Hoje, 5 de maio de 2025, vamos testemunhar a história da tecnologia sendo escrita diante dos nossos olhos com o encerramento definitivo do Skype, um aplicativo que mudou a forma em como nos comunicamos na internet há 21 anos.
O Skype foi um pioneiro no seu segmento, permitindo videochamadas gratuitas entre familiares, amigos e colegas de trabalho separados por continentes inteiros, democratizando o acesso às chamadas internacionais em uma época em que telefonar para outras cidades, estados e países era algo muito caro e limitado.
Seu impacto cultural foi profundo a ponto da frase “Vamos fazer um Skype?” ser sinônimo de videochamadas. Ele era intuitivo e entregava uma ótima qualidade na época, conquistando milhões de usuários ao redor do planeta.
Por que o Skype fracassou?
Ascensão e queda de um gigante
O Skype parecia destinado a dominar o mercado de comunicações digitais, oferecendo chamadas pela internet com qualidade aceitável e combinando recursos inovadores com uma identidade visual facilmente identificável.
Porém, como o cenário de tecnologia é muito volátil, a concorrência apareceu com o passar do tempo. Google Meet, Zoom e Discord eram mais modernos e se adaptaram melhor às necessidades contemporâneas dos usuários.
Quando a Microsoft comprou o Skype em 2011 por US$ 8,5 bilhões, todo mundo acreditou que a longevidade do Skype estava garantida, ainda mais considerando que ele era o substituto do muito popular Microsoft Messenger.
E com a integração do aplicativo no Windows 10 de forma nativa e o respaldo de uma gigante tecnológica, tudo indicava um futuro promissor para o Skype.
De forma paradoxal, foi a própria Microsoft que deu o veneno ao Skype, quando criou o Teams.
Teams deixou o Skype obsoleto
O Microsoft Teams é uma evolução do Skype for Business, e rapidamente se estabeleceu como uma plataforma independente e robusta, crescendo nos ambientes corporativos e no uso pessoal.
Ou seja, o Skype foi eclipsado dentro do próprio ecossistema Microsoft, com uma canibalização interna que muitos consideraram como desnecessária.
Some isso à explosão de popularidade de outras plataformas durante a pandemia, e temos um Skype cada vez mais marginalizado no mercado,
A pandemia de COVID-19 acelerou a adoção de ferramentas de videochamada pela necessidade de distanciamento social, mas foi o Zoom, não o Skype, que capturou a maior fatia desse crescimento.
Ao mesmo tempo, o Discord se consolidou como a plataforma preferida entre gamers e usuários mais jovens.
E o Skype ficou em um limbo conceitual, pois não era suficientemente especializado para os nichos específicos, nem era suficientemente inovador para o grande público.
Diante disso, só restava uma saída para o Skype: desaparecer.
Fim e legado
Hoje marca oficialmente o encerramento do ciclo de vida do Skype, após um processo gradual de migração para o Microsoft Teams. O aplicativo ainda está instalado em diferentes dispositivos “por pura precaução”, mas não vai mais receber o suporte técnico para eventuais falhas e vulnerabilidades futuras.
A partir de hoje, o Skype via uma relíquia digital, marcando o fim de uma era tecnológica que moldou nossas conexões pessoais e profissionais por mais de duas décadas.
O mundo perde hoje um aplicativo que realiza chamadas internacionais de baixo custo por sistema de créditos, e seus usuários mais fiéis foram reclamar nas redes sociais a perda de uma das opções mais acessíveis nesse segmento.
E essas pessoas aparentemente se esquecem que o WhatsApp faz exatamente a mesma coisa, sem cobrar absolutamente nada por isso. Aliás, o Messenger da Apple e o Facebook Messenger também oferecem a mesma funcionalidade, e sem custos adicionais.
Oportunidades e lições aprendidas
O vácuo deixado pelo Skype no segmento de chamadas internacionais de baixo custo já começa a ser percebido como uma potencial oportunidade de negócio.
Especialistas apontam que uma plataforma simples focada exclusivamente em oferecer chamadas internacionais acessíveis poderia preencher esse nicho abandonado, possivelmente gerando receitas em curto prazo.
Criar um site básico que funcione em computadores e dispositivos móveis, que permita carregar créditos e fazer chamadas de voz para qualquer lugar provavelmente renderá US$ 1 milhão em receita recorrente anual em pouco tempo.
A previsão sugere que, apesar da abundância de serviços de comunicação disponíveis atualmente, ainda existem nichos específicos com demanda não atendida pelos aplicativos atuais.
A grande pregunta é: realmente precisamos de um aplicativo por créditos quando temos opções gratuitas que nos atendem bem neste momento?
De qualquer forma, o legado do Skype na história da comunicação digital é inquestionável, e o aplicativo deixa uma marca indelével na evolução da internet, tal e como conhecemos hoje.
Por outro lado, aprendemos com essa história que nem todo o dinheiro do mundo, a liderança do mercado de tecnologia ou a popularidade massiva garantem a sobrevivência de um serviço ou aplicativo.
A incapacidade do Skype de se adaptar rapidamente às mudanças nas preferências dos usuários e às novas tendências do mercado acabou selando seu destino.
Hoje, ao nos despedirmos do Skype, reconhecemos tanto sua contribuição quanto as lições que seu declínio nos oferece. E, de alguma forma, vamos sentir falta dos tempos em que essa plataforma era a principal via de nossa comunicação online com o mundo.