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Microsoft e OpenAI: os primeiros sinais de um divórcio

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A parceria estratégica entre Microsoft e OpenAI, iniciada com um investimento de US$ 10 bilhões em 2023, selou um casamento entre as duas empresas que todos nós, de alguma forma, estão se beneficiando disso.

Parte do avanço da Inteligência Artificial tal e como temos hoje passa por esse casamento. O dinheiro da Microsoft fez com que a OpenAI tivesse condições de avançar com o ChatGPT que, por sua vez, foi incorporado nos produtos da gigante de Redmond.

Mas… todo e qualquer casamento pode acabar um dia. E esse aqui já dá sinais de divórcio iminente.

 

O SearchGPT é o “amigo fura olho”

O casamento entre OpenAI e Microsoft teve um primeiro grande teste de fidelidade em novembro de 2023, com toda aquela controvérsia envolvendo Sam Altman, cofundador da empresa.

Apoiando Altman, Satya Nadella, CEO da Microsoft, demonstrou um forte compromisso com a parceria, o que inicialmente parecia fortalecer os laços entre as duas empresas.

A Microsoft passou a ocupar um lugar no conselho da OpenAI, e Nadella acalmou a fervura dos demais conselheiros. E Altman permaneceu no comando.

O que Nadella não esperava é que não dava para confiar como Altman como parceiro, marido, ou seja lá do que você queira chamar essa união.

E nem é exatamente o caso de afirmar que “não dava para dizer que você não sabia” quando  Scarlett Johansson acusa Altman de usar a sua voz para humanizar o ChatGPT.

Falo de uma traição maior e pior.

Recentemente, a OpenAI lançou seu próprio mecanismo de busca, o SearchGPT, posicionado como um concorrente direto ao Google… e ao Bing da Microsoft.

O movimento foi considerado inesperado, apesar de alguns rumores apontarem para esse lançamento. E o resultado disso são algumas tensões na parceria.

Afinal de contas, a OpenAI acaba de se tornar concorrente da Microsoft em um segmento muito precioso para a gigante de Redmond: os mecanismos de busca online.

E a mesma Microsoft acreditava tanto na OpenAI, que integrou o GPT-4 ao Bing, largando na frente do Google que agora tem o Gemini alimentando o seu buscador.

Agora, com um buscador próprio, os melhores recursos do ChatGPT vão para o SearchGPT, deixando a Microsoft (e o Bing) a ver navios.

 

Uma relação complicada

A inclusão da OpenAI na lista de concorrentes da Microsoft, conforme relatado pela CNBC, indica um enfraquecimento dos laços entre as duas empresas.

A Microsoft agora vê a OpenAI como uma competidora tanto no desenvolvimento de IA quanto nas buscas online, junto com outras gigantes como Amazon, Google e Meta.

Segundo o relatório da Microsoft:

“Nossas ofertas de IA competem com produtos de IA de hiperescaladores como Amazon e Google, bem como produtos de outros concorrentes emergentes, como Anthropic, OpenAI, Meta e outras ofertas de código aberto, muitas das quais também são parceiros atuais ou potenciais.

Nosso negócio de pesquisa e publicidade de notícias compete com o Google, OpenAI e uma ampla variedade de sites, plataformas sociais como Meta e portais que fornecem conteúdo online e ofertas aos usuários finais.”

E ter a OpenAI como concorrente é tudo o que a Microsoft MENOS queria, já que toda a expertise no desenvolvimento de IA ainda está do lado de Sam Altman.

A Microsoft está aprendendo a trabalhar com a Inteligência Artificial, e até pode no futuro dar um chute na OpenAI (cheguei a especular isso em um passado não muito distante).

Mas ainda não é a hora. Nadella não preparou a Microsoft para o divórcio, e quem pode dar o chute agora é Altman, já que passa a ter um buscador inteligente para chamar de seu.

Por outro lado, a OpenAI afirma que a relação com a Microsoft permanece intacta, mesmo com todas as tensões recentes.

A empresa de Altman ressalta que a competição era um aspecto previsto desde o início da parceria, mas sem aceitar que o cenário atual vai aumentar a rivalidade eterna.

Talvez esteja faltando à OpenAI uma maior percepção dos movimentos do alheio, já que (aparentemente) a Microsoft está mesmo se preparando para um divórcio.

 

Sinais de que a Microsoft quer seguir sozinha

A contratação de Mustafa Suleyman, cofundador da DeepMind, pela Microsoft para liderar sua divisão de IA é um movimento estratégico para fortalecer suas capacidades internas de IA.

Só por essa contratação temos um indício de um certo esforço por parte Microsoft em reduzir sua dependência da tecnologia da OpenAI.

Além disso, já é de conhecimento público que a Microsoft está investindo no desenvolvimento de seus próprios modelos de linguagem de grande escala, como é o caso do MAI-1, para competir diretamente com o GPT-4 da OpenAI.

A empresa também está focando em modelos menores para dispositivos móveis, como o Phi-3.

E levando em consideração toda a robustez financeira da Microsoft, seguir sozinha no desenvolvimento da própria tecnologia de Inteligência Artificial é (em teoria) “a coisa mais fácil do mundo” para a turma do Nadella.

Agora, some isso ao fato de a OpenAI colocar um app nativo do ChatGPT nos dispositivos da Apple, e você tem o cenário perfeito para concluir que está sim acontecendo um afastamento da empresa de Sam Altman da Microsoft. E vice-versa.

Sem falar que a base da IA presente no iOS é o ChatGPT, que foi um dos protagonistas da última edição do evento para desenvolvedores da Apple.

Também pode significar que a OpenAI está buscando diversificar suas parcerias, o que não seria algo tão grave assim.

Ou pode ser que nem Sam Altman quer depender tanto dos US$ 10 bilhões da Microsoft, e quanto mais rápido esse dinheiro for devolvido para o Nadella, melhor para ele.

De qualquer forma, é evidente que o que era um casamento forjado na parceria estratégica de desenvolvimento e necessidades específicas mútuas, está se tornando em uma competição direta.

E quando os cônjuges decidem competir entre si, deixando os filhos de lado ou com a avó, normalmente o divórcio vem.

Esse esforço pela independência pode ser a prévia de uma separação que, se acontecer, não vai surpreender a ninguém que leu este artigo até o final.


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