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Estocar gadgets: efeito colateral do tarifaço

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O conflito comercial entre as duas maiores economias do mundo gera insegurança crescente entre gigantes da tecnologia, levando a decisões emergenciais para mitigar riscos. Estados Unidos e China não devem entrar em um acordo tão cedo, e as Big Techs são obrigadas a adotar medidas que, para muitos, eram inimagináveis até pouco tempo atrás.

Com a possibilidade de tarifas de até 145% sobre produtos chineses, empresas como Apple e Nintendo adotam medidas como estoques emergenciais e realocação da produção.

E tudo isso, para que cada uma torne o seu respectivo negócio minimamente viável e por algum tempo, pois se nada mudar, os preços vão simplesmente disparar.

 

Apple e Nintendo “se virando nos 30”

A Apple embarcou 600 toneladas de iPhones da Índia para os EUA, em seis voos comerciais, tentando antecipar os impactos das tarifas e minimizar prejuízos. São aproximadamente 1.5 milhão de unidades que foram despachadas do dia para a noite (praticamente).

Outra medida tomada pela Apple é o aumento da produção do iPhone na Índia, que será de 20%. É um número pequeno diante da demanda global, mas ao menos é mais uma medida necessária para tentar reduzir a dependência da China na cadeia de suprimentos.

a Nintendo atrasou as pré-vendas do Switch 2 nos EUA, enquanto a empresa envia unidades do Vietnã para os Estados Unidos, também evitando as tarifas sobre produtos chineses.

O caso da Nintendo é mais complexo, pois Trump também estabeleceu impostos elevados para os produtos japoneses importados. A suspensão das tarifas deu um fôlego para os nipônicos e até para os norte-americanos, mas não deve durar por muito tempo.

 

Quem se deu bem com tudo isso?

Com certeza não foi o consumidor.

O receio de aumentos de preços impulsionou o tráfego em lojas de aplicativos dos EUA, com volume comparável ao da temporada de Natal, segundo a Bloomberg. Quem tem condições de comprar agora está investindo nos produtos antes que os preços subam.

Por outro lado, os fabricantes de infraestrutura registram crescimento diante do caos.

Empresas como a Ericsson viram as vendas crescerem 64% no primeiro trimestre nos EUA, refletindo o aumento dos investimentos em rede por causa da incerteza tarifária.

Não dá para dizer que parte do plano do Trump não está dando certo para ele.

A fabricante de semicondutores TSMC anunciou que produzirá seus chips mais avançados em solo americano, embora o custo possa ser até 30% maior.

Era o que o presidente dos Estados Unidos queria. Porém, o preço a ser pago será alto pelo cidadão norte-americano, que sai perdendo (de novo) com as políticas tarifárias.

Com o cenário de momento, as soluções temporárias não bastam para resolver o problema. Todas as empresas de tecnologia estão sobrevivendo na base do placebo.

Mesmo com o aumento da produção fora da China e o transporte aéreo emergencial, a indústria terá que elevar preços e redesenhar toda a cadeia de produção.

Com tudo o que está acontecendo, a cadeia global de suprimentos está em xeque.

Após mais de 20 anos de otimizações, o modelo produtivo global está sendo forçado a mudar, abrindo espaço para novos centros industriais e estratégias logísticas.

Muitos estão temendo por um colapso. E um dos primeiros sinais de uma crise profunda é justamente o estoque de produtos.

É só olhar para o histórico das grandes crises financeiras ao redor do mundo.


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