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Medo de taxas de Trump resulta em corrida às lojas Apple nos EUA

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A recente proposta de Donald Trump para implementar novas tarifas sobre importações chinesas provocou ondas de choque no mercado tecnológico global, especialmente para a Apple.

A gigante de Cupertino enfrenta agora um dilema sem precedentes que já afeta seu valor de mercado, comportamento dos consumidores e estratégias de produção.

Não apenas a Apple vive o caos. O consumidor norte-americano, que quer fugir dos impostos de Trump, decidiram o impensável para essa época do ano: correr para as lojas para garantir o seu iPhone e outros produtos da empresa antes do (mais do que provável) reajustes de preços.

 

Consumidores lotam lojas da Apple nos EUA

O anúncio das tarifas desencadeou uma corrida incomum às lojas físicas da Apple por todo território americano. De acordo com a Bloomberg, o fluxo de clientes em diversas unidades atingiu níveis comparáveis ao período natalino, tradicionalmente o mais movimentado do ano. Funcionários reportam que praticamente todos os visitantes questionam sobre possíveis aumentos de preços.

A movimentação extraordinária resultou em números de vendas surpreendentemente elevados para esta época do ano. Consumidores como Allison Post tomaram decisões imediatas após ouvir sobre as tarifas. “Precisava trocar meu aparelho e não quis arriscar pagar muito mais em alguns meses”, explicou ao Wall Street Journal.

Famílias inteiras aceleraram seus planos de atualização tecnológica. Todd Swanson, por exemplo, optou por renovar múltiplos dispositivos para todos os membros de sua família, temendo não apenas o aumento de preços, mas também o possível fim de promoções e descontos atualmente disponíveis.

 

Mercado financeiro reage negativamente

O impacto nas ações da Apple foi devastador. A empresa perdeu aproximadamente US$ 200 bilhões em valor de mercado em apenas dois dias de negociação após o anúncio das tarifas. A queda vertiginosa evidencia a preocupação dos investidores com a dependência da empresa na cadeia produtiva chinesa.

Dan Ives, analista respeitado da Wedbush Securities, reduziu suas projeções para as ações da Apple, mencionando um iminente “armagedom econômico tarifário”. O temor generalizado provocou instabilidade em bolsas internacionais, com o índice Nikkei 225 e o Hang Seng registrando suas maiores quedas em anos.

O índice VIX, conhecido como “medidor do medo” do mercado, disparou para níveis não vistos desde a crise financeira de 2020, sinalizando extrema volatilidade nas expectativas dos investidores globais.

 

Os possíveis efeitos nos preços

A proposta de Trump inclui uma sobretaxa de 54% em produtos fabricados na China, epicentro da produção da Apple. E se o país asiático não desistir da retaliação, Donald promete “dobrar a aposta”, aplicando impostos totais de mais de 100%.

Algo simplesmente inconcebível.

Estimativas preliminares sugerem que o custo de fabricação de um iPhone poderia saltar de US$ 580 para US$ 850, representando um aumento superior a 45%.

Durante anos, a Apple manteve estrategicamente o preço de seus modelos principais abaixo da barreira psicológica de US$ 1.000 no mercado americano. No entanto, as novas circunstâncias podem forçar a empresa a romper esse limite, potencialmente elevando o valor dos modelos premium para níveis próximos a US$ 2.300, conforme alertam diversos analistas do setor.

 

Estratégias de diversificação produtiva

A Apple vem trabalhando há anos para reduzir sua dependência da manufatura chinesa. A empresa já transferiu parte significativa de sua produção para países como Índia e Vietnã, que enfrentarão tarifas menores: 26% e 46%, respectivamente.

Segundo reportagem do Wall Street Journal, a companhia estuda ampliar o volume de iPhones fabricados na Índia, destinando-os especificamente ao mercado americano. Tal estratégia poderia mitigar parcialmente o impacto das tarifas chinesas.

De forma imediata, relatos da imprensa indiana afirmam que a Apple liberou cinco grandes cargas aéreas lotadas de seus produtos da Índia e da China para os Estados Unidos antes dos impostos de importação entrarem em vigor.

E tudo isso é feito apenas para evitar os efeitos das taxas de Trump, em um movimento convergente a todo o caos que se estabeleceu nos Estados Unidos nos últimos dias.

 

As opções da Apple diante da crise

A gigante tecnológica possui algumas alternativas para administrar o impacto das tarifas:

  • Absorver os custos adicionais, preservando os preços atuais, mas reduzindo suas margens de lucro
  • Transferir integralmente o aumento aos consumidores finais
  • Implementar uma estratégia mista, repassando parte do custo e absorvendo outra parcela
  • Renegociar contratos com fornecedores, buscando melhor distribuição do ônus financeiro
  • Acelerar a transferência de linhas produtivas para países menos afetados pelas tarifas

 

Perspectivas futuras

Embora um aumento de preços antes do lançamento do iPhone 17 pareça inevitável, especialistas consideram improvável um reajuste drástico imediato. A Apple deverá buscar um equilíbrio que preserve tanto sua competitividade quanto suas margens de lucro.

O cenário cria um ambiente de incerteza econômica sem precedentes para a Apple, que precisará navegar habilmente entre as expectativas dos consumidores, as demandas dos acionistas e as novas realidades geopolíticas que afetam diretamente seu modelo de negócios.

A situação permanece em desenvolvimento, com consumidores e investidores atentos a qualquer sinalização oficial da empresa sobre suas estratégias para enfrentar o que pode se tornar um dos maiores desafios em seus quase 50 anos de história.


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