A compra da Activision Blizzard por parte da Microsoft já é oficial, mas a Federal Trade Commission (FTC) dos Estados Unidos continua tentando bloqueá-la de alguma forma.
A FTC tem argumentado que a compra nunca deveria ter sido fechada da forma como foi. E agora, em um novo documento, criticou o aumento de preços do Game Pass e o novo plano padrão.
Pode ser um pouco tarde para dar uma “marcha ré” na compra da Activision Blizzard, mas é possível sim discutira a relação neste aumento de preços e a nova estratégia da Microsoft com o seu plano de assinaturas.
Um histórico que não joga a favor da Microsoft
Em fevereiro de 2024, a Microsoft despediu 1.900 funcionários da Activision Blizzard, o que contrariou a declaração da própria gigante de Redmond de que as duas empresas continuariam operando de forma independente.
Na época, a Microsoft se defendeu argumentando que essas demissões estavam programadas para acontecer antes mesmo da fusão. Porém, nem todos os funcionários demitidos foram realocados em outros postos de trabalho.
No final das contas, era a Microsoft tentando reduzir os custos de produção ou melhorando a equação da relação custo-benefício PARA ELA, mas sem converter tais esforços para valores mais competitivos para os usuários.
Agora, a mesma Microsoft decide não só aumentar os valores cobrados nas mensalidades do Game Pass em todo o planeta, como também lançou planos mais baratos e menos completos, penalizando principalmente o gamer de consoles na equação.
Tentando entender os aumentos de preços da Microsoft
Todas as modalidades do Game Pass tiveram os seus preços reajustados em todo o planeta, da mesma forma que o Game Pass Standard foi oficialmente apresentado, deixando de fora os jogos de lançamento, algo que era o principal motivo para assinar o serviço de jogos da Microsoft.
Além disso, a Microsoft penalizou quem tem um Xbox em casa, eliminando o plano exclusivo para os consoles, além de deixar o usuário com duas alterativas:
- Ou paga menos, mas não joga os novos títulos no Dia 1;
- Ou paga (muito) a mais, mas recebe os lançamentos no Dia 1.
Detalhe: a Microsoft faz isso ANTES do lançamento de um dos jogos mais esperados pelos assinantes da plataforma: o novo Call of Duty Black Ops 6.
Tudo bem… eu sei que você sabe que existem algumas maneiras para conseguir o Game Pass com preços MUITO MAIS COMPETITIVOS que os valores cobrados pela Microsoft, mas vamos fingir que isso não existe (até porque essa solução não é acessível para todos).
A crítica da FTC
A FTC se uniu ao coro dos gamers mais descontentes, e criticou duramente a Microsoft pelo aumento de preços do Game Pass.
O principal argumento da entidade é que a Microsoft está introduzindo ao mercado um produto degradado, neste caso, o Game Pass Standard.
E aqui, a matemática para entender o que a FTC está defendendo é bem simples de fazer e compreender: o novo Game Pass Padrão custa 36% mais caro que o finado Game Pass Console, mas não inclui jogos de lançamentos.
A prática se tornou comum, principalmente nas plataformas de streaming, que lançaram recentemente planos básicos com publicidade, mas que entregam uma resolução mais baixa, limites no uso de equipamentos ao mesmo tempo e um catálogo um pouco menor.
A FTC conclui que os aumentos de preço e a degradação do produto são sinais de um abuso de poder de mercado após a fusão da Microsoft com a Activision Blizzard.
Não sabemos se essa questão vai criar um precedente jurídico onde outros órgãos reguladores comecem a partir para cima da Microsoft em função de todo o combo de problemas apresentados.
Fato é que ter os usuários e a FTC pegando no seu pé ao mesmo tempo é tudo o que a já bastante perdida Microsoft menos precisava neste momento.
O impacto na indústria de videogames
Muitos estão encarando o aumento de preços do Game Pass e a inclusão do plano Standard capado desse jeito como um claro sinal de decadência dos serviços de assinatura.
O mesmo movimento foi visto nas plataformas de streaming, e a percepção é a mesma: a conta não fecha, e todos os envolvidos estão muito preocupados em tentar manter o segmento de pé.
O grande problema da Microsoft neste momento é que o Xbox ainda é a principal via de assinatura do Game Pass, já que entrega aquela que (em teoria) é a melhor experiência de uso do plano de assinatura da empresa.
A ideia aqui é (aparentemente) impulsionar as vendas do Game Pass no PC, pois o investimento da Microsoft é muito menor (já que a base de usuário está estabelecida), com uma relação custo-benefício muito melhor para a gigante de Redmond.
No final das contas, o consumidor sai perdendo de qualquer forma, na visão da FTC. E vamos esperar por mais uma briga chegando entre essa entidade e a dona do Xbox.