TargetHD.net | Notícias, Dicas e Reviews de Tecnologia Microsoft Word, e a sua crise dos 40 anos | TargetHD.net Press "Enter" to skip to content
Você está em | Home | Software | Microsoft Word, e a sua crise dos 40 anos

Microsoft Word, e a sua crise dos 40 anos

Compartilhe

E é claro que um software de computador pode passar por uma crise de identidade. E… não… eu não estou falando do Windows dessa vez.

O Microsoft Word completa 40 anos em 2023, e está passando por sua crise de meia idade, algo que é absolutamente natural. O tão odiado Clippy, o mal concebido e precoce assistente virtual, voltou porque aproveitou o hype do momento. E, ao mesmo tempo, o software se prepara para receber os recursos de Inteligência Artificial para não ficar obsoleto.

Neste artigo, vamos fazer uma pequena revisão sobre a sua história, revisando alguns pontos essenciais de sua jornada, olhando para o que ele pode vir a ser no futuro.

 

O começo

Um dos softwares mais populares do mundo nasceu em 1983, quando a Microsoft anunciou os seus planos para desenvolver um processador de texto para o IBM PC. Essa ferramenta tinha que ser fácil de usar e compatível com diferentes plataformas, algo que não existia na época.

O primeiro processador de textos desenvolvido pela Microsoft foi o Multi-Tool Word (MTS), que chegou ao mundo em 1984. O Word que todo mundo conhece hoje foi lançado em 1985 em sua versão 1.0, e só estava disponível para o Macintosh. Porém, já entregava opções de edição mais avançadas.

De lá para cá, a trajetória do Microsoft Word foi ascendente e constante. Tudo bem, com alguns tropeços típicos de qualquer caminhada de longa duração. Mas sempre no caminho do sucesso, mesmo com alternativas gratuitas disponíveis no mercado.

 

Windows 3.0 foi fundamental para o sucesso do Word

Pode não parecer, mas o Windows 3.0 de 1990 foi um sistema operacional revolucionário para o seu tempo, pois entregava uma interface gráfica intuitiva para os computadores. E foi aqui que o Word viu uma enorme oportunidade para aumentar a sua popularidade.

Antes do Windows 3.0, os PCs funcionavam com sistemas operacionais baseados em comandos de texto, limitando as possibilidades desses programas. Com o novo sistema operacional da Microsoft, as interfaces gráficas começaram a dominar os computadores pessoais de uma vez por todas.

O Microsoft Word foi um dos primeiros softwares a aproveitar de forma plena todo o potencial dos sistemas operacionais com interface gráfica, pois foi desenvolvido especificamente para o Windows 3.0. Dessa forma, os usuários poderiam trabalhar com documentos de uma forma muito simples e nunca antes vista no mundo da informática.

Sem falar que o Word se integrava de forma perfeita com o Excel e o PowerPoint, construindo assim as bases do Office que conhecemos hoje. Assim, os usuários poderiam trabalhar com diferentes tipos de documentos ao mesmo tempo, trocando as informações entre eles de forma simplificada.

Resultado: muitos computadores com Windows 3.0 foram comercializados, e um grande número de usuários acessaram o Word de forma quase imediata, tornando esse processador de texto um dos mais populares do mundo antes do término de sua primeira década de vida.

Tudo lindo, certo?

É claro que não!

 

Clippy, o assistente virtual mais odiado do mundo

Falar do Word e não falar do Clippy é o mesmo que falar da Apple sem falar de Steve Jobs, com a diferença que Jobs foi um gênio e o Clippy foi um idiota.

O Clippy foi um assistente virtual que a Microsoft incluiu no Office a partir de 1997, e é considerado o mais odiado na história da informática dentro de sua categoria.

Oficialmente chamado de Office Assistant, o Clippy apresentava dicas sobre como utilizar melhor o Microsoft Office. Porém, a grande maioria dos usuários desse pacote de escritório já sabiam como realizar pelo menos as tarefas básicas nesses softwares, o que tornava esse assistente desnecessário.

