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Fato: todos se cansaram do Jogo Como Serviço

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Fato: todo mundo se cansou do GaaS (Gaming as a Service). A diversão coletiva perdeu o gás quando a tal crise sanitária global acabou e, na verdade, tem muitos jogadores que estão sentindo falta de um bom jogo single player para chamar de seu.

O fracasso de “Concord”, jogo que a Sony levou nada menos que oito anos e quase US$ 200 milhões para desenvolver e, depois, retirar o game do mercado com apenas duas semanas de vida, deixa evidente a crise no segmento.

E quando somamos com o fiasco de “Suicide Squad: Kill the Justice League” na Warner, nos perguntamos se os engravatados são burros mesmo, ou só arrogantes/prepotentes o bastante para ignorar os desejos dos gamers.

 

Concord: um fracasso histórico

A Sony está passando uma vergonha danada por ter levado tanto tempo para lançar um jogo que não chamou a atenção de absolutamente ninguém.

Tá, quase ninguém: 697 iludidos foi o máximo que o jogo atraiu.

Pensar em um hero shooter em 2016 e levar tanto tempo para lança-lo é a prova cabal de que a Sony não compreende a importância do timing da humanidade.

O mundo em 2016 era completamente diferente, sem todos os impactos culturais, sociais e até mesmo conceituais que a humanidade sentiu ao longo de oito anos.

Perceber que jogos como “Overwatch” e “Valorant” estão na crista da onda é uma coisa. Levar tanto tempo assim para entregar um jogo que, na prática, é a cópia desses dois, é algo bem diferente.

Mesmo depois de tanto tempo de desenvolvimento, “Concord” é um jogo genérico, que não apresenta absolutamente nada de novo ou revolucionário.

E se é para jogar um game que eu já sei o que vou encontrar, vou para os títulos que já existem, e não pagar para ter o “mais do mesmo”.

 

Todo mundo se cansou do que já temos

A Sony também não teve a percepção em detectar que o tempo dos hero shooters passou. E não foi por falta de aviso, pois os sinais eram bem claros.

Jogos como “Paladins” e o próprio “Overwatch” já estavam em declínio no número de jogadores, mesmo com uma base fiel de usuários mantendo tudo funcionando nas duas propostas.

Não perceber isso foi um erro grosseiro da Sony. E ao não perceber, não teve a possibilidade de mudar a rota do game em desenvolvimento.

E nem dá para dizer que a Sony não teve tempo de mudar a proposta de “Concord” para que seu jogo saísse do lugar comum.

Foi tempo de sobra. E, também por isso, chegou tarde demais.

Fico me perguntando o que a Sony vai fazer a partir de agora.

Em 2023, a mesma Sony anunciou que tinha 12 jogos como serviço em desenvolvimento, se distanciando drasticamente de sua estratégia histórica de lançar ótimos jogos single-player.

É quase inacreditável que a empresa que possui franquias poderosas como “God of War” e “The Last of Us” não considerou, em nenhum momento, em apostar no plano do “só vamos continuar o que estamos fazendo muito bem”.

O tempo provou como os executivos da dona do PlayStation não faziam a menor ideia do caminho que queriam seguir, já que a maioria dos GaaS foi adiada ou cancelada.

Até porque a maioria dos gamers do PlayStation se comportaram da maneira mais óbvia do mundo: não aderiram aos jogos de hero shooter ou mundo aberto da forma como a Sony esperava.

Agora, a Sony tem nas mãos aquele que pode ser o maior fracasso de sua história, com um prejuízo enorme para administrar.

O que pode consolar a Sony neste momento é saber que ela não está sozinha nas decisões erradas.

 

Outros fracassos que confirmam o cansaço de todos

De novo: a Sony não pode dizer que não foi avisada.

Antes de “Concord” chegar ao mundo, o mercado recebia sinais claros do público de que o modelo de jogos como serviço estava desgastado.

“Anthem”, “Marvel’s Avengers”, “Knockout City” e “Babylon’s Fall” são apenas alguns dos projetos que tiveram vida curta e sofreram com baixa adoção de jogadores.

Aqui, estava mais do que evidente que não era qualquer jogo que conseguia se sustentar nesse modelo de negócios, principalmente quando seu desenvolvimento e tempo de lançamento passam longe de serem os mais adequados.

É claro que toda empresa de videogames quer ter um GaaS para chamar de seu. Afinal de contas, esse é o formato que promete receitas contínuas. E todo executivo gosta de ver os números no caixa aumentando mês a mês.

Por outro lado, desenvolver jogos nesse estilo, com mundo aberto e programação complexa sempre envolve altos custos de desenvolvimento e manutenção.

E nem mesmo empresas com robustez financeira como Sony e Warner conseguem dar conta de competirem com títulos do porte de “Fortnite” e “World of Warcraft”.

O modelo de monetização agressiva e a todo custo não desce mais em modo “goela abaixo” para os jogadores. Aliás, os modelos atuais que visam o lucro de forma desenfreada são fortemente rejeitados pelos jogadores.

E não foi só “Concord” que errou feio ao cobrar por algo que muitos encontram de graça em “Fortnite”.

A Warner passa a mesma vergonha ao receber críticas por causa de “Suicide Squad: Kill the Justice League” antes mesmo do seu lançamento.

Os jogadores que se depararam com o título estão reclamando do fato de sua jogabilidade estar focada nos live service, o que (mais uma vez) afasta os gamers que querem uma experiência single-player.

Foram sete anos de desenvolvimento para “Suicide Squad: Kill the Justice League” e um prejuízo para a Warner na casa dos US$ 200 milhões.

De novo, mais uma vez: não é possível que os executivos da Warner não olharam para os sinais claros que outros jogos estavam deixando.

Nem Sony, nem Warner entenderam de verdade que o battle royale live service é um gênero que está esgotado entre os gamers, e que este modelo de negócio não é mais sustentável.

Mas é óbvio que a dupla vai seguir ordenhando a vaca enquanto ela estiver jorrando dinheiro. Mesmo que o diagnóstico seja de anemia profunda para a pobre vaca.

O GaaS é uma bolha que está prestes a estourar, com a base de jogadores caindo e títulos que gastam demais para não capitalizar.

Ou a indústria de videogames encontra uma solução para este problema (e rápido), ou a crise de presente (que já é algo flagrante) só vai piorar.

E para quem não gastou um centavo sequer na compra de “Concord”, parabéns. Além de mostrar que o seu QI é acima de 90, você (muito provavelmente) vai jogar o game de graça muito em breve.


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