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Nem todos os smartphones chineses são iguais

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Em teoria, é desnecessário escrever um artigo sobre isso. Mas o mundo não é baseado apenas na pequena bolha que nós vivemos. Então, é importante explicar algumas coisas que algumas pessoas precisam entender para se relacionarem melhor com o mundo da tecnologia.

O mundo dos smartphones chineses não é composto apenas pela Xiaomi, Huawei Honor e OPPO. Existem vários outros fabricantes menores e menos conhecidos, como Haier, Cubot e Doogee, o que mostra que esse é um mercado muito diversificado.

E essa variedade de marcas, modelos e propostas existe não apenas para atender ao público doméstico. É parte de uma estratégia para a dominação global no mercado de telefonia.

 

Se unir ao Google (ou não) é parte da estratégia

Enquanto as marcas menores tentam oferecer identidade própria e soluções customizadas no mercado doméstico, as gigantes chinesas de telefonia se alinham com a estratégia de integração total com os serviços do Google para conquistar o público internacional.

Xiaomi, OPPO e Vivo fazem questão de contar com Gmail, Google Maps e Play Store nos seus dispositivos em versão internacional, pois entendem que os usuários dependem desses serviços em seu dia a dia.

Por outro lado, as marcas menos populares e muito mais focadas no mercado global limitam essa integração, o que torna difícil essa expansão para outros mercados.

É por isso que é mais difícil ver no Brasil telefones da Haier e da Cubot. O público brasileiro não vai querer utilizar um telefone que não tem um Gmail ou o YouTube pré-instalados.

E é por esse motivo (também) que a Huawei não está no nosso mercado.

 

O impacto do veto à Huawei

A Huawei, uma das líderes no setor de telefonia móvel, perdeu espaço no mercado após o veto dos Estados Unidos, que a impediu de acessar o Android e os serviços Google.

A mudança resultou em uma queda na sua popularidade, já que boa parte dos usuários já se adaptou ao Android e na construção de um ecossistema de produtos ao redor dele.

Se isso não é possível com os smartphones da Huawei, que hoje usam o sistema operacional HarmonyOS, não há porque o grande público se interessar pelos produtos da marca.

No Brasil, a Honor (uma submarca da Huawei) está começando a lançar os seus smartphones, que são compatíveis com o Android.

E isso sela de vez o destino da Huawei por aqui: muito provavelmente não veremos os telefones da marca principal tão cedo por aqui.

E isso só deve acontecer quando o veto dos EUA contra a Huawei cair (se é que isso vai acontecer um dia).

 

A dinâmica de mercado de momento

As marcas menores dificilmente vão chegar no Brasil com essa ausência de suporte do Google. Isso tira competitividade das menores, tornando o seu alcance de mercado limitado.

Esse é um dos efeitos colaterais da influência do Google na experiência do usuário do Android. E ajuda a explicar por que a gigante de Mountain View é hoje processada por monopólio.

Muitos de nós somos hoje dependentes do Gmail, do Google Drive e do Google Fotos para vários aspectos de nossas vidas. E não ter esses apps em um smartphone reduz automaticamente o apelo de um fabricante junto ao consumidor.

Por outro lado, as marcas também não se ajudam.

Fabricantes menores contam com telefones com designs genéricos e desempenho débil. E é difícil convencer o consumidor a comprar um produto com essas características.

Neste aspecto, Xiaomi e OPPO aproveitam as oportunidades, pois conseguem entregar a tão desejada relação custo-benefício nos produtos.

Qualquer marca que não consegue se adaptar às necessidades de cada mercado ou do grande grupo consumidor vai ficar para trás.

E a impressão que fica é que muitas dessas marcas chinesas menores só existem para oferecer alternativas de baixo custo, mas ignorando o que o usuário quer.

Ou melhor: focando apenas no que o usuário chinês quer.

Pode até ser que as marcas chinesas menores acabem conquistando alguns brasileiros que não se importam com design e potência bruta.

Por outro lado, me questiono se vale a pena toda uma corrida para importar um telefone que só pensa em ser barato sem entregar uma qualidade mínima para se adaptar ao padrão de uso do brasileiro médio.

De qualquer forma, fica o registro: o mercado chinês de smartphones é muito mais vasto e amplo do que a sua percepção objetiva sobre os produtos que chegam por aqui.

E isso é algo até normal e plausível. Em um país tão grande, com tanta gente e com uma indústria tão forte, é natural que o fomento em tecnologia apareça em larga escala.


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