Tanto, que a imensa maioria dos primeiros sites web da internet contavam com um tutorial com instruções sobre como desativar o Clippy.

Mas a pior parte do Clippy é que ele era extremamente intrusivo, aparecendo do nada na hora que você escrevia uma palavra da forma errada ou queria apenas inserir uma imagem. Na prática, ninguém pediu a ajuda ou as sugestões que ele apresentava, e suas distrações eram simplesmente irritantes.

Uma perda de tempo institucionalizada em forma de um clipe de papel animado com olhos saltados e um sorriso imbecil. Nem mesmo uma criança se encantava com esse recurso.

Com um número cada vez maior de reclamações sobre o Clippy, a Microsoft finalmente se tocou e eliminou o personagem nas versões posteriores do Word (e do Office). Hoje, muitos se lembram do assistente como um sinal de nostalgia tecnológica dos anos 90, mas ninguém quer voltar a usar um dos piores recursos da história da informática moderna.

 

O grande salto para a nuvem

A Microsoft normalmente lança uma nova versão do Word a cada três anos, entregando novas funções ou recursos para o usuário. Mas foi em 2011 que o editor de texto mais popular do planeta se tornou um serviço, através do Office 365 (agora, Microsoft 365).

O Word foi um dos primeiros softwares de computador a adotar o modelo de nuvem ou “software como serviço”, se tornando um pioneiro de um cenário que se tornou muito comum hoje.

Todo o Office (Word, Excel, PowerPoint, OneNote, etc) poderia ser executado através de um navegador web, onde os arquivos poderiam ser acessados na nuvem da Microsoft, o OneDrive.

Inicialmente, o Office 365 era voltado para as empresas. Mas deu tão certo, que o consumidor final abraçou a proposta. Hoje, existem pacotes específicos da suíte de escritório da Microsoft para atender às necessidades específicas de diferentes tipos de usuários, e praticamente ninguém compra hoje o Office para chamar de seu.

Eu mesmo tenho licenças para usar o Microsoft 365 até 2030. Pelo menos.

 

Como será o futuro do Word?

A Microsoft segue com a evolução do Word, mas sofre de sua crise de identidade típica de quem chegou aos 40 anos de vida.

Se por um lado não quer perder a sua essência de editor de textos, por outro lado sabe muito bem que precisa oferecer uma maior integração com as tecnologias de Inteligência Artificial e aprendizagem automática para sugerir correções e melhorias em tempo real, entregando uma produtividade ainda maior para os usuários.

Sabemos que a Microsoft está trabalhando para inserir os recursos do ChatGPT e GPT-4 nos programas do pacote Office, justamente para otimizar a produção de textos, planilhas, e-mails e apresentações.

Também é provável que o Word se integre ainda mais com outras ferramentas do Office, como o Teams e o OneDrive, melhorando a experiência de uso colaborativa ou em grupos de trabalho.

O Word também pode ser mais compatível com dispositivos móveis e com os recursos de armazenamento na nuvem, permitindo a criação ou acesso aos documentos em qualquer lugar e a qualquer momento, atendendo ao que o mundo moderno pede nesse momento.

De qualquer forma, o Word construiu a sua popularidade ao longo dos anos, evoluindo a ponto de se tornar uma ferramenta essencial para a criação e edição de documentos de texto.  E eu bem sei que existem outras alternativas gratuitas que podem atender os usuários que não querem pagar por uma assinatura do Microsoft 365, onde o Google Docs é o que mais se destaca na concorrência.

Porém, nem mesmo a gigante de Mountain View consegue alcançar o nível de excelência e eficiência do Word, que é utilizado até hoje por mais de 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo. E se a Microsoft é uma das maiores desenvolvedoras de software do mundo, muito tem a agradecer por ter o editor de textos mais importante do mercado.


Compartilhe