A Netflix está pensando em integrar um recurso que dá ao usuário o controle da velocidade de reprodução de vídeos em sua plataforma. A funcionalidade está em testes no Android, e já resulta em críticas por parte de criadores e atores.
Já está gerando polêmica
Essa prática é comum nos reprodutores de podcasts e já funciona no YouTube. Muitas pessoas também adotam a tática nos media players domésticos. Se alguém não tem muito tempo para assistir a um filme ou episódio de série, basta acelerar um pouco (entre +0.5x e +1.5x) e é possível consumir aquele conteúdo em um tempo menor.
Os criadores de conteúdo já demonstram o seu descontentamento com a medida. Judd Apatow (Love), publicou uma mensagem em sua conta no Twitter ameaçando a Netflix que vai “convocar todos os diretores e criadores de séries do planeta para lutar” contra a medida, e pede que a empresa poupe todos desse estresse, afirmando que vai vencer a briga, mesmo que ela leve muito tempo para terminar.
“Não brinque com o nosso tempo. Nós entregamos para vocês coisas boas. Deixe tudo como estava destinado a ser visto.”
No @Netflix no. Don’t make me have to call every director and show creator on Earth to fight you on this. Save me the time. I will win but it will take a ton of time. Don’t fuck with our timing. We give you nice things. Leave them as they were intended to be seen. https://t.co/xkprLM44oC
— Judd Apatow (@JuddApatow) October 28, 2019
Apatow disparou um arsenal de tweets contra a nova medida, garantindo que “os distribuidores não podem mudar a forma que esse conteúdo é apresentado. Fazer isso é uma ruptura de confiança, e não será tolerado pelas pessoas que o provém (…) Se você quer ver O Poderoso Chefão em 90 minutos, crie a sua máquina para fazer isso”.
People should be allowed to do it if the artist or creator is ok with it. If you want to go watch The Godfather in 90 min then go invent your own personal machine. Streamers should not be allowed to present content which is not the way it was intended to be seen without approval. https://t.co/TCEH3Koax3
— Judd Apatow (@JuddApatow) October 28, 2019
Aaron Paul (El Camino: Um Filme de Breaking Bad e BoJack Horseman) também compartilhou o que pensa no Twitter sobre o novo recurso:
“Não há formas da Netflix seguir adiante com isso. Isso significaria que estão tomando completamente o controle da arte dos outros, destruindo a mesma. A Netflix é muito melhor que isso. Estou certo, Netflix?”
A Netflix ainda não respondeu a Aaron Paul. E vamos ter que esperar para ver como a empresa reage diante de tantas críticas.
Fato é que as medidas mostram claramente que vivemos hoje em um mundo repleto de conteúdos e estímulos. Muitas pessoas simplesmente não conseguem assistir a um filme ou uma série sem consultar o seu smartphone o tempo todo ou em segundo plano.
A ânsia por querer ver tudo e se informar de tudo no menor tempo possível podem estar por trás de recursos que buscam agilizar o processo de consumo de uma série ou filme.
Por outro lado, não é exatamente a Netflix que está modificando o conteúdo. A opção em aceleração do conteúdo não é obrigatória. Pode ser encarada como uma alternativa a mais para o usuário, assim como acontece com os formatos dublado e legendado, onde a dublagem invariavelmente modifica de forma decisiva o formato final do conteúdo apresentado, mas que é aceito como uma opção para quem quer consumir o filme ou série naquele formato.
A polêmica está servida. Dependendo de que lado você está, é possível ver a alteração de velocidade do conteúdo como uma mudança do formato que não é autorizada pelo seu criador, ou uma alternativa ao consumo de conteúdo.