Se o mercado de smartphones precisava desesperadamente de uma renovação (pois os dispositivos estavam todos com a mesma cara e custando cada vez mais caros), é correto dizer que os telefones dobráveis com telas flexíveis podem ser considerados o sopro de ar fresco tão necessário para algumas marcas e, por que não dizer, para o setor como um todo.
A recente chegada ao mercado de quatro modelos de smartphones dobráveis – Galaxy Z Flip5 e Fold5 da Samsung, juntamente com os Razr 40 Ultra e Razr 40 da Motorola – confirmam o avanço acelerado dessa tendência de design.
Neste sentido, Samsung e Motorola estão moldando o segmento, mas além de enfrentarem uma concorrência cada vez maior, ainda precisa superar problemas e obstáculos que estão presentes desde a primeira geração de smartphones dobráveis.
Será amor ou ódio no primeiro contato
A experiência inicial com um smartphone dobrável pode resultar em duas reações contrastantes para o usuário:
- ou um amor instantâneo pelo formato diferenciado e todas as possibilidades que um dispositivo com essas características pode entregar;
- ou um ceticismo sobre sua real utilidade, pois algumas pessoas vão acreditar que um telefone como esse é muito mais um modismo do que uma ferramenta útil na prática.
Aqueles que usam um smartphone dobrável pela primeira vez vão sentir uma certa estranheza no começo, principalmente entre os mais jovens, que nunca viveram a era de telefones flip. Mas não são poucos os especialistas em tecnologia que reforçam a opinião de que até os mais céticos podem ser convencidos com o passar do tempo sobre a validade desse design.
A ideia de carregar um dispositivo com dimensões padrão que encolhe pela metade no bolso possui um apelo evidente: os usuários que precisam de uma maior mobilidade e praticidade no dia a dia, mas que também desejam mais conforto na hora de transportar o seu telefone de um lado para o outro.
E é aqui que podemos dizer que a atual geração de smartphones dobráveis mostra um claro sinal de maturidade dos fabricantes, que conseguiram compreender as reais necessidades dos usuários com esse tipo de produto.
Melhoraram o que não era tão bom assim
As primeiras gerações dos smartphones dobráveis em formato flip contavam com telas externas diminutas, onde qualquer tipo de interação era algo quase impraticável. Alguns modelos lembravam telas de smartwatches de tão pequenas que eram.
Os fabricantes entenderam o que fizeram de errado nesse caso, e as mais recentes gerações desse tipo de telefone corrigiram o erro, aumentando as dimensões dessas telas para se tornarem elementos realmente úteis para o dia a dia, entregando dessa forma a tão desejada praticidade.
A Samsung e a Motorola seguiram esse entendimento, e hoje se destacam com os seus novos modelos de smartphones em formato flip. Enquanto a Samsung com os Galaxy Fold revela uma abordagem focada na funcionalidade tanto fechado quanto aberto, a Motorola há tempos oferece soluções com suas séries Razr, permitindo o uso do dispositivo sem abrir a tela. E recentemente, com o Razr 40 Ultra, ampliou ainda mais essa flexibilidade.
As duas marcas são consideradas forças motrizes dessa tecnologia em expansão. Mas o universo de smartphones dobráveis não se resume a este duopólio.
A concorrência no segmento está aumentando
A OPPO apresentou o N2 Flip, que também possui uma tela externa considerável, embora ainda não completamente funcional. De qualquer forma, essa é uma prova de que o mercado está atento e acompanhando os movimentos e, principalmente, entendendo tudo o que o consumidor quer, pois é ele quem vai ditar as regras do jogo.
A Google, outrora observadora descompromissada (porque adora ser “uma empresa beta”, decidiu entrar na disputa e ditar alguns parâmetros para os fabricantes, com o seu primeiro smartphone dobrável, o Google Pixel Fold. Essa movimentação tem um objetivo: a busca por estabelecer requisitos mínimos tanto em hardware quanto em software para esse tipo de dispositivo, com o desejo de padronização e qualidade.
E essa padronização vai além de entregar uma mesma experiência de software, já que inclui a presença de dobradiças resistentes nos dispositivos, suporte de atualizações de sistema e segurança e outros detalhes que podem tornar os telefones dobráveis com Android referências dentro dessa proposta de design.
Onde os dobráveis precisam melhorar
Mesmo com todos esses movimentos de mercado, os smartphones dobráveis ainda contam com pontos de crítica e melhora para os dispositivos. E isso vale para todos os fabricantes.
Um fator crucial para a adoção massiva dos smartphones dobráveis é o binômio preço e durabilidade. A Samsung, apesar de impulsionar de forma notável os telefones com essa proposta de design, não tem acompanhado a queda de preço, típica de uma evolução tecnológica.
Os smartphones das séries Galaxy Z Fold e Galaxy Z Flip ainda custam muito caros para a maioria do público consumidor, o que deixa esses dispositivos inalcançáveis para a maioria dos usuários.
Neste aspecto, a Motorola tende a oferecer preços mais acessíveis e, ainda assim, países como o Brasil ainda recebem os seus telefones dobráveis com valores considerados elevados pela maioria dos usuários.
Além do preço, a durabilidade é outro obstáculo que precisa ser superado pelos fabricantes de telefones dobráveis.
Aqui, a Motorola está deixando a desejar. Alguns relatos de testes profissionais e de usuários que denunciam problemas nos telefones dobráveis da série Razr depois de apenas seis meses de uso é um cenário que incomoda, tirando assim a confiança do consumidor em investir nesse tipo de produto.
Embora passos tenham sido dados para tornar as dobradiças mais resistentes, a proteção das telas ainda é um problema. Alguns displays apresentam linhas mortas com o passar do tempo, e outros modelos entregam capas de proteção quebradas. E resolver esses e outros problemas é algo é crucial para conquistar a confiança dos consumidores.
De qualquer forma, entendo que avançamos muito no segmento de smartphones dobráveis. Hoje, temos dispositivos muito mais bem resolvidos e maduros no mercado, e tanto Samsung como Motorola são responsáveis diretas por esse novo segmento de telefonia móvel que apareceu a partir de uma nova proposta de design.
Porém, a popularidade desse formato exige mais do que nomes de peso. Inovação constante, a queda de preços e, principalmente, a robustez e durabilidade dos telefones são verdadeiros mantras que os fabricantes precisam seguir a partir de agora.
A boa notícia é que a tendência neste caso é de evolução constante. Com o passar do tempo, vamos receber dispositivos cada vez melhores.