Vamos voltar a falar daquele polêmico “mouse para sempre” que a Logitech ameaçou lançar e, depois de todo o barulho ao seu redor, deu para trás?
A CEO da Logitech, Hanneke Faber, causou polêmica na época ao sugerir a criação de um “Forever Mouse” – um dispositivo premium de aproximadamente US$ 200 que duraria para sempre, mas exigiria assinatura mensal para atualizações de software.
A ideia foi comparada a um relógio de luxo como Rolex, sugerindo um produto duradouro e valioso, o que, em teoria, não é algo tão ruim assim. Todo mundo gostaria de ter um produto de tecnologia com suporte vitalício e atualizado permanentemente por software.
O problema é o lance do pagamento de assinatura.
Por mais que a ideia da proposta do “Forever Mouse” fosse uma provocação interna para estimular o desenvolvimento de eletrônicos sustentáveis, os fóruns do Reddit rejeitaram o conceito com toda a força do mundo.
Mas… será que não está na hora de algo neste sentido aparecer?
As críticas dos usuários
Os usuários não deixam de ter razão em alguns pontos.
O principal argumento contrário ao mouse eterno é que qualquer hardware só deve ser comprado uma única vez, sem cobranças recorrentes para funcionalidades básicas.
E quando um hardware novo perde suas funcionalidades, ou mandamos consertar, ou compramos um novo. Simples assim.
A principal crítica dos usuários é que a Logitech aparentemente “se esqueceu” que o desgaste de um mouse é físico, e não relacionado ao software.
Muitos interpretaram a proposta como tática para aumentar lucros em detrimento do consumidor. E essa interpretação está correta.
Se você não vai garantir que as peças do mouse serão trocadas, e entende que o seu conceito do “para sempre” é para o software, significa que apenas a parte mais fácil do processo PARA A EMPRESA será atendida.
E quem vai ficar o resto da vida atualizando o software de um mouse que está caindo aos pedaços pelo longo tempo de uso?
Onde a Logitech poderia ser melhor na proposta
A Logitech já conta com tecnologias que já aumentam a durabilidade dos produtos que ela fabrica, como o mouse G502 Lightspeed com bateria recarregável de até 55 horas de uso contínuo.
Se não bastasse a longa autonomia, esse mouse é compatível com o mousepad Powerplay 2, que carrega o dispositivo por indução.
Ou seja, é correto dizer que o Logitech G502 Lightspeed é um mouse cuja autonomia de bateria é “eterna” ou “infinita”, já que a última coisa que o usuário do dispositivo vai se preocupar neste caso é se a bateria será recarregada ou não.
E neste caso, basta a Logitech estabelecer um programa para a troca de bateria (que pode sim sofrer do natural desgaste dos ciclos de recarga) e pronto: um “mouse para sempre”.
Mesmo assim… não seria o suficiente.
Componentes físicos, como partes emborrachadas e sistemas mecânicos de clique tendem a se desgastar após alguns anos. E a grande problemática aqui é contornar essas questões de desgaste no hardware.
A Logitech poderia sim estabelecer um programa de substituição de componentes para os seus produtos mais premium. Quem sabe dessa forma até poderia justificar a assinatura mensal ou anual do “Forever Mouse”.
Mas garantir a longevidade dos produtos via software quando o hardware fica totalmente esquecido no churrasco da vida… não faz muito sentido para os usuários dos mouses da marca.
Existe ao menos um ponto de partida
A Logitech já oferece atualizações gratuitas de firmware para seus dispositivos que podem melhorar o desempenho, corrigir bugs e adicionar funcionalidades.
Logo, muitos usuários ficam e questionando se é realmente necessário um modelo de assinatura para os produtos da empresa, principalmente quando o maior problema de qualquer mouse para uma maior longevidade é o hardware, e não o software.
Aqui, a Logitech não entra em pontos igualmente importantes dessa discussão, como sustentabilidade, inovação e expectativas dos consumidores.
É claro que um modelo de negócio baseado em assinatura poderia incentivar produtos mais duráveis e atualizáveis, permitindo melhorias contínuas.
Mas estamos em uma era em que ninguém aguenta mais pagar de forma contínua por algo que já compraram, principalmente quando não existe um programa de substituição e reparo dos componentes de hardware.
E nenhuma atualização de software vai cobrir essa carência.
A Logitech afirmou não ter planos concretos para lançar um produto com esse modelo de assinatura, esclarecendo que a proposta foi mais uma reflexão sobre possibilidades futuras de eletrônicos sustentáveis.
Mas… onde há fumaça, há fogo.
A simples “provocação interna” pode muito bem ser um balão de ensaio. Um teste em como os consumidores da marca iriam reagir à ideia.
A Logitech pode muito bem ter mandado um “vai que cola” pra cima de todo mundo.
Via The Verge