Eu sei que eu fui muito duro ao afirmar que os telefones compactos estavam mortos e enterrados, e que a culpa desse desastre acontecer era do usuário médio. E eu estou certo nessa afirmação: a culpa é nossa, pois deixamos de nos interessar pelas telas pequenas.
Na verdade, foi uma combinação de fatores. Nós, usuários, entendemos que a melhor forma de usar a internet e os novos aplicativos que apareceram nos últimos anos era através de smartphones com telas grandes. E o mercado, por sua vez, nos induziu a isso, aumentando o tamanho da tela dos telefones.
Felizmente, alguns fabricantes estão tentando salvar os smartphones pequenos do desaparecimento, já que alguns usuários sonham com o fim da obrigação em carregar uma Havaianas no bolso frontal da calça.
Um trio tenta salvar os smartphones compactos
A iniciativa de resgate dos telefones compactos não poderia vir de outro lugar: a Ásia.
De acordo com fontes chinesas, a OnePlus está preparando um smartphone compacto e carregando um processador de ponta, o Snapdragon 8 Elite. Para a proposta, a tela do dispositivo seria uma OLED com 6.31 polegadas.
Eu sei o que você vai dizer: “para mim, smartphone compacto tem tela de 5.5 polegadas ou inferior… 6.3 polegadas é grande demais”.
Eu concordo com você… em partes.
Com a redução das bordas de tela, dá para encapsular uma tela dessas em um telefone com corpo menor. Na prática, o dispositivo seria mais compacto nas suas dimensões, mas sem abrir mão do tamanho de tela útil maior.
Vários fabricantes já fizeram isso no passado, mas abandonaram a proposta pela baixa demanda dos usuários por dispositivos com telas compactas.
A OnePlus não está sozinha na iniciativa.
A OPPO deve lançar no começo de 2025 o OPPO FInd X8 Mini, em um dispositivo com dimensões reduzidas. E em outubro de 2024, a Vivo lançou o Vivo X200 Pro Mini, que também possui uma tela de 6.31 polegadas.
Isso não é uma coincidência, acredite. Está muito mais para uma tendência de mercado que está se construindo diante dos nossos olhos.
E levando em consideração que a autonomia de bateria dos smartphones melhorou em vários níveis, não existe desculpas plausíveis para os fabricantes em seguir com a resistência em não entregar telefones compactos para os usuários que desejam uma maior praticidade e portabilidade.
Superando as limitações
Em comum, além das dimensões de tela, Vivo, OPPO e OnePlus pertencem à mesma empresa, a BBK. Ela não é muito conhecida no Brasil, mas tem poderio financeiro o suficiente para construir essa nova tendência de telefones compactos, principalmente se concentrarem esforços no mercado asiático.
O grande problema para esse trio (e qualquer outro fabricante que arriscar em diminuir as dimensões dos seus dispositivos) é superar a limitação na autonomia de bateria, que historicamente é mais débil do que aquela oferecida por smartphones maiores.
O iPhone SE que o diga. O pequeno smartphone de entrada da Apple foi chamado por muitos de nós de “telefone fixo mais caro da história”, onde o deboche foi utilizado para ilustrar o problema da autonomia de bateria do dispositivo.
A boa notícia para a BBK é que a tecnologia de baterias mudou bastante nos últimos anos, e até mesmo os dispositivos mais compactos podem oferecer um bom tempo de uso longe da tomada.
Sem falar que a tendência do mercado de telefonia móvel para 2025 é o aumento da capacidade de bateria. Já escrevi sobre isso no blog, e os primeiros modelos com 6.000 mAh já desembarcaram no mercado.
No ano que vem, teremos um festival de telefones com pelo menos 6.000 mAh de bateria, e algumas marcas serão ainda mais ousadas, apostando nos 7.000 mAh.
E vão entregar enormes baterias em dispositivos com baixa espessura, e não em powerbanks com participação especial de smartphones, que é o que estamos acostumados a ver hoje.
E com a otimização dos processadores da Qualcomm e da MediaTek e do próprio sistema operacional Android, não é nenhum absurdo sonhar com um smartphone compacto com uma bateria com, pelo menos, 5.000 mAh.
Aqui, leve em consideração que não estou chamando de “smartphone compacto” os telefones dobráveis do tipo Flip. E mesmo nesses casos, alguns modelos contam com baterias que, quando combinadas, flertam com os 5.000 mAh.
Então… por que não sonhar com smartphones compactos em formato unibody com 5.000 mAh? Não é algo tão surreal assim, certo?
Bom… quero dizer…
Você quer um smartphone compacto?
A grande barreira para os fabricantes que tentam emplacar smartphones compactos neste momento está no grande público consumidor.
Smartphones compactos não vendem, mesmo que sejam excelentes. A ASUS abandonou o formato por conta da baixa distribuição dos modelos da linha Zenfone (9 e 10), que eram excelentes.
A Sony é uma das poucas grandes marcas que insistem em lançar smartphones compactos e, mesmo assim, está muito mais focada no mercado asiático (mais especificamente no Japão) do que nas vendas globais.
Não está claro se o grande público não se interessa pelos compactos justamente por causa do drama da pouca autonomia de bateria. E só existe uma forma de se obter respostas nesse sentido: lançando telefones pequenos com longa autonomia.
Chegamos nesse ponto de maturidade tecnológica. Mas não existe a certeza se as baixas vendas acontecem também porque os usuários não se interessam.
Seria triste ver um monte de usuários iludidos com a possibilidade de volta dos telefones compactos e se depararem com a decepção de baixa adesão do consumidor.
Mas… me pergunto se podemos culpar a BBK por tentar.
Diferente de outras gigantes de tecnologia, ela ao menos quer oferecer alternativas de tamanho.
Ela poderia simplesmente impor a ideia de que nunca mais vamos receber telefones compactos, tal e como o mercado como um todo fez (e pouco podemos falar sobre o assunto).