente não foi projetado para emular um ambiente x86 completo de forma eficiente.

Este não é um caso isolado na comunidade de entusiastas. Projetos similares já fizeram Doom rodar em dispositivos improváveis como testes de gravidez, blocos de Lego e até mesmo documentos PDF.

A diferença aqui é que, pela primeira vez, o famoso jogo encontrou um adversário à altura de sua reputação de “roda em qualquer coisa”.

O experimento também ilustra perfeitamente o espírito da comunidade de modding e experimentação tecnológica: às vezes, o importante não é alcançar o objetivo final, mas a jornada absurda para tentar chegar lá.

O projeto de MetraByte pode não ter alcançado seu objetivo original, mas conseguiu algo igualmente valioso: demonstrar que, com paciência suficiente e uma dose saudável de insanidade, é possível fazer coisas que deveriam ser impossíveis.

O Windows 95 rodando em um PlayStation 2 é um testemunho da criatividade humana e da recusa em aceitar limitações.

 

Especificações técnicas do experimento

  • Console: PlayStation 2 (2000)
  • Sistema Operacional: Windows 95 (1995)
  • Emulador: Bochs (arquitetura x86)
  • Armazenamento: Disco rígido IDE externo
  • Tempo de Instalação: Aproximadamente 14 horas
  • Periféricos: Teclado USB (funcionou), Mouse USB (não reconhecido)
  • Resultado: Sistema operacional funcional, mas incapaz de executar Doom

 


Compartilhe